Zagueiro do Flamengo, Rodrigo Caio alerta sobre saúde mental e faz dura reflexão sobre como as lesões podem prejudicar uma vida no futebol
Rodrigo Caio encerrou no final deste ano sua trajetória de cinco anos, com muitos altos e baixos. Entre muitos títulos com a camisa do Flamengo, muitas lesões vieram para atrapalhar a carreira do zagueiro. No último domingo, 3, o defensor foi reverenciado pela torcida no Maracanã, que apreciou sua participação nas 11 conquistas que tem com o Mengão. Durante uma conversa com o “Abre Aspas”, o jogador desabafou muito sobre os problemas físicos e mentais que teve nestes últimos tempos.
“As dores me fizeram refletir muito sobre o que o Rodrigo tem após o futebol. Às vezes, ficamos obcecados em jogar, treinar muito, isso, aquilo e não entendemos que a vida não acaba quando acabar o futebol. Eu tenho mais 50 anos pela frente e preciso estar saudável para aproveitar a vida, meus filhos, minha esposa, minha família”, desabafou o zagueiro. Rodrigo chegou ao seu extremo físico e mental por conta das lesões, foram mais de 300 dias e 58 jogos longe do campo, segundo o site “Trasnfermarket”. Cirurgias, dores e até mesmo uma infecção hospitalar fizeram o jogador pensar em se aposentar já no começo de 2022, com somente 28 anos de idade.
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“Eu estava no limite, peguei infecção, perdi oito quilos, pesei 67kg e estava muito mal. Treinava e saía fogo pela minha orelha, pela minha boca, de tanto antibiótico que eu tinha tomado por quase um mês. Era dor para caramba e eu falei: ‘Cara, vou parar!’”, revelou. O suporte de sua família e seu relacionamento com a religião ajudaram a passar por cima dos dias difíceis.
Rodrigo fez questão de ressaltar que sempre sentiu o apoio do torcedor nas ruas. Nas redes sociais, entretanto, piadas como “está se formando em medicina" ou "é jogador de vidro" pesavam em seu coração, tal como a falta de conversa e carinho das lideranças do departamento de futebol do Flamengo. “Eu nunca quis isso para a minha vida, nunca quis me machucar. É claro que eu senti falta de uma conversa, de me chamar e falar "estamos com você. O que você precisa? Precisa de ajuda?". Por mais que a gente seja forte, em algum momento a gente baqueia. A gente chega em casa e pergunta a razão. Por que acontece isso comigo? Em alguns momentos, eu me perguntei”, disse.
“Há pessoas que a partir de brincadeiras não estão nem aí para o seu bem-estar mental e físico, pessoas que não querem saber se você vai conseguir passar pelas dificuldades, querem brincar e zoar. Elas têm que ter essa atenção. O Rodrigo conseguiu superar, mas e o João: será que vai conseguir? Isso pode acabar não só com a carreira, mas com a vida de uma pessoa”, completou Rodrigo Caio.
Agora, livre no mercado, o jogador quer curtir as férias tendo a certeza de que a carreira vai continuar. Sem muitas oportunidades, o ano de 2023 pelo menos foi livre de lesões, fazendo com que o atleta esperasse um mercado interessante para a próxima temporada. “Ainda me sinto muito apto para performar. É isso que me motiva para continuar. Eu não quero ficar sofrendo e batendo cabeça se física e tecnicamente não estivesse bem”, afirmou.
“Eu não sou o jogador que era cinco anos atrás. Quando você passa por lesões que te machucam, isso é natural e eu tenho essa consciência. Algumas valências que eu tinha três, quatro anos atrás, eu não tenho mais. Mas eu não precisava usar outras características que hoje eu tenho o entendimento. Saber encurtar os espaços, jogar com a inteligência, e eu acho que isso faz a diferença”, finalizou.