Treinador do Botafogo ainda afirmou que a volta aos treinos é um trabalho muito complexo
Izabella Macedo Publicado em 06/05/2020, às 14h40
O treinador do Botafogo, Paulo Autuori é conhecido por expor suas opiniões elas sendo polêmicas ou não. Desde que a pandemia provocada pelo novo coronavírus atingiu bruscamente o mundo do futebol, até então, o técnico não havia se pronunciado sobre o assunto.
No entanto, em entrevista exclusiva ao site Yahoo, Autuori se posicionou quanto a rapidez que alguns dirigentes e clubes estão impondo para a volta do futebol.
Para o treinador, o verdadeiro interesse é alheio ao mundo real e pediu que seus colegas de profissão também se posicionem em relação ao assunto.
Quando perguntado se algumas lideranças estão pressionando a volta do futebol, o treinador não hesitou em responder.
"Claro, dentro e fora do futebol de uma maneira muito clara. Não vejo o porquê disso. Volto a falar, diante de tantas mortes, tanto sofrimento, parentes que não podem se despedir de seus entes queridos, falar em futebol como se fosse algo fora da realidade, como se as pessoas fossem outras quaisquer, não vejo isso com sensatez", disse.
Em sua fala, Autuori diz o quão complexo é o processo para retomada dos treinamentos.
Grêmio e Internacional, por exemplo, já voltaram com suas atividades presenciais, mas para isso, tiveram que seguir rigorosos procedimentos sanitários.
"Os que são a favor não entendem quão complexa é a rotina de treinos de uma equipe. Não é apenas juntar os jogadores, são vários profissionais envolvidos. Quando o Montenegro falou que prefere o W.O a salvar vidas, futebol é vida e temos que preservá-las", explicou.
O comandante também comentou sobre a morte do massagista do Flamengo, Jorginho, vítima do coronavírus e dos demais testes que deram positivo para o Covid-19.
"Há uma forçação de barra, o Flamengo tentando forçar, infelizmente faleceu o massagista Jorginho, um ser humano extraordinário. Pelo que eu li, oito funcionários testaram positivo e farão outros testes. É um risco muito grande. Temos que pensar em todos e aqueles que não têm condições, que ganham apenas um salário mínimo? O que me preocupa é ver dirigentes querendo a volta do futebol", esclareceu.
Com relação ao posicionamento dos colegas, o técnico foi enfático quando disse que os próprios treinadores exigem que os jogadores se posicionem, mas eles mesmo não estão agindo dessa forma.
"Aliás, gostaria de ver mais técnicos se posicionando como eu. Não interessa se são a favor ou não dos treinos. Exigimos posição dos jogadores, mas não nos posicionamos? Esperava ver mais profissionais da minha área dando opiniões, concordando ou não", finalizou.
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