Para entrar no clima de Tokyo, conheça um pouco da história de edições passadas das Olimpíadas
Abertura: 30.jul.1932 – Encerramento: 14.ago.1932
Abertura Oficial: Vice-Presidente Charles Curtis
Juramento dos Atletas: George Calnan
Países Participantes: 37
Total de Atletas: 1332 Homens: 1206 – Mulheres: 126
Brasil (Atletas): 67 - Homens: 66 – Mulheres: 1
Esportes: 18 - Eventos: 117
Quando em 1921, o Barão de Coubertin articulou para que os Jogos fossem em Paris, ele garantiu que a edição de 1932 seria realizada na cidade norte-americana de Los Angeles.
Mesmo com a grave crise econômica vivida nos Estados Unidos, devido à quebra da Bolsa de Nova York em 1929, durante nove anos Los Angeles se preparou para os seus primeiros Jogos aos moldes de uma superprodução de Hollywood.
O governo californiano concedeu uma verba de 1 milhão de dólares e mais 1 milhão e meio foi conseguido através das subscrições de bônus.
Com todo este dinheiro, o Estádio Coliseu, construído em 1923, foi ampliado para receber 105.000 pessoas, um parque aquático para 10.000 espectadores foi inaugurado e o estádio de rúgbi de Pasadena, com capacidade para 85.000 pessoas, foi convertido em velódromo.
Contudo, a obra mais espetacular, no estilo colonial espanhol, foi a Vila Olímpica para alojar as delegações, com 550 pequenas casas pintadas de branco e rosa, contando ainda com grandes jardins, restaurantes, agência bancária e dos Correios, biblioteca e salas de descanso. As 127 mulheres inscritas nos Jogos foram alojadas em um hotel.
Fato absurdo ocorreu com a delegação brasileira que sem dinheiro para enviar a maior parte da delegação, amontoou 69 atletas no navio Itaquicê com 50.000 sacas de café, tendo cada atleta uma cota a vender, para participar dos Jogos.
O resultado financeiro das vendas de café nos portos foi bastante ruim, pois os atletas eram melhores esportistas do que vendedores.
Então os chefes da delegação foram obrigados a escolher apenas aqueles que, técnica e fisicamente, tinham melhor preparo e mais chances de levar medalha em suas disciplinas. Apenas 45 atletas desembarcaram no Porto de São Pedro, a 19 quilômetros de Los Angeles, onde atracou o Itaquecê para o desembarque da delegação.
Os outros 24 atletas ficaram no navio. Graças aos bolsos de suas famílias, mais 21 esportistas, que viajaram por conta própria, juntaram-se aos 45 eleitos em Los Angeles, completando a equipe que finalmente participou dos Jogos.
O desfile de Abertura ocorreu no dia 30 de julho, e contou com apenas 37 países – devido à distância de Los Angeles e à crise econômica neste momento mundial - e 1.332 atletas, menos da metade de quatro anos atrás.
No programa de eventos esportivos, houve o retorno do boxe e a exclusão do futebol.
Outras novidades foram, a inclusão do pódio com os três lugares em desnível, o hasteamento das bandeiras com a execução do hino do vencedor, durante a cerimônia de premiação, e a utilização do sistema de “photo-finish” para elucidar os possíveis empates nas provas de atletismo.
Pela primeira vez, os Jogos duraram 2 semanas e no dia 14 de agosto, após a disputa do Grande Prêmio das Nações de hipismo, a cerimônia de encerramento ocorreu com muitas bandeiras e o público gritando o slogan havaiano “Aloa”, em sinal de adeus.
Medalha idêntica à medalha de 1928, exceto pela inscrição: "Xth OLYMPIAD LOS ANGELES 1932" (´X Olimpíadas LOS ANGELES 1932´).
Atleta | País | Esporte | Total | Ouro | Prata | Bronze |
Romeo Neri | Itália | Ginástica | 3 | 3 | 0 | 0 |
Helene Madison | Estados Unidos | Natação | 3 | 3 | 0 | 0 |
Depois do fracasso nas provas de velocidade em Amsterdã, os norte-americanos foram à forra e venceram cinco das seis provas, com destaque para o pequeno Thomas “Eddie” Tolan, de 1,65 de altura que, nos 100m rasos, venceu o compatriota Ralph Metcalfe, de 1,83 metro, estabelecendo ambos a marca de 10,3 segundos, novo recorde mundial, e deflagrando uma polêmica para saber qual dos dois era o vencedor.
