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Após acidente, Grosjean detalha os 29 segundos em meio às chamas: "Fiquei em paz e senti que ia morrer"

Francês contou o momento em que ficou dentro do cockpit da Haas em chamas até ser resgatado

Redação Publicado em 04/12/2020, às 14h37

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Após acidente, Grosjean detalha os 29 segundos em meio às chamas - GettyImages
Após acidente, Grosjean detalha os 29 segundos em meio às chamas - GettyImages

O incrível acidente sofrido por Romain Grosjean na Fórmula 1 ainda está rendendo momentos curiosos, afinal, foi um dos mais graves dos últimos anos.

O francês ficou por exatos 28s7 dentro do carro da Haas, cercado pelo fogo no GP do Barein no último domingo, 29.

Diante disso, Grosjean deu detalhes do que viveu nos segundos que sucederam o choque e revelou que além de se recordar de Niki Lauda, aceitou momentaneamente que morreria no incidente, momento em que decidiu que lutaria pelos filhos.

"Pra mim pareceu mais de 1 minuto. Quando o carro parou, abri os olhos e soltei meu cinto de segurança. Meu primeiro pensamento foi 'vou esperar até que alguém venha e me ajude'. Eu não estava estressado e obviamente não sabia na hora que havia fogo, mas olhei para a esquerda e vi fogo. Tentei foi subir pela direita, mas não funcionou. Voltei pela esquerda, não funcionou. Sentei-me novamente e pensei em Niki Lauda, ​​seu acidente, e pensei 'não pode ser assim a minha última corrida'. De jeito nenhum", lembrou.

O acidente

Ainda na primeira volta da etapa, Grosjean atingiu a AlphaTauri de Daniil Kvyat na saída da curva 3 e foi direto para o guard rail, que ficou destruído com a energia do impacto.

Instantaneamente, o carro da Haas começou a pegar fogo e depois de ser resgatado, o francês questionou o que houve com seu volante, peça que precisa ser removida para que o piloto deixe o carro, e ouviu que a força da batida fez a peça quebrar.

Quando percebeu a dificuldade que enfrentava para escapar do fogo, Grosjean começou a lidar com o pensamento de que talvez não conseguisse sair de lá. No entanto, a ideia de enfrentar a morte não ficou por muito tempo em sua cabeça.

"Tentei sair de novo, mas eu estava preso. Então eu voltei pro banco e chegou o momento mais difícil: quando meu corpo relaxa. Fiquei em paz comigo mesmo e senti que ia morrer. Comecei a me perguntar: 'Vai queimar o meu sapato, o pé ou a mão? Vai ser doloroso? Como vai começar?' Mas pensei nos meus filhos e eu disse 'não, eles não podem perder o pai hoje'. Decidi virar meu capacete para o lado esquerdo e depois tentar torcer meu ombro. Percebi que meu pé estava preso no carro, então eu puxei o máximo que pude e meu pé saiu da sapatilha. Fiz de novo e meus ombros doeram; e eu sabia que ia pular", contou.

O piloto francês foi retirado das chamas pelo médico Ian Roberts e o piloto do carro médico Alanvan der Merwe. No entanto, coube ao piloto da Haas a tarefa de deixar a célula de segurança do carro, partido ao meio, para ser resgatado.

"Eu estava com as duas mãos no fogo. Minhas luvas são vermelhas normalmente, mas vi que a esquerda estava mudando de cor e começando a derreter até ficar totalmente preta, e eu senti dor, mas também sinto o alívio por estar fora do carro. Pulei até a barreira e então senti Ian [Roberts] me puxando pelo macacão, então eu soube que não estava mais sozinho. Retirei minhas luvas porque também vi que a minha pele estava criando bolhas e derretendo, e grudaria na luva. Entramos no carro médico e nos sentamos, e eles colocaram uma compressa fria em minhas mãos", recordou Grosjean.

Depois do susto, os pilotos e o público ainda reviram as imagens da batida de Grosjean, repetida pela transmissão da corrida após o incidente, fato que não agradou colegas do francês como Daniel Ricciardo e Sebastian Vettel.

Foi por isso que mesmo que estivesse debilitado, o piloto da Haas decidiu que valeria a pena superar a dor para transmitir uma mensagem importante aos companheiros, bem como o público e sua própria família.

"Ian (Roberts) me explicou que a ambulância estava chegando e que 'eles vão vir com a maca'. E eu disse 'não, não, não'. Eu saí do carro e disse 'vamos caminhando', e ele respondeu, 'OK, vamos ajudá-lo'. Acho que pelo ponto de vista clínico, não foi a decisão mais perfeita, mas eles entenderam que, para mim, era fundamental que houvesse imagens minhas caminhando. Mesmo tendo saído do incêndio, eu precisava enviar outra mensagem forte de que estava bem", disse.

Depois de dar início ao tratamento das queimaduras que sofreu nas mãos e em um dos tornozelos, Grosjean passou três dias no hospital, no Barein, e recebeu alta médica nesta quarta-feira, 2, agradecendo aos profissionais envolvidos em seu resgate.

O piloto se reencontrou com a esposa, Marion Grosjean, e os filhos, e retornou ao Circuito do Barein. 

Por lá, esteve com o médico Ian Roberts e o piloto do carro médico Alan van der Merwe, que o tiraram das chamas. Fora do GP de Sakhir, e sem previsão de retorno para Abu Dhabi, encerramento do campeonato, Grosjean será substituído neste fim de semana pelo brasileiro Pietro Fittipaldi.