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Fórmula 1 / EXCLUSIVO!

Ayrton Senna e Alain Prost: os bastidores da maior rivalidade da F1

Em entrevista exclusiva do SportBuzz, o jornalista Livio Oricchio falou da rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost e analisou algumas disputas acirradas dentro e fora das pistas

Lucas Miluzzi Publicado em 01/05/2023, às 06h00 - Atualizado em 02/05/2023, às 10h09

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Ayrton Senna e Alain Prost fizeram história na F1; brasileiro tinha francês como o seu maior rival - GettyImages
Ayrton Senna e Alain Prost fizeram história na F1; brasileiro tinha francês como o seu maior rival - GettyImages

Como todo esporte, a Fórmula 1 tem as suas grandes rivalidades, e Ayrton Senna e Alain Prost podem ser considerados os maiores exemplos do que é ter um arquirrival na categoria. Eles foram companheiros de equipe durante as temporadas de 1988 e 1989, porém não existiu qualquer tipo de cordialidade entre os pilotos em boa parte de suas respectivas histórias no automobilismo.

O podcast do SportBuzz teve acesso a informações de bastidores exclusivas da relação entre Senna e Prost. O jornalista Livio Oricchio conversou com o site e deu todos os detalhes de como era o relacionamento de dois dos maiores rivais da história da F1. Importante destacar que o repórter acompanhou de perto e viu o nascimento desse embate, em 1989.

Assista a entrevista na íntegra: 

"A relação entre eles [Ayrton Senna e Alain Prost] foi tensa e se tornou em um clima de guerra depois do Grande Prêmio de San Marino, em 1989. Quando eles começaram a segunda temporada juntos, havia um acordo entre eles: um não poderia ultrapassar o outro na primeira volta. Na corrida de San Marino, o Ayrton largou atrás do Prost e, quando eles chegaram na tosa (curva lenta e à esquerda), o Ayrton passou o Prost. Depois da corrida, nós conversamos com ele e o Ayrton disse: ‘Eu não posso ficar atrás de um cara que é muito lento’. E o Prost ficou desconcertado, porque o acordo não foi cumprido", contou Livio.

"Então, o clima de guerra começou. Ao ponto de várias informações sobre o desenvolvimento do carro de cada piloto não serem passadas. Talvez o Prost um pouco mais, até porque o Ayrton compensava a desvantagem no talento e na coragem. Então, o ambiente ruim começou em San Marino, em 1989", relembrou o jornalista.

Ayrton Senna
Ayrton Senna, principal adversário de Alain Prost (Crédito: GettyImages) 


Um dos momentos mais tensos que Livio Oricchio presenciou na relação entre Prost e Senna aconteceu ao término da temporada de 1989 e início de 1990. Na oportunidade, Alain estava em um momento de troca de escuderia e, mesmo assim, ambos continuavam com ânimos exaltados. Tanto é que uma série de acidentes foram ocasionados por conta da disputa acirrada.

"Essa disputa tem de ser vista em um cenário em que os adversários não poderiam bater a hegemonia da McLaren. Em Suzuka, em 1989, o Prost fecha o Ayrton deliberadamente para provocar o acidente entre ambos, mas isso na chegada da chicane a 90Km/h. Diferente do que o Ayrton fez no ano seguinte, quando o Prost estava na Ferrari, depois da largada, na primeira curva, na sexta marcha, ele dá um toque na rabeira do Prost e ali os dois poderiam até ter morrido. E isso não sou eu que falo, o Ayrton confirmou isso. No meu entendimento, a FIA deveria ter sido muito mais dura com os dois", destacou.

O atrito poderia ter acabado e, de fato, os dois acalmaram um pouco antes da morte do brasileiro. Livio relembrou de um episódio que viveu com o francês, que revelou ter buscado mudar essa trajetória de ódio no relacionamento. Mas uma atitude do tricampeão mundial o tirou do sério.

"Eu fiz uma entrevista com Prost um mês depois da morte do Senna. O senhor Alain Prost não parava de falar (risos). Nervoso, ele disse para mim: ‘Ano passo, em Adelaide, na última corrida do ano, procurei ele pessoalmente, liguei, falei para conversarmos, nós tivemos uma história também muito bonita, só que o Ayrton nunca me deu bola. Quando acabou o campeonato, ele ganhou e eu fiquei em segundo. Ele me pegou pelo braço e me puxou para primeiro. Eu tive vontade de empurrar ele’. O Prost gritava e até falava alto: ‘Isso não se faz’. Ele (Prost) me contou que eles conversaram em 1994 e disse: ‘Apenas você pode guiar o movimento contra essa série de acidentes’ que ocorreram naquele ano", afirmou.

Alain Prost, francês rival de Ayrton Senna
Alain Prost, francês rival de Ayrton Senna (Crédito: GettyImages) 

No fim das contas, a rivalidade impulsionou Senna e Prost

Se é possível ver um lado positivo da rivalidade, os mais otimistas ficam com o crescimento técnico de cada um. Segundo Livio, a dupla da McLaren viu na disputa individual a possibilidade de evolução, mesmo que, por vezes, ela tenha sido conquistada acima de qualquer circunstância.

"Os dois colocavam a briga, para os seus respectivos países, em dois termos: o piloto do bem e o piloto do mal. Para a equipe foi fantástico, porque eram excepcionais. O Ayrton cresceu por ter a referência de um piloto de equipe que era excepcional e extremamente estrategista, mas o Prost também cresceu. As referências que eles tinham eram as maiores possíveis. Eles eram os melhores da época", finalizou.