Lesão do quarterback do New York Jets, Aaron Rodgers, fez com que o debate sobre os perigos do gramado artificial no futebol americano fosse reacendido
Logo no primeiro jogo da temporada, o quarterback do New York Jets, Aaron Rodgers, viu toda sua expectativa para um bom campeonato ir por água abaixo em sua primeira partida com o clube novo. O atleta, que já foi campeão da NFL em 2010/11, sofreu uma ruptura total do tendão de Aquiles durante a vitória sobre o Buffalo Bills, que aconteceu no Metlife Stadium em East Rutherford, New Jersey.
O que chamou a atenção é que o ginásio foi palco de algumas lesões graves nos últimos anos, reacendendo a polêmica em torno da insegurança do uso de gramado artificial para a prática do futebol americano. A chama da discussão reacendeu de tal forma que o novo diretor executivo da NFL Players Association, Lloyd Howell, pediu para que a liga mudasse todas as superfícies de campo para grama natural, lembrando que a Fifa exige que os estádios da Copa do Mundo, que acontece nos Estados Unidos em 2026, tenham grama natural, sendo que as franquias aceitaram fazer a troca.
“Mudar a grama artificial para uma natural de alta qualidade é a decisão mais fácil que a NFL poderia tomar. A esmagadora maioria dos jogadores prefere (a grama natural) e os dados deixam claro que a grama natural é simplesmente mais segura do que a artificial. É uma questão que esteve no topo da lista de prioridades dos jogadores durante as visitas da minha equipe e que levantei com a NFL. Embora saibamos que há um investimento para fazer essa mudança, haverá um custo maior para todos em nosso negócio se continuarmos perdendo nossos melhores jogadores devido a lesões desnecessárias. Não faz sentido que os estádios possam mudar para superfícies de grama natural de qualidade superior quando chega a Copa do Mundo, ou que os clubes de futebol venham visitá-los para jogos de exibição no verão, mas superfícies artificiais de qualidade inferior são aceitáveis para os nossos próprios jogadores. Isso vale o investimento e simplesmente precisa mudar agora”, disse o dirigente do sindicato.
A exigência por parte do sindicato de jogadores ecoa as reclamações dos atletas. David Bakhtiari, ex-companheiro de time de Aaron Rodgers quando ainda estava no Green Bay Packers, criticou a NFL por permitir o uso da grama artificial, presente em 15 dos 30 estádios que recebem os jogos da liga. “Parabéns, NFL. Quantos jogadores mais precisam se lesionar no gramado artificial??! Vocês se importam mais com jogadores de futebol do que conosco. Vocês planejam remover toda grama artificial para a próxima Copa do Mundo. Então, claramente é viável. Estou de saco cheio disso... Sejam melhores!”, disse o jogador.
O gramado sintético do Metlife Stadium vem recebendo críticas desde 2020, quando o San Francisco 49ers viu cinco jogadores sofrerem lesões em jogos contra os Jets e os Giants. Dois deles, Nick Bosa e Solomon Thomas, perderam toda a temporada por conta dos problemas. O wide receiver Sterling Shepard, dos Giants, também rompeu o tendão de Aquiles em 2021 e o ligamento cruzado em 2022, ambos no estádio. Além disso, o cornerback Kyle Fuller, do Baltimore Ravens, rompeu o ligamento cruzado anterior, também em 2022.
A direção do estádio trocou o gramado sintético antes da atual temporada, e o novo foi elogiado pelos jogadores dos dois times que usam o Metlife, incluindo o próprio Aaron Rodgers, que chegou a dizer que, apesar de preferir grama, considerou a superfície “uma das melhores artificiais que já vi”. No jogo contra os Bills, entretanto, o pé esquerdo do jogador pareceu ficar preso no gramado quando foi derrubado.
No site da NFLPA, o ex-jogador do Green Bay Packers e atual presidente do sindicato, Joseph Carl “JC Tretter Jr., também assina um comunicado pedindo a mudança na liga. “A nossa ocupação é suficientemente perigosa e o aumento da taxa de lesões nas extremidades inferiores relacionadas com a superfície do campo onde somos forçados a jogar é inaceitável. A NFLPA está defendendo que as equipes convertam gramados artificiais de treino e jogo em campos de grama natural. Entretanto, estamos lutando em nome dos nossos jogadores para desenvolver melhores padrões de segurança e métodos de teste para grama artificial. Há espaço para inovação por parte dos fabricantes de grama artificial, mas até que o risco de lesões na grama artificial se equivale ao risco na grama natural, jogar na artificial não é do interesse dos nossos jogadores”, escreveu.
