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Vôlei / EXCLUSIVA!

Lucão fala sobre ida ao Campinas e relembra problemas do Taubaté: "Muito desgastante"

Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Lucão contou detalhes dos bastidores vividos no Taubaté

Guilherme Assumpção Publicado em 10/11/2021, às 16h52 - Atualizado às 17h25

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Lucão contou detalhes dos bastidores vividos no Taubaté - GettyImages
Lucão contou detalhes dos bastidores vividos no Taubaté - GettyImages

Com grande história no voleibol mundial, o central Lucão vive momento de adaptação com a camisa do Vôlei Renata/Campinas. Após conquistar mais dois títulos de Superliga com o Taubaté, o jogador aceitou a proposta do time campineiro e já venceu por lá também.

De olho na sequência da carreira, Lucão é visto como um dos grandes nomes e uma das maiores apostas do projeto montado pelo Vôlei Renata/Campinas. Porém, a chegada do central multicampeão foi possível apenas pelo fim da equipe de Taubaté.

Por conta dos inúmeros problemas financeiros, o Taubaté precisou abrir mão de diversos jogadores e se mudou para Natal, já que perdeu o apoio da Prefeitura e não teve como bancar os campeões olímpicos que ali estavam.

Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Lucão relembrou o fim do projeto de Taubaté e detalhou os inúmeros problemas vividos nos bastidores. Além disso, o central também falou sobre o novo desafio com a camisa do Vôlei Renata/Campinas. Confira!

Lucão contou detalhes dos bastidores vividos no Taubaté (Crédito: Renato Antunes/Agência Maxxsports)

CHEGADA AO TAUBATÉ!

No ano de 2018, Lucão deu os primeiros passos com a camisa do Taubaté. Após nova passagem pelo Sesi, o central preferiu por seguir no estado de São Paulo, mas mudou de ares ao acertar com o clube da apaixonada torcida do Abaeté.

Apesar da empolgação vivida na época, Lucas revelou que sempre soube das dificuldades financeiras apresentadas pelo projeto de Taubaté. Segundo ele, o clube sempre demonstrou capacidade de reagir ao final da temporada para resolver os problemas.

Apesar disso, Lucão pôde observar a evolução do desgaste dentro do projeto. Questionado pela reportagem do SportBuzz, o atleta deu detalhes sobre os bastidores do momento vivido pela equipe na parte financeira desde 2018 até parte do ano de 2021.

Quando eu fui jogar no Taubaté, a gente já sabia que tinham tido outros anos com problemas de atraso de salários, mas que sempre chegava no final da temporada tinha um acerto, tinha ajuste, tinha alguma coisa. Em primeiro lugar, a única coisa que tenho para falar é que é uma cidade apaixonada por voleibol, era um clube onde era muito gostoso de jogar e que o ginásio estava sempre lotado, a gente tinha um respaldo da cidade fantástico”, contou Lucão.

Era um lugar maravilhoso para morar onde meu filho foi praticamente criado, as lembranças que ele tem são de lá, tanto que ele fala o tempo inteiro que quer voltar a morar lá. Mas a gente via que o projeto era desorganizado nessa parte de estruturação financeira. Todos os anos tinha problemas de atraso, dois, três, quatro meses. Acabava que ficava muito desgastante porque a gente tinha que ficar ameaçando o tempo inteiro sobre ‘ah, vamos jogar, não vamos jogar’. ‘Vamos treinar ou não vamos’”, detalhou.

’Se não entrar dinheiro não vamos viajar para tal campeonato’. Então esse tipo de coisa acaba tendo um desgaste. Eu vejo muito por sorte que nesses três anos que eu estava lá a galera era muito tranquila quanto a isso. Porque se tivesse um grupo mais estourado talvez a m*** já tinha ido para o ventilador e tinha voado a muito tempo”, disparou o central.

PRINCIPAL ERRO!

Ainda sobre o fim do projeto de Taubaté, Lucão revelou que o principal erro da equipe foi ter aumentado ainda mais o orçamento para a temporada 2020/2021, já que vinha com dificuldades desde a pandemia e optou por montar uma verdadeira seleção.

Para mim, o grande erro que eles cometeram foi no ano da pandemia onde teve a redução contratual. A gente sabia das dificuldades que ia ser de um ano de pandemia, só que eles foram lá e dobraram a aposta em termos de contratação. Acabaram contratando jogadores mais caros, acabaram subindo o orçamento da equipe onde não tinha condições de pagar, onde não sabia de onde iria vir o dinheiro”, apontou Lucão, que emendou:

E a gente sabe que lá era um time da Prefeitura, que estava por trás e contando talvez com uma vitória da chapa que o prefeito estava apoiando e não foi o que aconteceu. Acabou que quando trocou o prefeito não tinha mais esse respaldo e acabou que o prefeito atual falou ‘não, para mim não dá’. E a gente sabe como funciona a política. Ninguém quer estar por trás do projeto que o outro criou, não quer ficar na sombra do que um outro prefeito fez”.

