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Outros Esportes / BREAKING NO BRASIL!

Após confirmação do Breaking em Paris 2024, principais atletas do Brasil comentam sobre expectativas e o retrato do esporte

Isabela Gonçalves, a Itsa, e Fabiana Balduína, a FabGirl, ganham destaque nos palcos mundo afora e se tornaram esperanças para a modalidade

Marcello Sapio Publicado em 16/12/2020, às 18h00

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FabGirl (esq.) e Itsa (dir.) são as esperanças do Brasil em Paris 2024 - Reprodução Instagram / Divulgação
FabGirl (esq.) e Itsa (dir.) são as esperanças do Brasil em Paris 2024 - Reprodução Instagram / Divulgação

O dia 7 de dezembro de 2020 foi, com toda certeza, um dos dias mais importantes para a história do Breaking: O dia em que a modalidade de dança fora incluída no cronograma Olímpico de 2024.

Essa entrada da modalidade não foi uma surpresa e já era discutida há tempos por especialistas, em uma tentativa do COI para atrair os públicos mais jovens, o que, de certa forma, desagradou uma parte dos fãs.

Polêmicas à parte, o fato é que teremos o Breaking em 2024, em uma edição histórica. Mas a pergunta que fica é: Como o Brasil pode chegar na modalidade?

O SportBuzz conversou, de forma exclusiva, com a Isabela Gonçalves, a Itsa, e a Fabiana Balduína, a FabGirl. Elas são duas das principais atletas do nosso país e já deram bons frutos para o país.

Antes de começar, vale ressaltar uma reparação: O nome certo da modalidade é Breaking, e não Break Dance, como foi, de forma equivocada, disseminado ao longo desses anos.

O movimento surgiu como uma manifestação da população mais vulnerável, nos Estados Unidos, na década de 80, fazendo com que o Breaking fosse entrelaçado à cultura das ruas. Por aqui, seguiu a mesma pegada.

"Conheci o Breaking em 2001 por meio de oficinas de danças urbanas de uma ONG chamada Ação Esperança, é uma instituição que oferece diversas atividades gratuitas para jovens em situação de vulnerabilidade social do Vale do Amanhecer, um bairro de Brasília", relatou Fabiana, sobre o seu início na dança.

Já Itsa teve o seu começo de carreira de um modo bem mais "familiar": "Eu tinha 12 anos quando meu primo se tornou meu vizinho. Ele dançava Breaking no quintal e eu só ficava olhando pelo muro o que ele estava fazendo. Mais tarde, consegui convencê-lo a me levar em um dos treinos, desde então nunca mais parei de dançar".

Elas também relataram certo entusiasmo com a inclusão da modalidade em Paris 2024, mas fazem ressalvas quanto ao desenvolvimento do Breaking no Brasil, já que ainda não se tem uma Federação Nacional.

"Existem interesses econômicos por trás disso, para além do desejo de adicionar ao esporte uma dimensão mais artística e urbana como mencionou Tony Stanguet, presidente do comitê organizador da Olimpíada na França. Independente disso, é positiva essa entrada, pois teremos uma ampliação na cadeia produtiva dessa dança-esporte, ampla divulgação mundial, podemos viver outra febre mundial como foi nos anos 80. É economicamente viável, mas com isso tem também os contras, sabemos bem que a realidade do Brasil é outra. Se outros esportes têm muita dificuldade, imagine o Breaking? Quero pensar que dentro disso tudo a comunidade do Breaking comece a se preparar profissionalmente para gerir os processos que estão por vir, como centro de treinamentos, criação de federações, etc. Esse será o maior desafio", argumentou Fabiana que, além de atleta, é empresária de uma academia de formação de dança Breaking.

Itsa seguiu a mesma linha de pensamento, trazendo à discussão também a importância cultural e artística que a modalidade carrega: "Vai trazer muitas oportunidades, abrir mais um campo de atuação para quem é do Breaking é fantástico. Mas precisamos nos atentar ao fato de que, antes disso, o Breaking é estilo de vida para muitas pessoas, antes de ser visto como competição, temos que entender que isso é uma forma de arte, e que existe uma história, uma cultura muito viva ainda por traz dessa dança. Precisamos de incentivo das entidades governamentais e midiáticas, uma estrutura que ofereça a possibilidade de prática para aqueles que desejam competir".

Fabiana, como dissemos acima, é empresária e possui uma escola de formação especializada de Breaking, a Drop Education.

Logo, além de estar na "linha de frente" dos Jogos, como uma provável atleta olímpica, ela também olha no macro, como alguém que trabalha com esportes.

Assim, ela vê, tanto em seu grupo, a BSBGRILS, sediada em Brasília, quanto em sua escola, a oportunidade de ser um seleiro de talentos para o Breaking em solo nacional: "Escola vai descobrir e preparar muitos talentos para as Olimpíadas e eventos artísticos do Brasil e do mundo, porque entendemos que essa 'artsport' do Breaking é uma potência e estamos nos preparando para não só treinar pessoas, mas também para gerir empreendimentos com foco em dança-esporte Breaking e ser referência".

Para ambas (e para a maioria das pessoas que estão nesse meio), o Breaking transcende uma dança ou uma modalidade olímpica, como agora pode ser classificada. É um estilo de vida.

Fabi cita, em tom emocionado, como é a sua relação com o esporte, que pratica faz quase 20 anos: "O grande amor da minha vida não personificado. Poderia até enquadrar como estilo de vida, filosofia e/ou religião. Na verdade, eu vou ficar romantizando aqui algo que eu não sei expressar em palavras o que representa exatamente porque é algo muito profundo e particular...Um alimento da alma, do corpo, meu oxigênio? Não sei. Só não vivo sem".

Já Itsa coloca  o Breaking como uma ferramenta de conexão: "Breaking representa resistência, e ao mesmo tempo um lugar de acolhimento e diversão. É a ferramenta que uso para me conectar comigo mesmo".

E, para finalizar, as duas comentaram sobre as expectativas para as Olimpíadas de Paris 2024, mesmo faltando 3 anos e meio para o evento, elas já conseguem projetar um futuro por lá.

"Não só me imagino, como sei que estarei lá de alguma forma", disse FabGirl. Aos 38 anos, ela deixa o seu futuro em aberto, já que espera as diretrizes do COI para a competição.

Além disso, Fabiana integra a Confederação Brasileira de Dança de Salão, como uma consultora do Breaking, e pretende atuar também na parte mais administrativa do esporte.

"Pretendo estar, sim, na comissão que representa o Brasil nas Olimpíadas, mas não como atleta, como preparadora artística, talvez, como alguma figura dentro da CBDS", completou.

"Paris 2024 me aguarde. Vai ser muito gratificante pra mim estar representando meu país", por sua vez, profetizou Itsa.