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Futebol / ÓDIO HISTÓRICO!

Celtic: a história por trás do time que odeia a família real britânica

Tradicional clube da Escócia já protagonizou protestos contra a família real e não faz questão de esconder a contrariedade pela realeza britânica

Celtic - Getty Images
Celtic - Getty Images

Todos que amam e acompanham futebol profundamente, com certeza, se lembram do time que vaiou e cantou “se você odeia a família real, bata palmas”, enquanto jogadores e torcidas homenageavam a morte da Rainha Elizabeth II. O Celtic, da Escócia, sempre foi contra a família real britânica.

A maioria dos escoceses são descendentes de diversas tribos celtas antigas, especialmente uma no East End de Glasgow, um subúrbio mais pobre da capital escocesa e sede do Celtic Football Club, de maioria católica.

As faixas e cânticos contra a família real ilustram o sectarismo amargo que ainda prevalece na cultura do país que faz parte do Reino Unido e revela as atrocidades cometidas pela Coroa contra os irlandeses, com quem o clube partilha um vínculo histórico.

Historicamente, a Irlanda acabou ficando presa no fogo cruzado da luta pelo poder da realeza. Em diversas ocasiões, o país foi sancionado por apoiar o monarca errado. O fracasso da rebelião de 1534 pelo herdeiro do popular Fitzgerald, os condes de Kildare, provou ser fundamental.

A anarquia acabou se espalhando pelo país, com as minorias vendo seus direitos sendo arrebatados. As duras medidas do rei Henrique VIII e de sua filha, a rainha Elizabeth I, só deixaram tudo pior.

A Coroa, naturalmente, colocou a culpa diretamente nos católicos, mudando a narrativa para permitir que o monarca os expulsasse para as periferias sociais. Além disso, permitiu que a realeza promovesse o protestantismo e dissolvesse a Igreja de maioria católica na Irlanda e se fundisse com a Igreja inglesa. Até o século XX, a opressão sistemática dos católicos irlandeses continuou.

Mesmo que muitos tenham tomado posição durante este período, incluindo a desastrosa Rebelião da Jovem Irlanda de 1848, isso apenas trouxe mais tirania. As “Leis Penais”, que queriam proibir o catolicismo e os sentimentos pan-irlandeses, enfraqueceram a posição socioeconômica dos católicos irlandeses.

A Fome da Batata também foi desastrosa. Sem comida, sem trabalho e sem futuro na terra natal, milhares de católicos irlandeses pobres imigraram para a cidade de Glasgow, na Escócia, que era industrialmente robusta na época.

Contra tal cenário cruel, nasce o Celtic Football Club, no dia 6 de novembro de 1887, pelo irmão marista irlandês Walfrid. O propósito do clube era simples: atuar como voz dos católicos irlandeses que sofreram com a barbárie da Coroa inglesa. Ao longo dos anos, o seu ódio pela Monarquia Britânica apenas cresceu enquanto a Irlanda era impiedosamente oprimida pela realeza.

Durante os problemas irlandeses entre 1960 e 1998, as tropas britânicas atacaram o país vizinho. Desta forma, a torcida celta demonstrou todo seu apoio incondicional ao republicanismo da Irlanda e ao Exército Republicano Irlandês (IRA), fazendo com que a impiedosa posição anti-monarquia brilhasse. O ressentimento do Celtic pelos monarcas foi impulsionado por conta da intolerância que prevaleceu na cidade de Glasgow.

Por conta disso, outro time da cidade também virou grande alvo de ódio dos celtas. O Rangers é totalmente a favor dos monarcas e o problema ficou tão profundo durante um período, que o clube se negou a contratar jogadores católicos. A rivalidade entre o Celtic e os sindicalistas pró-Royal Rangers também fomenta a fúria da equipe para levar a família real britânica à justiça pelas atrocidades que cometeram contra católicos e irlandeses.

A influência histórica do Celtic na cultura escocesa é profunda, com a torcida do Hibernian e do Dundee United seguindo o exemplo nas zombarias da monarquia. Além disso, retrata a forma geral como o mundo está cada vez mais consciente dos delitos dos antepassados das Casas Reais.

Atualmente, na Scottish Premiership, o Celtic domina ao lado dos Rangers. Na atual temporada, o time que odeia a família real britânica ocupa a segunda colocação do campeonato, com 68 pontos, dois atrás do pró-Royal, com 70, com ainda quatro jogos faltando.

O Celtic também participou da Champions League, mas acabou indo muito mal e somando apenas quatro pontos, com uma vitória, um empate e quatro derrotas, no grupo em que Atlético deMadrid e Lazio avançaram para as oitavas, enquanto o Feyenoord foi para a Europa League. Pela Copa da Escócia, os celtas enfrentam o Aberdeen nas semifinais, no dia 20 de abril. Na outra semifinal, está exatamente o grande rival histórico, que encara os Hearts, no mesmo dia.