Mulheres iranianas voltam a frequentar estádio - Getty Images
DIA HISTÓRICO

Mulheres iranianas voltam a frequentar estádios após 38 anos de proibição

Três mil mulheres assistiram à vitória do Irã por 14 a 0 sobre Camboja pelas Eliminatórias da Copa do Mundo; ato era considerado crime no país

Gabriela Santos Publicado em 10/10/2019, às 17h12

Nesta quinta-feira, 10, a Seleção do Irã goleou o Camboja por 14 a 0 e um ponto interessante da partida foi o retorno de mulheres iranianas aos estádios de futebol após 38 anos de proibição. O ato era considerado crime no país.

Apenas três mil e quinhentos ingressos foram disponibilizados a mulheres para assistir ao jogo válido pela segunda fase do Grupo C das Eliminatórias da Copa do Mundo, no Estádio Azadi, no Teerã, que tem capacidade para 78 mil torcedores.

Apesar da liberação, o número da presença das mulheres foi limitado e elas puderam ocupar, separadamente dos homens, cinco setores do Azadi Stadium. O duelo contou com a presença de 15 mil torcedores no local.

A partida marcou história tanto pela goleada quanto pela presença feminina no estádio. Os atacantes Karim Ansarifard e Sardar Azmoun foram os artilheiros do duelo, com quatro e três gols marcados, respectivamente.

Desde a Revolução Islâmica, em 1979, as mulheres foram proibidas de frequentar estádios no país. Em apenas duas oportunidades, desde então, iranianas puderam comparecer em partidas de futebol no ano passado e por convite: no jogo entre os times Persepolis, do Irã, e o Kashima Antlers, do Japão, e entre as Seleções do Irã e Bolívia.

Na partida desta quarta-feira, jornalistas mulheres não foram permitidas de trabalhar com cinegrafia e fotografia e não puderam permanecer dentro de campo, ao lado de homens, ficando em uma espécie de camarote, sem contato com torcedores.

A FIFA pressionou o Irã e, em junho deste ano, escreveu uma carta à Federação Iraniana de Futebol solicitando que mulheres fossem permitidas a comprarem ingressos para jogos da seleção nacional.

Torcedora iraniana se incendeia após condenação por entrar em estádio:

Sahar Khodayari era uma iraniana torcedora de futebol e conhecida como “A Garota Azul” nas redes sociais. O apelido era uma alusão ao time que torcia, o Esteghlal.

Em setembro, ela ateou fogo no próprio corpo e morreu após ter sido condenada por ter tentado entrar em uma partida do seu time, em março deste ano. A informação foi confirmada pela agência de notícias Shafaghna. Sahar morreu em um hospital de Teerã devido as graves lesões.

Na sentença, a mulher de 30 anos poderia cumprir uma pena de seis meses de reclusão depois de se passar por um homem para entrar no estádio, vestindo uma peruca azul e um casaco longo. Na ocasião, a polícia a deteve e ela ficou três dias na prisão.

As leis do Irã proíbem a entrada de mulheres em partidas de futebol, mas permitem que acompanhem jogos de outros esportes, como o vôlei. Estrangeiras são permitidas em estádios, mas existe um limite de ingressos.

Sahar Khodayari se formou em ciências da computação e era símbolo para muitas mulheres iranianas que amam futebol. O ministro da tecnologia da informação e comunicação Mohammad Javad Azari Jahromi disse que a morte foi um "incidente amargo". A parlamentar Parvaneh Salahshouri twittou "Somos todos responsáveis".

No Instagram do time que torcia, foi feita uma homenagem para Sahar: “Hoje à noite nós acendemos uma vela em memória de Sahar”.

Ali Karimi, o ex-jogador do Bayern de Munique e da Seleção do Irã, também se manifestou e lamentou a tragédia. Sendo um dos defensores pela liberação de mulheres em estádios, ele pediu que os torcedores boicotassem os jogos pela morte de Khodayari.

 

Torcedoras Iraninas Sahar Khodayari Eliminatórias Eliminatórias da Copa 22 Irã x Camboja

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