Apesar de alguns juízes optarem pela vitória de Metcalfe, ao ser analisado o photo-finish decidiu-se pelo corredor com o dorso à frente: Tolan.
Ele venceu também os 200m e participou do quarteto formado exclusivamente por atletas brancos (talvez por racismo), ganhando sua terceira medalha de ouro no revezamento 4 x 100 metros.
A americana Mildred Didrikson, descendente de noruegueses e apelidada de “Babe”, meses antes dos Jogos Olímpicos, em campeonato no seu país, participou de oito provas e ganhou cinco.
Em Los Angeles, em duas horas e meia, com mais tempo entre as provas, ganhou os 80metros com barreiras e o lançamento do Dardo, ficando em segundo no salto em altura porque seu melhor salto foi anulado por ter passado primeiro a cabeça e depois as pernas; do contrário teria igualado à marca da primeira colocada.
Seis meses depois Babe seria declarada profissional por ceder seu nome a uma campanha de vendas.
Passando a jogar Golfe, ganhou dezessete torneios internacionais entre 1934 e 1950, sendo várias vezes a primeira no ranking mundial. Eleita “A Melhor Atleta da Primeira Metade do Século XX”, Babe morreu de câncer aos 42 anos.
Apesar do japonês Takashi Yokoyama ter dominado os 400 livres desde as eliminatórias, a final foi marcada por um emocionante duelo entre o francês Jean Taris, recordista e campeão mundial, e o americano Buster Crabbe.
Na metade da prova Taris liderava com dois corpos de vantagem quando, na marca dos 300 metros, a vantagem caiu para um corpo. Faltando 25 metros para o término da prova Crabbe o igualou, vencendo por apenas 1 centésimo de segundo.
Relembrando a vitória anos depois, Crabbe declararia: “foi o centésimo de segundo que mudou a minha vida e fez com que os produtores de Hollywood descobrissem o meu talento artístico”!
Ele se tornou famoso ao atuar também como Tarzan, Buck Rogers e Flash Gordon, morrendo no dia 23 de abril de 1983, aos 75 anos.
A equipe da Irlanda do Norte, formada por apenas três atletas, saiu de Los Angeles com duas medalhas de ouro.
A primeira do médico Patrick O’Callaghan, que se sagrou bicampeão no Arremesso do Martelo com novo recorde mundial; e a segunda de Morton Tisdall nos 400m
com barreiras com o tempo de 51,8 segundos, que deveria ser um recorde olímpico e mundial, mas como Tisdall derrubou a última barreira, foi considerada a marca obtida pelo segundo colocado, do norte-americano Glenn Hardin, como estabelecia o regulamento da época.
A maior controvérsia das Olimpíadas foi a primeira dúvida sobre o sexo da polonesa Stanislawa Walasiewicz, residente nos Estados Unidos, mas competindo por sua pátria de nascimento.
Com traços masculinos e poucas formas femininas, ganhou com facilidade os 100 metros.
Após os Jogos ela naturalizou-se americana e ganhou 28 títulos nacionais em diversas provas durante quase 20 anos (100, 200, 80 com barreiras, salto em distância e lançamento do disco). Na biopsia após sua morte ficou comprovado que na verdade Stanislawa era um homem.
O norte-americano George Roth (ouro no Club Swinging), que chegou a ficar 15 dias sem comer durante a grande recessão de 1929, por estar desempregado, passou a treinar para os Jogos na Vila Olímpica, a troco de comida para sua mulher e sua filha. Para ter sorte na competição, ele apresentou-se com uma botinha de sua filha dentro da sua sapatilha.
É muito interessante o relato do espírito olímpico de Adalberto Cardoso, inscrito pela equipe do Brasil para a prova de 10.000m rasos. Disposto a participar de qualquer maneira, ele percorreu a distância de quase 400 km entre São Francisco, onde o barco brasileiro ficou finalmente aportado, e Los Angeles a pé, correndo e de carona... Levou um dia, chegando dez minutos antes da prova!!!
A história imediatamente se tornou pública e Adalberto Cardoso, mesmo terminando a prova em último lugar, foi aplaudido pela plateia— que, como ele, entendeu o ideal do Olimpismo que tinha inspirado o Barão Pierre de Coubertin: O importante é competir”, como bem o diz o site oficial do COB.
No dia seguinte, os jornais o batizaram de Iron Man, o Homem de Ferro.