Lucão é um dos atletas mais vitoriosos da história do vôlei (Crédito: GettyImages)

DISCUSSÕES INTERNAS!

Questionado pela reportagem do SportBuzz sobre os motivos para que todos os problemas dentro do Taubaté tenham sido pouco abordados pela mídia, Lucão reconheceu a importância de manter as discussões e as reuniões dentro de casa para que tudo se resolva.

Eu acho que quando você está num projeto, você tem que saber que quanto mais roupa suja sair de dentro de casa para lavar mais vai ser difícil para conseguir nossos objetivos. E o que a gente tem em voga é que não gostaríamos que o projeto acabasse. Porque a gente sabe muito bem que se a gente estoura e fala que não vai mais jogar, os patrocinadores fogem”, explanou.

Não vai conseguir manter uma equipe, outros patrocinadores não vão querer entrar. Então a gente pensa no projeto e no voleibol como um todo. O que a gente tinha para negociar, as brigas que a gente tinha, as reuniões intermináveis que a gente tinha quanto a isso, a gente fazia dentro de casa. Lavava a roupa ali e colocava os pingos nos ‘is’”, disse Lucão.

Dava certos prazos. Às vezes eles conseguiam cumprir certos prazos que a gente determinava. Então conseguimos ir levando até o final da Superliga assim, mas é uma coisa que é meio desgastante porque querendo ou não as coisas poderiam ter fluído ainda melhor se fossem mais bem organizadas”.

Lucão já foi campeão pelo Campinas ( Crédito: Pedro Teixeira - Vôlei Renata)

CHEGADA AO CAMPINAS!

Após comentar o fim do projeto de Taubaté, Lucão entrou no tema sobre sua chegada ao Vôlei Renata/Campinas. Fã da estrutura montada pela equipe, o central falou com muita animação sobre sua ida ao time campineiro e os primeiros momentos de adaptação.

Desde que começou essa insegurança toda do que ia acontecer no Taubaté, como que ia ser para nós essa temporada... o Weber já tinha me falado que eu era uma das prioridades de manutenção da equipe independente do que acontecesse. E aí a gente ficou conversando e conversando só que chegou num ponto que eu recebi uma conversa do Maurício [dirigente do Campinas] e ele falou ‘pô, você teria interesse de vir para cá?’”, detalhou Lucão.

Eu falei ‘é claro, Maurício. Acho o projeto legal, acho um projeto bem estruturado que poucos fazem igual vocês, que para mim é o jeito mais certo de fazer’. É um projeto que pode até dar lucro para a empresa que está por trás. Então, eu acho que é tudo bem estruturado. Depois disso tive uma conversa com o Marone, que é o supervisor da equipe, ele falou ‘tá Lucão, mas eu preciso de um número certo do que você precisa’. ‘Ah, Marone, eu não vou enfiar a faca, não vou falar nada. Vocês dando x para mim é o suficiente. Minha filha está nascendo, eu não estou querendo ir para fora nesse momento’”, contou.

E acabou que eles fizeram esforços ali com os patrocinadores, correram atrás de um orçamento extra e conseguiram me contratar. E eu fiquei muito feliz com essa iniciativa que o Vôlei Renata teve de tentar ir atrás e tentar me contratar. E é um lugar que estou me sentindo super em casa, porque além do projeto todo que é muito bacana, os patrocinadores que compram a ideia, são grandes amigos que eu tenho ali então fica ainda mais fácil de trabalhar”, festejou o camisa 16.

Lucão já deixou claro que segue à disposição da seleção de vôlei (Crédito: GettyImages)

ENTROSAMENTO!

Mesmo com pouco tempo no Vôlei Renata/Campinas, Lucão já faturou o título Paulista e vem demonstrando muito entrosamento com o levantador Demián González, que retornou de lesão na terceira rodada da Superliga.

Empolgado com os novos companheiros, Lucas fez questão de elogiar a forma de trabalho adotada no dia a dia, mas lamentou as recorrentes lesões que vêm prejudicando o rendimento do Vôlei Renata/Campinas neste início de temporada.

O Demián tem uma facilidade muito grande para jogar a primeira bola. Ele foi também um dos motivos para eu ter escolhido o Campinas, porque não adianta eu querer ir para um projeto onde talvez eu não consiga crescer. Eu tenho sim a pretensão de jogar fora. Ainda mais com a moeda do que jeito que está. Está muito difícil de ficar no Brasil se tratando de parte financeira”, disse o central, que emendou:

E querendo ou não eu sempre fui um cara que fui atacante depois vinha os outros fundamentos. E o atacante precisa de um excelente levantador ao lado, e ele [Demián] era um excelente levantador onde eu via que eu teria uma grande chance de pontuar bastante, que ele ia me usar como referência dentro da equipe. E desde o começo a gente teve um acerto muito bom. Foi muito fácil o ajuste não só com ele, mas como com toda a equipe. Toda a equipe é muito inteligente e muito fácil de lidar, de trabalhar, todos aceitam muito bem o trabalho. Então está sendo bem prazeroso”.

