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Futebol / TRAGÉDIA

Torcedora iraniana se incendeia após condenação por entrar em estádio

Sahar Khodayari, de 30 anos, poderia pegar seis meses de reclusão

SportBuzz DIGITAL Publicado em 10/09/2019, às 16h12

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Torcedoras iranianas no estádio - Getty Images
Torcedoras iranianas no estádio - Getty Images

Sahar Khodayari era uma iraniana torcedora de futebol e conhecida como “A Garota Azul” nas redes sociais. O apelido era uma alusão ao time que torcia, o Esteghlal.

Na semana passada, ela ateou fogo no próprio corpo e morreu após ter sido condenada por ter tentado entrar em uma partida do seu time, em março deste ano. A informação foi confirmada pela agência de notícias Shafaghna, nesta terça-feira, 10. Sahar morreu em um hospital de Teerã na última segunda, 9, devido as graves lesões. 

Na sentença, a mulher de 30 anos poderia cumprir uma pena de seis meses de reclusão depois de se passar por um homem para entrar no estádio, vestindo uma peruca azul e um casaco longo. Na ocasião, a polícia a deteve e ela ficou três dias na prisão.

As leis do Irã proíbem a entrada de mulheres em partidas de futebol, mas permitem que acompanhem jogos de outros esportes, como o vôlei. Estrangeiras são permitidas em estádios, mas existe um limite de ingressos.

Sahar Khodayari se formou em ciências da computação e era símbolo para muitas mulheres iranianas que amam futebol. O ministro da tecnologia da informação e comunicação Mohammad Javad Azari Jahromi disse que a morte foi um "incidente amargo". A parlamentar Parvaneh Salahshouri twittou "Somos todos responsáveis".

No Instagram do time que torcia, foi feita uma homenagem para Sahar: “Hoje à noite nós acendemos uma vela em memória de Sahar”.

Ali Karimi, o ex-jogador do Bayern de Munique e da Seleção do Irã, também se manifestou e lamentou a tragédia. Sendo um dos defensores pela liberação de mulheres em estádios, ele pediu que os torcedores boicotassem os jogos pela morte de Khodayari.

Esteghlal (Crédito: Reprodução Instagram)

Ali Karimi (Crédito: Reprodução Instagram)

A FIFA tenta reverter a situação:

Em outubro, mulheres iranianas poderão assistir a partida de eliminatória para a Copa do Mundo masculina do Irã, que acontecerá na república Islâmica.

A FIFA pressionou o país e, em junho deste ano, escreveu uma carta à Federação Iraniana de Futebol solicitando que mulheres fossem permitidas a comprarem ingressos para jogos da seleção nacional.

Segundo a publicação da Reuters, a Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA), o pedido foi acatado e as mulheres poderão assistir à partida entre Irã e Camboja, válida para a qualificação para o Catar 2022.

"As mulheres podem ir ao estádio Azadi, em Teerã, para assistir à partida entre a seleção nacional do Irã e o Camboja em outubro para a eliminatória da Copa do Mundo do Catar", afirmou Jamshid Taghizade, vice-ministro do esporte.

Mulheres estrangeiras são permitidas nos estádios, mas em número limitado. As iranianas, contudo, estavam proibidas de assistirem as partidas de futebol desde 1979, época da Revolução Islâmica. Em junho deste ano, mulheres foram presas no amistoso contra a Síria.

A Confederação Asiática de Futebol (AFC) conta com 47 seleções, entre elas a iraniana.