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Mais Esportes / ENTREVISTA

Sócio da Xland se explica

Gabriel Nascimento rechaçou acusação sobre esquema de pirâmide e afirmou que jogadores serão ressarcidos

Leonardo Fabri Publicado em 16/03/2023, às 19h35

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Gabriel Nascimento está no olho do furacão - Instagram/Gabriel Nascimento
Gabriel Nascimento está no olho do furacão - Instagram/Gabriel Nascimento

Desde a reportagem que foi ao ar no "Fantástico", da TV Globo, no último domingo, denunciando um possível caso de pirâmide financeira envolvendo a empresa Xland e os jogadores William Bigode, Gustavo Scarpa e Mayke, o tema vem gerando debate no meio do futebol e especulações nas redes. O SportBuzz conversou com Gabriel Nascimento, um dos sócios da Xland Holding, que respondeu abertamente sobre diversos pontos desta polêmica.

Preocupado por ameaças que alega vir sofrendo, Gabriel Nascimento reforçou que é apenas mais uma vítima da falência da corretora FTX, assim como todos os seus clientes, incluindo os jogadores. Inclusive, o empresário fez questão de isentar William Bigode. Ele também negou que a Xland prometesse lucros de 5% aos clientes, rechaçou as acusações sobre o esquema de pirâmide financeira e garantiu que todos seus investidores serão ressarcidos. Confira:

Antes da Xland, quem é o Gabriel? Qual a idade, formação e como entrou no mundo dos investimentos?

Sou uma pessoa apaixonada pelo mundo dos investimentos. Conheci o mercado de criptomoedas em 2016. Atualmente tenho 30 anos, faço 31 nos próximos meses, sou de 1992. Sempre tive vontade de me envolver com o mundo dos investimentos, porém não tive muita orientação no início da minha carreira, para desbravar o mundo através da bolsa de valores, por exemplo. Exigia formações etc. E eu era novo na época. Acabou que isso ficou um pouco de lado. Ingressei na faculdade de direito, não concluí e voltei para o ramo de vendas, que é onde eu iniciei a minha trajetória no mundo das vendas; até que chegou o momento que eu conheci o mundo das criptomoedas, em 2016. De lá para cá, eu me apaixonei completamente, porque se encaixava com o meu sonho e a minha vontade, da minha adolescência, no quesito de trabalhar com mercado financeiro, bolsa de valores e coisas do gênero. E o mercado de cripto é um mercado que não exige formação específica para você atuar. O que faz você ser um bom profissional nessa área é a sua experiência, sua vivência dentro desse mercado.

Possui alguma outra fonte de renda? Qual?

Hoje possuímos outras fontes de renda, outras empresas, eu e meu sócio, outros negócios que andam em paralelo à Xland, e elas nos geram renda, sim. Temos uma rede de franquias de farmácias, uma outra de funilaria e pintura, de manutenção de carros. Temos sim outros negócios que geram renda para nós.

Quando e com quanto a Xland começou de capital?

Iniciamos os trabalhos com a Xland em 2019, com um capital próprio dentro das operações de aproximadamente R$ 450 mil.

O que você acha da abordagem que as reportagens vêm tendo sobre o caso?

As reportagens que estão sendo feitas estão completamente errôneas, porque só está sendo divulgado um lado da história, não estão dando voz para a versão da empresa. Nós temos total clareza e transparência no que aconteceu conosco, e a gente tenta transparecer isso, informar a mídia sobre o que aconteceu conosco e quais medidas e soluções a empresa vem tomando. Porém, a gente percebe que há só uma replicação, nos rotulando como golpistas, como pirâmide financeira, sendo que nós estamos muito, mas muito distantes de ter cometido algum tipo de golpe ou até mesmo ser considerado uma pirâmide financeira.

Quando e como surgiu as primeiras parcerias com jogadores de futebol? Foi a partir da WLJC?

