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Surfe / EXCLUSIVA!

Miguel Pupo celebra triunfo em Teahupoo e revela dica fundamental

Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Miguel Pupo abriu o coração, recebeu a 'visita' da filha Luna e apontou a importância do irmão Samuel no título em Chopo

Guilherme Assumpção Publicado em 26/08/2022, às 18h40

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Miguel Pupo fez história nas ondas de Teahupoo - Reprodução / SportBuzz
Miguel Pupo fez história nas ondas de Teahupoo - Reprodução / SportBuzz

Desde que nasceu, Miguel Pupo se conectou com o mar e decidiu que seria surfista profissional. Com o intenso apoio do pai Wagner, que construiu sua carreira nas ondas mundo afora, o atleta de Itanhaém, no litoral de São Paulo, viveu o momento mais especial da sua vida esportiva na última sexta-feira, 19, quando se tornou campeão em Teahupoo, no Taiti.

Com muita experiência e preparado desde o início da temporada, Miguel Pupo brilhou na onda mais temida do mundo, desbancou fortes candidatos e levou o troféu de campeão para casa. Vale citar que o título conquistado no Taiti foi o primeiro da carreira do surfista na elite da WSL. Com gosto mais do que especial, o atleta marcou seu nome na história do esporte.

Ainda comemorando a vitória, Miguel Pupo concedeu entrevista exclusiva ao SportBuzz e abriu o coração sobre esse momento mais do que especial. Ao lado da esposa Bruna Tied e das filhas Flora, Serena e Luna, que realizou momento fofura durante o bate-papo, o campeão de Teahupoo festejou o título mais que histórico para sua carreira.

"É uma explosão de emoções. Às vezes eu acho que não é real, ainda tenho que assistir os vídeos várias vezes para ver, [para entender que] 'esse cara sou eu', que realmente aconteceu. Ainda mais uma vitória com o peso de Chopo, que é uma das ondas mais temidas do mundo. Tem um peso vencer, mas vencer em Teahupoo é pesado. Tem muito prestígio", iniciou Miguel Pupo.

Miguel Pupo ao lado da filha Luna
Miguel Pupo recebeu a visita da filha Luna durante a entrevista (Crédito: Reprodução / SportBuzz)

"Eu já sabia que tinha potencial para esse tipo de onda, assim como no começo do ano que fiquei em terceiro em Pipeline. Cheguei bem perto, se não fosse o careca [Kelly Slater] me barrar ali na semifinal (risos). Eu procurei usar o que eu tenho de melhor que é entubar bem, escolhi junto com o Adriano de Souza, que é meu técnico, Pipe, G-Land e Chopo como as minhas melhores chances de chegar nas finais, e a gente acabou convertendo duas das três em bons resultados", contou.

Na grande decisão da etapa de Teahupoo, Miguel Pupo encarou o local Kauli Vaast e brilhou com estratégia perfeita para evitar o conforto do rival na bateria. Sobre o momento da vitória, o surfista revelou que se manteve focado até a buzina tocar e confirmar sua conquista, que veio com o somatório de 17.17 (9.00 + 8.17).

"Assim que tocou a buzina já comecei a chorar. O Kauli não entendeu nada, acho, porque dois minutos antes eu estava muito concentrado. E quando tocou a buzina já estava chorando muito, não conseguia nem respirar direito. Logo em seguida já veio o Filipe [Toledo], os australianos vieram me abraçar, o Jadson [André], meu irmão [Samuel]. É muito doido porque você está tão focado que você não pensa no resultado final. Pensei apenas onda a onda", detalhou Miguel Pupo.

"Parece um sonho. Tudo acontece tão rápido. As pessoas vêm te parabenizar e, ao mesmo tempo, você fala: 'será que é real mesmo?'. Foram três baterias no mesmo dia, é uma história longa. O dia começa de um jeito, termina de outro. Mar começou grande, terminou pequeno. Fez sol, depois choveu. Rolou tanta coisa que dá para escrever um livro só desse dia", brincou.

