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Futebol / EXCLUSIVO

LUSA 100 ANOS: Jorginho e Bruno Cardoso relembram a "Barcelusa" e revelam bastidores do time da Portuguesa em 2011

O treinador e o ex-goleiro contaram como foram as reações do clube ao fazer a impressionante campanha, que culminou no título da Série B

Marcello Sapio Publicado em 14/08/2020, às 10h00

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Jorginho (esq.) e Bruno Cardoso (dir.) relembram a "Barcelusa" e revelam bastidores do time da Portuguesa em 2011 - Divulgação Portuguesa / César Greco / Arenafotos / Palmeiras
Jorginho (esq.) e Bruno Cardoso (dir.) relembram a "Barcelusa" e revelam bastidores do time da Portuguesa em 2011 - Divulgação Portuguesa / César Greco / Arenafotos / Palmeiras

81 pontos conquistados, 82 gols marcados, 38 gols sofridos, 23 vitórias, 12 empates e apenas três derrotas.

São números bastante expressivos, podendo ser facilmente comparados a um time de elite na Europa. E foi. A campanha da Portuguesa, na Série B de 2011, encantou não só o Brasil, mas como o mundo, ganhando o importante apelido de "Barcelusa".

A comparação com o time catalão, que na época era comandado por Pep Guardiola era justa. O time sobrou naquela temporada, sendo a última grande temporada do time lusitano antes da forte crise, que o afetou - e ainda afeta.

Para relembrar aquele grande time, em um bate-papo exclusivo com o SportBuzz, o treinador daquela campanha, Jorginho Cantinflas, e o goleiro Bruno Cardoso, relembraram alguns momentos e contarem histórias de bastidores.

+Vale lembrar que essa entrevista também está disponível na versão de podcast: Clique aqui para acessar no episódio no Spotify. Também disponível no Deezer.

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O treinador da época, Jorginho, que atualmente está na Juventus-SC, falou sobre as comparações com o Barcelona e com o estilo parecido com o de Guardiola, mas dispensou os apelidos: "Eu nem acompanhava o Pep na época. É o meu estilo de jogar, a forma que eu penso de jogar futebol é a forma que eu vi futebol. Vi grandes jogadores, tive a felicidade de jogar contra Zico, contra Sócrates e eles falavam para os jogadores deles que eram para jogar para frente, e quando fui para o Santos, as histórias que ouvíamos do Pelé era a mesma: Tinha que jogar para frente, que ele ficava bravo quando tocava para trás, e é o jeito que eu sempre achei de jogar futebol, é para frente. É gostoso jogar assim".

Um dos pontos que deixam a história mais legal, tanto de Jorginho quanto de Bruno Cardoso, tem uma forte relação com a Portuguesa antes do título da Série B.

Bruno comentou que jogou no futsal do time e como foi parar no time em 2011: "Para mim, integrar aquele elenco foi uma experiência fantástica. Vindo do Palmeiras por empréstimo, eu não tava com uma fase muito por lá, nem tava indo para os jogos, então ter a oportunidade de mudar para a Portuguesa, um clube que eu já conhecia, né? Eu joguei por 3 anos no futsal da Portuguesa, então tenho um carinho muito grande porque já conhecia lá dentro do Canindé, já conhecia a maioria das pessoas lá de dentro, não tanto do campo, mas de jogar contra na base e também na minha época do Palmeiras. A maioria das pessoas do futsal também migraram para o campo, então foi uma experiência muito legal e tenho um carinho enorme pelo time, principalmente depois daquela campanha em que culminou com aquele título da Portuguesa da Série B, aquela campanha inédita, foi fantástico".

Jorginho também revelou a origem humilde e a importância da Portuguesa na sua formação. Vale ressaltar que ele, na época em que fora jogador, surgiu no time do Canindé.