Essa parte é muito interessante, porque muita gente está tentando associar a imagem do William como um responsável pelo caso do Scarpa ou do Mayke… o William é uma pessoa pública, né, uma pessoa nativa. E quem é Gabriel Nascimento comprado ao William Bigode? Então é muito mais fácil usar a imagem dele para uma repercussão midiática; acusá-lo disso ou daquilo… sendo que o William não tem responsabilidade nenhuma, ele é um cliente nosso. E o William também não teve seus recursos ressarcidos ainda, assim como o Mayke, o Scarpa e alguns outros clientes nossos.

O William, quando iniciou os investimentos conosco há uns três anos, muitos jogadores sempre perguntavam a ele o que ele estava fazendo com o seu recurso, ele dizia que tinha um valor aplicado em nossa empresa, mas não fazia propaganda, não falava 'vem aqui, investe aqui'. Ele nunca fez isso. Pelo contrário, ele sempre se manteve na dele e as pessoas que conversavam com ele vinham até nós como uma forma de querer entender o nosso modelo de negócio e procurar investir. A gente não tem essa quantidade absurda de jogadores que todo mundo está achando, 20, 50, 30 jogadores investindo com a gente, mas não é isso. A gente teve o Mayke, o Scarpa, mais outros dois jogadores e o William. Inclusive, um já não é nem mais jogador, já não joga mais em nenhum time. Então, se a pergunta é se o William teve alguma participação, não, não teve.

Aliás, o Gabriel torce para algum time de futebol?

Sim, gosto de futebol e torço para o Cruzeiro. Torço para o Cruzeiro, gosto de assistir, acompanho há muitos anos. Tivemos uma queda para a série B, pedalamos, pedalamos, pedalamos e estamos aí na luta. Mas eu gosto sim de futebol e torço para o Cruzeiro.

Especialistas em investimentos dizem que qualquer promessa de rentabilidade acima de 1% ao mês são suspeitas. O que a Xland prometia aos investidores?

Sempre relato que, em 2020, quando a CVM pede ao Ministério Público local para fazer uma investigação nas nossas atividades, com suspeitas de indícios duvidosos, o Ministério Público inicia um inquérito civil, em dezembro de 2020. Eu falo sempre isso: se realmente nós fossemos uma pirâmide financeira, em 2020 a gente teria quebrado, porque, quando houve essa notícia de que o Ministério Público iniciou um inquérito civil em cima da empresa para apurar nossas atividades, nós tivemos uma fuga em massa de quase todos os nossos clientes naquela época. Diversas capitais saíram. Dessa maneira, nós honramos com todos os nossos clientes o mais rápido possível. Se fossemos pirâmide… a pirâmide, ela não consegue devolver o capital das pessoas. Hoje o que nos impede é o que aconteceu conosco dentro da FTX. Se não fosse isso, com certeza nós teríamos sim condições de fazer o ressarcimento de todas as pessoas que solicitaram ou solicitassem o seu recurso de volta.

Essa pergunta aqui sobre rentabilidades acima de 1% são consideráveis impossíveis, isso e aquilo, eu já discordo plenamente. Na verdade, a nossa rentabilidade é variável, é aquilo que nós temos capacidade de fazer dentro das operações com as quais a gente consegue entregar como resultado. Eu sempre intitulo que, se realmente isso fosse verdade, que acima de 1% é coisa impossível de ser alcançada e etc. Então a maioria dos fundos de investimentos, como até mesmo a BlackRock, que é o maior fundo de investimento hoje, eles têm produtos de investimento que rentabilizam mais de 120% ao ano. Não é garantido, é de forma variável, mas eu te pergunto: 120% por ano dividido por 12, estamos falando de um astronômico percentual de 10% para cima. E isso é histórico que está disponível para qualquer pessoa checar. Então, essa história de que acima de 1% é considerado fraude, é impossível, porque justamente muitas pessoas colocam como comparação o Warren Buffet, que tem a sua carteira de investimentos que rentabiliza em torno de um ponto alguma coisa ou 1%. Então todo mundo utiliza esse histórico dele para dizer que tudo em cima disso é um absurdo, porque é o maior investidor do mundo e tem isso. Mas na verdade o Warren Buffet não investe exatamente em renda variável, ele busca muitos produtos de renda fixa, e realmente, renda fixa você rentabiliza um percentual específico muito baixo. Acima de 1% é, sim, possível de atingir, desde que você faça com gestão, capacidade, que você tenha experiência. Porque você sabe, quanto mais você busca rentabilidade, mais exposto ao risco você fica.

