Polícia Civil finalizou a primeira parte das investigações sobre irregularidades no clube
Izabella Macedo Publicado em 20/08/2020, às 15h26
A Polícia Civil concluiu a primeira parte das investigações sobre supostas irregularidades durante a gestão de Wagner Pires de Sá e Itair Machado sob o comando do Cruzeiro.
No inquérito, que indiciou sete pessoas, foi apontado que pelo menos três dívidas pessoais do ex-vice-presidente de futebol, foram pagas com o dinheiro do clube.
De acordo com informações e dados divulgados pelo site Globo Esporte, Itair Machado utilizou uma das operações para pagar uma cobertura em um condomínio de luxo em Nova Lima, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.
O imóvel é avaliado em R$ 6 milhões e pertence ao edifício Chatêau Morgaux, condomínio Bordeaux. Pelo menos uma parte do valor, cerca de R$ 3,7 milhões, foi quitada pelo empresário Cristiano Richard dos Santos Machado.
A relação de Richard com o Cruzeiro foi revelada pelo Fantástico em 26 de maio de 2019, quando o programa mostrou o empresário firmando contrato com o clube e acertando empréstimo de R$ 2 milhões.
Um mês depois, as partes fizeram mais um novo acordo. Nele, o Cruzeiro afirmou não ter condições de pagar a quantia e disponibilizou parte dos direitos econômicos de 10 atletas, incluindo uma criança de 11 anos, na época.
"Em data aproximada, esse mesmo empresário realiza pagamento de R$ 3,7 milhões a uma construtora para pagar parte de apartamento a um então dirigente do Cruzeiro. O que eles tentaram alegar, em suas defesas, seria que o pagamento dos mais de R$ 3 milhões seria em decorrência de um contrato de mútuo, contrato esse que sequer possui data de pagamento ao ex-dirigente e garantias. O empresário, então, seria beneficiado com os direitos federativos dos jogadores", apontou o chefe da Divisão Especializada em Investigação de Fraudes, Domiciano Monteiro.
A publicação ainda revela uma nova dívida pessoal de Itair Machado que foi resolvida com o dinheiro do clube mineiro. O dirigente faz parte de um outro clube, o Ipatinga, do Vale do Aço mineiro.
Esse débito seria referente ao também ex-técnico da Raposa, Marcelo Oliveira e teria sido quitado em 2018, com dinheiro do pagamento de comissão da venda do lateral Mayke com o Palmeiras, em operação realizada em setembro daquele ano.
Dos R$ 800 mil pagos em duas parcelas para a empresa Jeo Rafah Sports, cujo sócio é filho do empresário Carlinhos Sabiá, pouco mais de R$ 700 mil foram endereçados a Marcelo Oliveira, que tinha valor a receber do Ipatinga a título de verbas rescisórias por sua passagem em 2009.
O clube mineiro era então administrado por Itair Machado, que consequentemente virou o responsável pelo pagamento em ação do treinador na Justiça do Trabalho.
Em depoimento à Polícia Civil, Marcelo Oliveira confirmou que recebeu o pagamento da dívida por meio de Carlinhos Sabiá e que o valor tinha sido enviado por Itair Machado. Em contato com a publicação, o treinador disse que não "tinha interesse em falar sobre o assunto", mas o valor foi pago em 2018 "em nome do Ipatinga".
Na semana passada, a Polícia Civil comentou sobre o dinheiro do Cruzeiro utilizado para pagar dívida acumulada do Ipatinga e de Itair Machado.
