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Yaras: Um roteiro mais que folclórico no Rugby Nacional

Faltando pouco mais de três meses para os Jogos Olímpicos, as Yaras buscam, tal qual como no Folclore, um desfecho extraordinário em Paris

Gabriella Vivere Publicado em 22/04/2024, às 15h19

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Seleção feminina é a maior potência sul-americana no esporte - Reprodução / Confederação Brasileira de Rugby
Seleção feminina é a maior potência sul-americana no esporte - Reprodução / Confederação Brasileira de Rugby

O rúgbi não é um esporte nada usual aqui no Brasil. O esporte que é um dos que foi dissolvido no que gerou o nosso tão amado futebol, ficou muito famoso no Reino Unido e na Oceania. Com a baixa popularidade, o rúgbi é um esporte de nicho nas terras tupiniquins, mas uma história chama muita atenção para as Olimpíadas. A escalada é grande, e por ser um esporte tão dinâmico, como o caso do Rugby Sevens, que é jogado nos Jogos Olímpicos, é improvável, mas não é impossível.

Apesar da baixa popularidade, a Seleção Feminina (as Yaras) é a maior potência sul-americana no esporte. Até 2020, nunca haviam perdido um jogo para uma seleção do mesmo continente. São 18 títulos sul-americanos, participação nas 3 Olimpíadas, e agora, cadeira cativa no circuito mundial. Apesar de ter um ciclo nichado, não dá para negar que as Yaras se sobressaem todo dia mais e mais, para que cada vez mais elas se superem.

Para lidar com todo o sucesso e fracasso dentro do esporte, além das qualidades técnicas e táticas, é necessário que o mental esteja alinhado dentro dos propósitos esperados. E isso, explica o mentor esportivo e empresarial, Zé André: “Apesar das vitórias terem o melhor gosto possível e condicionam nosso cérebro a sentir as melhores sensações, é em situações negativas que nós nos provamos como fortes. É saber aprender das decepções, tirar lições das mesmas para melhorar e conseguir se superar sempre.”

A boa campanha, acompanhada do reconhecimento das grandes seleções, se dá muito em conta de uma pessoa que nem brasileira é. Will Broderick, inglês que sempre foi fissurado no esporte, veio fazer uma ação visando divulgar o esporte aqui no Brasil, em 2013, com apenas 20 anos. A ideia era ficar seis meses, mas batendo de cara com um projeto ainda maior, ele decidiu ficar - sem nem gostar de São Paulo, a cidade onde mora. Will assumiu as Yaras em 2020, depois de jogar profissionalmente por aqui, e auxiliar na confederação brasileira. 

“Eu acabei ficando. Sinceramente, eu não gosto de morar em São Paulo. Eu amo o que eu faço. Fico aqui por causa das meninas, da comunidade de rúgbi, que eu acredito que tem muito potencial. Para isso, são necessárias pessoas que estão focadas em desenvolver a parte de desenvolvimento, mas também sempre com o olhar de como a gente pode estar criando linhas de comunicação entre clubes, entre projetos sociais. Trabalhei desde projetos sociais até nas seleções. Consegui viver em todos os aspectos do rúgbi brasileiro até agora. Fico por causa disso”, contou o mesmo em entrevista, com o projeto de transformar a seleção em um nível parelho a sua terra natal.

A seleção, formada por jogadoras que dedicam mais amor ao esporte do que são influenciadas a jogar, tem todas muita gana para o mesmo e também mostram histórias surreais. Como é o caso da Aline Furtado, jogadora da seleção, que teve suas primeiras convocações jogando ainda pela USP (Universidade de São Paulo). A heptacampeã sul-americana refletiu em suas redes sociais, após ser homenageada: “Ontem recebi uma homenagem que foi de esquentar o coração viu… Primeira atleta que jogou a NDU (Novo Desporto Universitário) a atuar nos Jogos Olímpicos. Na minha fase de atleta universitária participei de muitas competições de atletismo e basquete, o rugby apareceu um pouco mais tarde, mas ainda assim foi lá na faculdade que o conheci e já me apaixonei. Quando paro e penso nesse início, tenho realmente muito orgulho por como encarei e me envolvi em cada fase. Aliás, quem diria que jogar rugby na faculdade me levaria onde estou hoje hein!”

Com toda essa história, as Yaras podem ser as únicas representantes sul-americanas no Rugby Feminino dos jogos em Paris, caso a Argentina ou o Paraguai não consigam a vaga na última repescagem. A seleção brasileira tem um ciclo maravilhoso, tendo batido potências como o Canadá e a Irlanda em meio ao Circuito Mundial, e conta com tais destaques para, quem sabe, atingir um pódio. Entre os dias 28 e 30 de julho, no Stade de France, as Yaras jogarão suas vidas por uma medalha inédita ao Brasil.