Ele lembra até hoje das suas raízes e das pessoas que o ajudaram no começo de sua carreira como jogador: "Comecei como office boy e uma pessoa especial na minha vida, que foi o Jair e outra o Sr. Almeida, que veio a falecer esse ano, tiveram a bondade de me levar para fazer um teste na Portuguesa. Esse senhor ele me ajudou para que eu pudesse ficar lá, já que tinha que sustentar meus pais. Nós depois conseguimos um vice campeonato Paulista pela Portuguesa, o que era sensacional, e depois tive a felicidade de chegar a Seleção Brasileira pelo que eu fiz lá".

O ex-goleiro, que jogou muito tempo no Palmeiras, até revelou de um encontro "inusitado" com o Jorginho, que foi fundamental para selar a sua ida ao time: "É uma relação muito boa que eu tenho com ele, é um ‘amigão’, a gente se ajudou muito, tanto no Palmeiras quanto na Portuguesa e foi por causa dele que eu fui e é uma história até engraçada. A gente se encontrou no estacionamento de um shopping lá de São Paulo e ele virou para mim e disse do nada: ‘Aí, Bruno, você não quer vir jogar comigo na Portuguesa? A gente tá montando um elenco legal’. E, como eu disse, não tava numa fase muito boa no Palmeiras, não indo para os jogos, sem pensar eu aceitei: ‘Vou Jorginho, por você, eu vou’.".

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Os dois não negam a importância do Palmeiras em suas respectivas carreiras. O alviverde, que chegou a rivalizar com a Portuguesa, em alguns momentos da história.

Com o Jorginho tendo a sua primeira experiência como treinador no time do Parque Antártica, ele falou, principalmente, sobre as diferenças de treinar os dois clubes: "As duas torcidas são familiares. Uma é de de família italiana e outra de família portuguesa. Cada um tem a sua cultura, não é porque um tem a torcida maior que os problemas são diferentes, só são maiores, mas são todos os mesmos em qualquer clube. Os problemas que eu tive no Palmeiras são os que eu tenho no Juventus-SC, no futebol são todos os mesmos e para mim são muito fáceis de serem resolvidos: Tem que ter comando".

O "comandante" Jorginho nunca escondeu o seu jeito que "pega no pé". Na Portuguesa não foi diferente. 

O Bruno, como um comandado dele, falou quais eram os principais pontos pelo qual o treinador mais cobrava durante a campanha: "Acho que no começo, logo quando eu cheguei, o que o Jorginho mais ‘pegava no nosso pé’ era com a consistência. A gente fazia jogos muito bons e a gente dava, depois, uma quedinha no rendimento, não era tão consistente e ele pegava bastante no começo, talvez pela falta de experiência, jogar uma Série B é muito difícil para jogadores jovens, tinha subido bastante gente da base naquele ano, mas tinha vindo jogadores com certa experiência, então deu uma mescla legal, mas no começo foi mais a consistência".

Por outro lado, Jorginho também comentou sobre a sua relação com os jogadores que tinha na Portuguesa, em 2011: "Não tem como escolher um ponto, um principal, foi um conjunto de coisas que ajudaram. O tempo de trabalho foi fundamental, foram 35 dias, se não me engano. Os atletas comprarem a ideia, ter comando na Portuguesa, de eles melhorarem o gramado no Canindé, além da alegria de estarmos juntos, seja treinando, jogando. Qualquer festa que tinha, todos iam, era uma irmandade muito grande, o prazer de estarmos juntos. Eles tinham prazer de jogar futebol, gostavam do que faziam e quando você gosta realmente de jogar futebol, da maneira que você está jogando, dá o sucesso que deu aquele time".

Aquele elenco da Portuguesa virou um verdadeiro berço de craques, que vingaram em diversos times do Brasil - e da Europa -, como por exemplo Guilherme, que jogou no Corinthians e hoje está na Grécia, Edno, centroavante que jogou em vários clubes e em especial, o Weverton.