LESÕES!

Por conta das lesões de alguns jogadores, o Vôlei Renata/Campinas acumulou três derrotas nos primeiros jogos da Superliga. Para Lucão, o momento não é para desespero, já que os atletas lesionados devem retornar em breve e dar uma sequência maior de treinos.

Eu acredito que essa irregularidade da equipe ainda é um pouco de reflexo do que a gente vem sofrendo com lesões. Desde o começo da Superliga, nós tivemos o Demián, que é uma peça chave na equipe, que é um levantador que faz a diferença. A gente teve de novo agora a lesão do Temponi, que teve que ficar fora do outro jogo. Não estamos conseguindo dar uma sequência boa de treinamentos, a gente não está conseguindo forçar”, contou.

E nisso o Pacheco [treinador] também não pode exagerar em treinamento para não perder mais nenhum outro jogador. A gente tem alguns jogadores que estão em construção ainda que é o caso do Adriano, que é uma grande promessa e que vem se tornando realidade. Então quando a gente conseguir dar uma sequência boa e zerar essas lesões e ter um grupo de trabalho mais forte e mais consistente durante umas duas ou três semanas eu acredito que a equipe vai evoluir bem”, falou Lucão.

VEJA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA!

Título do Paulista!

- Felizmente a gente ganhou o campeonato, mas infelizmente a gente acabou tendo alguns momentos muito irregulares, de decisão, onde não conseguimos decidir a nosso favor, o que poderia ter facilitado um pouco mais o nosso título. Mas em casa, a gente acabou jogando muito bem né. Acabamos vencendo tranquilamente as decisões em casa e os dois Golden sets.

Superliga!

- Esse começo realmente foi pesado. Contra o Sesi, eu acredito que a gente teve a chance ali no quarto set de fechar o jogo, estava 20 a 15 para a gente, mas devido a essa nossa irregularidade mesmo, dessa falta de definição que a gente ainda está, nós não conseguimos fechar a partida. Mas eu acho que é isso. É dar tempo ao tempo. A gente tem mais um jogo difícil agora e a gente sabe que a Superliga está muito equilibrada em todos os âmbitos. 

- Talvez o Sada [Cruzeiro] que é o maior investimento, o resto está tudo muito equilibrado. Temos que ter paciência para entender nosso momento e não entrar num certo desespero. Está no começo do campeonato e a gente tem que entender, como eu falei no começo, nosso momento de treinamento, nosso momento de jogo, as lesões que a gente têm, que a gente sabe que lá na frente vão ser importantes quando eles tiverem voltando. Tentar pontuar o máximo possível enquanto a gente não conseguir estruturar um trabalho muito bom para a equipe crescer.

Família!

- É tudo! Eu acho que a minha família toda é muito parecida assim. Tenho uma esposa que é extremamente amorosa, companheira. O Theo é igualzinho. E a Maya está se saindo uma excelente companheira de dia a dia assim. Muito carinhosa, amorosa, sorridente. Então é muito engraçado isso. E faz com que a gente queira estar perto o tempo inteiro. Às vezes abdicar de um contrato um pouco maior, de uma garantia para o futuro para não perder esses momentos e eu sempre quis estar próximo, sempre quis estar do lado e eles são meu porto seguro. 

- A minha dedicação e meu empenho é igual até hoje nesse nível por pensar neles e pela força que eu tenho dentro de casa. Então eu brinco que nessa pandemia ou o casal vai viver o resto da vida pra sempre junto ou se separou. E foi impressionante como a nossa família ficou mais unida. Talvez por eu ficar muito tempo longe de casa eu não consigo acompanhar tanto quanto eu gostaria e eu consegui ficar sete, oito meses direto dentro de casa. E isso acabou sendo muito legal, fortaleceu nossa união e agregou para o crescimento da família.

Seleção dos melhores companheiros!

Levantador: Bruninho
Oposto: Leandro Vissotto
Ponteiros: Murilo e Earvin Ngapeth
Centrais: Lucão e Éder
Líbero: Serginho
Técnico: Marcelo Fronckowiak

Seleção dos melhores rivais!

Levantador: Luciano De Cecco (Argentina)
Oposto: Maskim Mikhailov (Rússia)
Ponteiros: Dante e Sergei Tetyukhin (Rússia)
Centrais: Robertland Simón (Cuba) e Dmitriy Muserskiy (Rússia)
Líbero: Jenia Grebennikov (França)