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Jonnatas Gracie: a surpreendente elegância por trás do bad boy do Jiu-Jitsu

Pupilo de André Galvão enfrenta Natan Chueng em uma das lutas mais aguardadas do ADXC 1, nesta sexta-feira, 20, em Abu Dhabi

Redação Publicado em 19/10/2023, às 10h51

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Jonnatas Gracie demonstrou estilo durante a coletiva de imprensa da última  quarta-feira - Bruno Ramôa
Jonnatas Gracie demonstrou estilo durante a coletiva de imprensa da última quarta-feira - Bruno Ramôa

À primeira vista, Jonnatas Gracie pode ser confundido com um típico bad boy das artes marciais, com sua cabeça raspada e o corpo repleto de tatuagens. Mas, quem teve a oportunidade de conversar com o lutador nos corredores do hotel Millennium Al Rawdah, em Abu Dhabi, onde está hospedado para lutar no ADXC 1, nesta sexta-feira, 20, logo descobriu que sob essa fachada, há uma personalidade educada, bem articulada e gentil.

Nascido em Natal e criado no ABC de São Paulo, Jonnatas Gracie começou sua jornada no jiu-jitsu ainda criança. O sucesso repentino nos campeonatos locais fez com que rapidamente se tornasse uma promessa. Não demorou para que o interior paulista ficasse pequeno para seus sonhos, e aos 20 anos, se mudou para os Estados Unidos. Lá, conheceu o ídolo André Galvão e passou a integrar a equipe Atos, em San Diego, onde treina e reside até hoje. A academia passou a ser o refúgio de Jonnatas, e Galvão muito mais do que um professor.

"Sempre fui um cara muito fechado, o André (Galvão) e a Angélica (Galvão) tiveram muito trabalho comigo. Eles sempre me deram muitos conselhos mas nem sempre eu estava aberto a ouvir. Mas aos poucos fui me soltando, ganhando confiança e melhorando esse meu lado. Sempre me preocupei muito em treinar duro, mas não me preocupava tanto com esse outro lado. É importante para a carreira de um atleta, precisa saber se relacionar bem, e isso mudou muito desde minha chegada na Atos e também com a entrada do Dórea na minha carreira. São pessoas que considero os pilares hoje na minha vida. Sou muito grato a eles”.

O adversário de Jonnata nesta primeira edição do ADXC será o carioca Natan Chueng. Os dois se enfrentaram uma única vez, quando ainda eram faixa azul e sonhavam em ter uma oportunidade como essa. Apesar de ter levado a melhor na época, o atleta da Atos sabe que muita coisa mudou. No entanto, sua confiança na vitória segue a mesma.

“Está 1 a 0 para mim esse confronto (risos). Muita coisa mudou daquela luta para cá, tanto eu quanto o Natan amadurecemos muito como atleta e como pessoa e tenho certeza que daremos um grande espetáculo para os fãs. Ele é um atleta que não para, assim como eu. Por isso, acredito que será uma luta intensa, talvez uma das melhores do evento. Minha estratégia é clara, estou indo para finalizar. Aposto que consigo pegar as costas e finalizar com um estrangulamento no pescoço, quem sabe no segundo round”, palpita Jonnatas.

O faixa preta, que está em Abu Dhabi pela quarta vez para competir, também e mostrou surpreso com a estrutura do ADXC 1, e elogiou bastante a atenção dada aos atletas pelos organizadores.

"É incrível o tratamento que eles estão nos dando. Um cuidado imenso, nos deixando livres de qualquer preocupação ou distração que possa atrapalhar nos dias antes da luta. Abu Dhabi tem um lugar especial no meu coração, pois foi o primeiro país que visitei para competir fora do Brasil. Eu era faixa azul quando lutei o World Pro pela primeira vez. Depois voltei de marrom e me sagrei campeão. Por isso, e estou muito feliz em estar aqui novamente, mais maduro e pronto para esse novo desafio".

Esta entrevista com Jonnatas Gracie revela não apenas a confiança e destreza do lutador no tatame, mas também uma evolução pessoal que transcende os estereótipos. Ele personifica a ideia de que as artes marciais podem moldar não apenas o corpo, mas também a mente e o caráter. Com o ADXC à espreita, os fãs podem esperar uma luta emocionante e, quem sabe, uma atuação surpreendentemente elegante deste bad boy gente boa do jiu-jitsu.

Confira a entrevista na íntegra:

Como o jiu jitsu entrou na sua vida?

Me mudei para o ABC por conta de alguns problemas familiares em Natal, e lá conheci oo projeto social Ryan Gracie. Vi que tinha meu nome, aquilo chamou minha atenção e resolvi começar a treinar. Tinha uns 14 anos.

Apesar de você ter o sobrenome Gracie, você não tem parentesco com a família que difundiu o jiu jitsu no Brasil. De onde surgiu isso?