O campeão olímpico, apesar de ter sido revelado pelo Corinthians, teve o seu primeiro grande trabalho na Lusa, em 2011. Mas por pouco o goleiro da Seleção não teve esse destino.

Jorginho revelou que Weverton não fazia partes dos planos da diretoria, mas ele conseguiu convencer os dirigentes a permanecer com o goleiro: "A história do Weverton na própria Portuguesa é complicada. Eu cheguei lá e não queriam ele lá. Eu até trouxe o Bruno (Cardoso) para o gerente parar de reclamar, mas eu falava que o Weverton era um grande goleiro. O preparador de goleiros, Alex, que hoje está no Japão com o Nelsinho Baptista, ele jurava de pé junto que o Weverton era um grande jogador e que havia treinado com ele na base do Corinthians, então o conhecia muito bem, como eu também sabia que ele era um grande goleiro, ele demonstrava isso nos treinos".

Já Bruno, companheiro de posição, e que acabou sendo o reserva dele na campanha, falou da parceria, que guarda com carinho na memória: "Em 2011 eu tava com 27 anos e eu era um dos mais velhos do elenco, e posso dizer assim, um dos mais experientes, por ter jogado no Palmeiras e coisa assim, e foi muito legal porque eu assumi essa característica (de ser experiente). Eu tenho comigo que eu tive um papel muito legal naquela campanha. Tenho amizade com o Weverton até hoje, a gente se encontrou lá no Palmeiras, aqui na Seleção Brasileira, quando ele veio (com a delegação) para Miami e é um amigo que eu tenho. Ele me ensinou muita coisa e eu tenho certeza que ensinei muita coisa para ele. Desejo o melhor, não só para ele, mas para todos os meninos que estavam lá".

Bruno em ação pelo Palmeiras (Crédito: César Greco / Arenafoto)

Bruno, que agora é preparador de goleiros nos EUA, comentou que tem contato com amigos lusitanos e, pelo carinho que tem pelo clube, conta que acredita na volta da Portuguesa às elites, além de ter vontade de ajudar a Lusa.

"Confesso que eu acompanho só pela internet o que acontece lá dentro, não tenho muita interação com o que acontece lá, como que está, mas se tiver gente séria no comando, querendo trazer a Portuguesa de volta, tem condições, tem nome, tem carinho do povo de São Paulo, tem o meu carinho, com certeza. Se de algum jeito, ou alguma hora, eu puder ajudar, eu quero estar presente. Corta meu coração ver a Portuguesa desse jeito, por toda a minha história lá dentro. Sei que é pouco, mas são três anos de futsal lá e eu fui muito bem tratado lá, com todo mundo, e nos cinco meses de empréstimo em 2011, são meses que guardarei pelo resto da minha vida. Já falei até em outras entrevistas dá vontade de voltar lá e falar: ‘Deixa eu ser o treinador, ajudar de algum jeito, treinador de goleiros, qualquer coisa’, porque eu quero ajudar, pelo menos, no mínimo, ver a Portuguesa na primeira divisão do Paulistão de novo", disse o ex-goleiro.

Já Jorginho, que está trabalhando no Juventus-SC, time que foi semifinalista do estadual, disse que acredita que o time que o revelou irá voltar ao posto que tinha e depositou uma esperança ao presidente Castanheira.

"Eles têm uma torcida enorme, mas foi acabada pelos próprios portugueses e isso me deixa muito triste. São empregos que você deixa de gerar no mercado, a condição de vida de muita gente porque a Portuguesa mandou embora por não ter como pagar, mas eu torço para que agora o presidente Castanheira possa trabalhar, parece que ele está fazendo um bom trabalho e espero que ele consiga restaurar o time, para daqui a 100 anos outra pessoa possa falar da Portuguesa de uma maneira diferente, como um grande de novo, ficaria muito feliz se isso acontecesse", disse Jorginho, abrindo o coração.


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