Sadio Mané, do Liverpool, revela que construiu hospital em Senegal e relembra morte do pai: "Dar esperança às pessoas"

O craque do Liverpool, o senegalês Sadio Mané, sempre chamou a atenção por se envolver em causas sociais, principalmente envolvendo questões na África, seu continente de origem.

Em uma declaração para o documentário "Made in Senegal", que conta a história do jogador - e estará disponível em uma plataforma digital -, Mané revelou que construiu um hospital perto da aldeia onde foi criado, no Senegal.

Este hospital, que deve ser inaugurado em breve, fica próximo a vila de Bambali, uma vila em Sédhiou, onde cerca de 70% da população vive na pobreza, segundo o Banco Mundial.

Em uma das cenas do documentário, Sané relembrou a morte do pai, quando ainda era jovem: "Eu tinha sete anos. Estávamos prestes a brincar no campo de futebol quando um primo se aproximou e disse: 'Sadio, seu pai faleceu'. Eu respondi: 'Sério? Ele está brincando...'. Eu realmente não conseguia entender"

"Antes de morrer, meu pai ficou doente por semanas. Nós trouxemos alguns remédios tradicionais e isso o manteve estável por três ou quatro meses. A doença voltou, mas dessa vez os remédios não funcionaram. Como não havia hospital em Bambali, eles o levaram para uma vila próxima para ver se conseguiam salvá-lo. Mas não conseguiram", completou o camisa 10 dos Reds.

Mané relembra com bastante emoção do pai e revelou ainda a preocupação com a mãe: "Quando eu era jovem, meu pai sempre me dizia o quanto ele se orgulhava de mim. Ele era um homem de um grande coração. Sua morte teve um grande impacto em mim e em toda a família. Falei a mim mesmo: 'Agora preciso fazer o máximo para poder ajudar minha mãe'. É algo difícil para lidar quando se é tão jovem."

O senegalês se mostra bastante ativo nas questões sociais e de saúde pública do país, principalmente perto da vila onde cresceu. Recentemente, ele inaugurou uma escola na mesma província, além de ter doado cerca de 40 mil libras, R$256 mil, para o Governo no combate ao coronavírus.

"A educação é a chave. A escola vem em primeiro lugar. Talvez, se houvesse uma escola melhor quando eu era mais jovem, eu poderia ter estudado mais. Mas não foi o caso - eu estava na vila. Então, todos os meninos de lá querem jogar futebol e ninguém mais quer ir à escola. Eles só querem ser um jogador de futebol como eu... Mas eu sempre digo a eles para garantir que eles tenham uma boa educação e estudem. É claro que eles podem continuar jogando futebol, mas isso os ajudará a ter mais sucesso no que estão fazendo. Não é mais como quando eu era jovem, porque era muito difícil naquela época." relatou o senegalês.

O jogador ainda relembrou um episódio quando a irmã mais nova dele nasceu: "Lembro também que minha irmã nasceu em casa porque não havia hospital na nossa aldeia. É uma situação muito triste para todos. Eu quis construir um hospital para dar esperança às pessoas."

Mané também revelou quando precisou sair de casa para correr atrás do sonho: "Foi difícil porque não tinha ninguém para me ajudar a alcançar o meu sonho. Mas eu nunca deixei de sonhar. Foi realmente difícil deixar minha família na vila e ir para Dakar (capital do Senegal), mas eu sabia que poderia ser bem sucedido. Depois disso, minha família começou a levar mais a sério e soube que eu não queria fazer outra coisa. Eles sabiam que não tinham escolha, então me ajudaram."

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