Isso era deixado claro nas conversas e está claro no contrato?

Sim, isso era deixado claro. Em nossos contratos com nossos clientes nós sempre informamos que é até 5%. Até 5% e 5% fixos são duas coisas totalmente distintas. Então, a nossa rentabilidade vinha de uma variedade, a gente entregava sim um percentual variável, porque, justamente no momento em que tivéssemos um mês ruim, aquele mês anterior que foi muito bom, a gente conseguiria ainda distribuir lucro para os nossos clientes. Por isso que nós nunca falamos que é 100% fixo, que todo o resultado da empresa é 100% fixo e etc. Sabemos da alta lucratividade que o mercado de cripto permite, mas ainda assim nós sempre desenvolvemos uma gestão muito adequada. Em virtude dessa gestão e da experiência profissional que a empresa tem, na época em que estávamos operando dentro da FTX, nós chegamos, inclusive, no ranking 46 da FTX de mais de 1 milhão de contas no mundo como conta lucrativa. Chegamos no ranking 46. Isso era público, qualquer pessoa podia consultar o nome da empresa e ver que realmente a gente chegou dentro desse ranking. Dentro de 1 milhão de contas, você chegar no número 46 do ranqueamento como um professional trader, isso realmente é uma estimativa de resultado, isso demonstra a capacidade operacional que a empresa tem.

As pedras de Alexandritas existem? Elas chegaram a ser oferecidas como garantia?

Sim, elas existem. Tem laudo. Elas são totalmente reais. Totalmente reais. Elas serviam, e servem, como uma garantia. Qualquer eventual perda financeira, a empresa iria buscar através da Alexandritas uma maneira de monetizá-las, seja via crédito bancário, seja via empréstimo interbancário, alguma situação do gênero. Iríamos buscá monetizar-las para que possamos ressarcir os clientes. Hoje a gente está buscando essa solução em exclusivo. Nós estamos tratando com alguns créditos, buscando maneiras de monetizá-las para justamente nós fazermos essa etapa do ressarcimento. Já existem sim conversas, e aqui eu não posso compartilhar por questões de sigilo e até mesmo para não atrapalhar o andamento disso para que a gente possa concluir e na sequência fazer o ressarcimento dos clientes. Elas são existentes sim. Agora, claro, nenhum cliente quer receber um pedaço da pedra; apesar de que, contratualmente falando, se você investiu R$ 100 mil conosco e a gente chega para você com R$ 100 mil em alexandritas, teoricamente, no contrato, eu estou fazendo uma quitação, porque estou repassando aquilo que está combinado via contrato. Porém, a gente sabe que todos querem liquidez, ou seja, recurso de forma monetária. Então é isso que estamos buscando e tratando e em breve nós vamos conseguir concluir algumas negociações em relação a isso.

Quando a Xland notou que os negócios não iam bem? Quais as primeiras medidas tomadas?

Primeiramente, a nossa identificação foi logo em outubro, quando a FTX começou a paralisar os saques das contas institucionais e de imediato a gente percebeu que isso estava muito estranho, porque nunca havia acontecido. E no momento em que começamos a nos certificar do que estava ocorrendo, em seguida deu a paralisação de forma geral e o anúncio por parte da própria FTX dizendo que eles estavam praticamente insolventes e entrando com uma recuperação judicial e deixando praticamente 100% de todas as pessoas, sejam elas clientes normais ou institucionais, como no nosso caso; nós éramos uma instituição registrada dentro deles, então nós ficamos praticamente com uma mão atrás e outra na frente, tendo que buscar soluções de uma forma rápida, sabendo que não seria tão rápidas assim. Porque você acaba percebendo que não é rápida essa forma de você buscar uma monetização dessa quantidade toda de alexandrita.

Toda a crise foi causada pela quebra da FTX?

Sim, sim. Tudo isso veio através dos problemas acarretados pelo congelamento dos saldos de todos os clientes da FTX, inclusive o nosso, impedindo que nós pudéssemos fazer qualquer tipo de transação para os nossos clientes e até mesmo para a empresa.