Sim, muitas pessoas acham isso. Na verdade foi o meu pai quem resolveu colocar. Ele serviu no exército com um dos integrantes da família e sempre foi muito fã deles, então fez essa homenagem a eles. Mas apesar de não ter o sangue Gracie me dou muito bem com todos eles, conheço todos.

Sua família foi sua grande incentivadora?

Na verdade não. Saí de Natal sozinho para morar com uma avó que nem tinha contato. Tivemos alguns problemas lá e por isso não temos uma relação. Mas ganhei outras famílias, fui adotado no ABC por pessoas incríveis que até hoje tenho um carinho imenso. E mais velho ganhei o André e a Angélica, que também são como se fossem minha família.

E quando decidiu que ia seguir a vida de atleta de jiu jitsu para valer?

Foi quando eu estava no Guigo, lá fiz minha formação como atleta e fiquei até a faixa roxa. Esse é outro cara que sou muito grato, foi um pai para mim. Quando ganhei o mundial peso e absoluto na faixa roxa eu passei a acreditar mais em mim e vi que dava pra chegar.

E a oportunidade de ir para o EUA como surgiu?

Foi meu próprio professor Guigo quem me incentivou. Precisava de um treino ainda mais competitivo para elevar meu nível e ele me mandou para lá. Tinha um amigo que já treinava na Atos, o Hulk, e ele conversou com o Galvão para me dar uma chance. Mas antes o Galvão queria me ver lutar. Então entrei em um campeonato sem quimono e fui campeão pegando todo mundo. Ai não teve como não me aceitar (risos).

Foi fácil essa adaptação?

Em termos competitivos posso até dizer que sim. Treinava com os melhores e conseguia me sair bem. Mas, por outro lado, sempre fui um cara muito fechado, e o André (Galvão) e a Angélica (Galvão) tiveram muito trabalho comigo por isso. Eles sempre me deram muitos conselhos mas nem sempre eu estava aberto a ouvir. Mas aos poucos fui me soltando, ganhando confiança e melhorando esse meu lado. É importante para a carreira de um atleta, precisa saber se relacionar bem, e isso mudou muito desde minha chegada na Atos e também com a entrada do Dórea na minha carreira. São pessoas que considero os pilares hoje na minha vida. Sou muito grato a eles

E como é a sua relação com o André?

Ele é um cara incrível, faz muito pelas pessoas. Cheguei na Atos com uma mão na frente e a outra atrás. Ele pagava uma casa lá e hospedava alguns atletas que não tinham condições de se manter. Fiquei lá um tempo com ele pagando comida, transporte, campeonatos. Muita gente não enxerga esse lado dele, é um cara que ajuda muito as pessoas.

E como foi sua preparação nos Estados Unidos até chegar aqui?


Fizemos muitos treinos específicos, levando em consideração as regras do ADXC. Buscamos fazer treinamentos em octógonos também, para simular o cenário da luta. A principal mudança para esse evento foi que durante os treinos eu procurei focar menos em pontuação e mais em ir paras as costas e pegar. É isso que vai contar.

Essa é a sua quarta vez em Abu Dhabi para lutar. Como é a sua relação com o país e a sensação de estar novamente aqui?

Estou muito feliz. Minha primeira experiência internacional foi aqui. Lutei o World Pro, de faixa azul, ainda garoto. Acabei não sendo campeão mas foi um momento marcante. Depois voltei e me sagrei campeão de faixa marrom, mais experiente, ganhando peso e absoluto. Por isso, tenho um carinho muito grande pela cidade. Hoje, me sinto totalmente adaptado.

E como recebeu o convite do ADXC, como está sendo a experiência?

É incrível o tratamento que eles estão nos dando. Um cuidado imenso, nos deixando livres de qualquer preocupação ou distração que possa atrapalhar nos dias antes da luta. Abu Dhabi tem um lugar especial no meu coração, pois foi o primeiro país que visitei para competir fora do Brasil. Eu era faixa azul quando lutei o World Pro pela primeira vez. Depois voltei de marrom e me sagrei campeão. Por isso, e estou muito feliz em estar aqui novamente, mais maduro e pronto para esse novo desafio,

E seu palpite para a luta contra o Natan Chueng?

Está 1 a 0 para mim esse confronto (risos). Muita coisa mudou daquela luta para cá, tanto eu quanto o Natan amadurecemos muito como atleta e como pessoa e tenho certeza que daremos um grande espetáculo para os fãs. Ele é um atleta que não para, assim como eu. Por isso, acredito que será uma luta intensa, talvez uma das melhores do evento. Minha estratégia é clara, estou indo para finalizar. Aposto que consigo pegar as costas e finalizar com um estrangulamento no pescoço, quem sabe no segundo round.