Sobre o adversário da grande final, Miguel Pupo confessou que adotou estratégia diferente para superar Kauli Vaast, que vinha eliminando grandes nomes do circuito mundial. Além da pressão por competir em casa e ter apenas 20 anos, o local de Teahupoo sofreu com a postura firme do brasileiro durante toda a bateria decisiva do evento.

Na entrevista exclusiva ao SportBuzz, Miguel Pupo revelou que decidiu ficar na cola de Kauli Vaast para não dar nenhum espaço ao rival. "Para a final, a minha tática foi diferente. Ele estava muito solto nas baterias e eu quis incomodar. Um pouco antes do restart veio uma onda e acabamos ombro a ombro. Percebi que isso incomodou ele".

Miguel Pupo acenando para as pessoas
Miguel Pupo é um dos surfistas mais experientes da elite (Crédito: GettyImages)

Antes de falar sobre a postura diante do rival, Miguel Pupo revelou que recebeu uma dica para lá de importante do irmão Samuel Pupo, que também teve grande temporada e conquistou o título de 'Novato do ano'. Segundo o campeão de Teahupoo, Samuca foi fundamental para montar a estratégia antes de entrar no mar e iniciar a disputa.

"Meu irmão foi essencial nesse último dia. Eu fui competir de manhã com o mar de um jeito, aí voltei para casa, que fica na frente da onda, mas meu irmão ficou no barco. Três horas olhando o mar porque rolou feminino, depois parou, voltou, enfim. E ele ficou analisando tudo isso, e quando eu voltei ele já me deu toda a letra", detalhou Miguel ao SportBuzz.

Miguel Pupo em ação
Miguel Pupo durante treino realizado na Indonésia (Crédito: Arthur Vieira)

MIGUEL PUPO MAIS FOCADO DO QUE NUNCA!

Depois de ter feito a melhor temporada da carreira, Miguel Pupo foi recompensado por muito esforço ao longo deste ano. Ciente de que precisou sofrer algumas derrotas para entender que precisava aumentar a carga de preparo, o surfista partiu para a academia e colocou na cabeça que as etapas do ano de 2022 seriam especiais para ele e sua família.

"Neste ano, os resultados foram diferentes porque eu fiz tudo diferente. Se você quer resultados diferentes fazendo tudo igual é bem difícil que isso aconteça. Eu realmente fiz tudo diferente do que eu fazia há dez anos. Hoje, eu consigo enxergar, analisar e falar: 'eu fiquei dez ano no WCT contando com o meu talento'. Eu achava que eu trabalhava duro, que eu me dedicava dentro do que achava que era dedicação", contou Miguel.

"Eu elevei esse nível [de dedicação]. O último dia no México do ano passado, eu acabei terminando na última posição no CT. Foi uma situação complicada. Dependia dos resultados dos outros e foi um sentimento muito ruim. A partir daquele dia, eu decidi que eu não queria mais sentir aquilo (...). Comecei minha pré-temporada três meses antes do evento começar. Ia para a academia duas vezes no dia, surfava todo dia".

VEJA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA!

P: Balanço da temporada!

R: As outras temporadas, como eu tinha uma ideia do que era dedicação e eu achava que fazia aquilo, acabava a temporada e existia um sentimento dentro de mim que eu não tinha entregado tudo, sabe? Achava ruim o resultado e tinha uma coisa no meu coração que falava: 'cara, você não entregou tudo'. E esse ano eu sinto que entreguei tudo. É um alívio muito grande.

P: Importância de Samuel Pupo e da família!

R: A gente teve bateria junto, vi ele quebrar em Pipeline, vi ele quebrar em Chopo, vi ele terminar no top dez, estava lá quando vi ele fazer a final no Brasil, que foi um evento muito legal para nós. Rolou de tudo esse ano e só tenho que agradecer a Deus pela oportunidade de poder viver tudo isso que eu vivi com o meu irmão e com a minha família por perto, é muito gratificante.