Gustavo Scarpa alega que teve problemas para receber em setembro, dois meses antes da crise da FTX. Isso procede? Houve pagamento na época? Se não, por qual motivo?

Sim, o Gustavo, se não me engano, havia solicitado o capital dele em agosto do ano passado. Toda a rentabilidade mais o capital dele. Naquela época em que nós percebemos isso… como eu te falei, nós sempre fizemos as operações. Então o Gustavo estava quebrando o contrato dele conosco. O contrato dele ainda não estava vencido, ainda teria mais ou menos uns sete ou oito meses pela frente, e ele estava quebrando o contrato dele conosco no sentido de querer o investimento dele de forma imediata. Nesse momento nós pegamos um avião, eu e meu sócio, fomos até ele e mostramos que nós nos encontrávamos em operação. Porque a gente sempre operou o capital de nossos clientes. Então a gente se encontrava em uma operação que se encerrava em outubro, e informamos a ele, dissemos 'olha só, Scarpa, em outubro, quando estiver finalizada essa operação, a gente faz sim a sua devolução junto com a sua rentabilidade'. E ali ficou combinado dessa maneira. Porém, chegou outubro e veio toda essa situação da FTX.

Nas reportagens, tanto o William, quanto Scarpa, outros investidores e a própria Xland alegam ser as vítimas. Neste caso, existe um vilão? Se sim, quem ou o que seria?

Assim como nossos clientes, nós também somos vítimas do caso da FTX. Na verdade, não somente nossos clientes e nós, mas diversas pessoas no mundo. Hoje, se você acessar o site da FTX, você vai ver uma lista de credores. Por enquanto estão somente os residentes americanos, não está disponível para quem é estrangeiro se habilitar na recuperação judicial da FTX. Mas se você vê ali a lista de credores americanos, você vê, inclusive, a própria Apple. A Apple com recursos lá dentro. Então você vê gigantes, fundos de investimentos que também estão nessa lista de credores para serem ressarcidos pela FTX.

Já conseguiu tirar alguma lição disso tudo ou ainda não deu tempo?

Confesso para você que uma lição disso tudo… eu estou começando a refletir agora com toda essa exposição midiática em cima da empresa, de mim, do meu sócio, de nossas esposas. A gente tem recebido bastante mensagens ameaçadoras, e isso é muito ruim. Ainda não tive essa conversa com meu sócio, mas acredito que se tiver essa conversa com ele, a gente vai repensar em continuar a nossa atividade ofertando para outras pessoas a nossa experiência, a nossa expertise, o nosso profissionalismo. Talvez a gente guarde o nosso talento para nós mesmos.

Os investidores serão ressarcidos? O que falta para isso começar a acontecer? Tem uma estimativa de quando conseguirá solucionar tudo?

Sim, todos os nossos clientes serão ressarcidos. Nenhum cliente da Xland vai abrir a boca e falar: perdi dinheiro com a Xland. Não vai ter essa possibilidade. Isso tudo porque nós estamos buscando soluções, soluções plausíveis, as quais vão entrar em vigor nos próximos dias e através disso a gente venha a conseguir ter esse êxito.

Passando por essa crise, pretende seguir no ramo de investimentos, especialmente das criptomoedas?Sim, passando tudo isso, a gente quer continuar dentro desse ramo. Só não sabemos se vamos continuar o nosso talento a outras pessoas como uma forma de a gente continuar as atividades da empresa. Isso eu não tenho como te afirmar agora. A princípio, sim, nós sempre tivemos convictos que voltaríamos às nossas atividades, mas depois dessa exposição midiática dessa forma, como a gente está sendo rotulado, taxado, enfim… está sendo muito doloroso suportar tudo isso, mas a gente tem fé em Deus que essas coisas serão resolvidas e dessa maneiras nós vamos repensar se iremos continuar ou não, depois de tudo isso passando, se vamos continuar tendo esse privilégio de permitir pessoas fazerem investimento conosco e cuidar dos recursos dessas pessoas como a gente vem cuidando ao longo dos anos.