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Surfe / EXCLUSIVO!

Italo Ferreira revela desafio para 2022 e avalia aprendizado na WSL

Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Italo Ferreira analisou início de temporada e relembrou o caminho da tampa de isopor até o ouro olímpico

Guilherme Assumpção Publicado em 08/04/2022, às 18h00

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Italo Ferreira é um dos grandes nomes do surfe brasileiro - Marcelo Maragni / Red Bull / Divulgação
Italo Ferreira é um dos grandes nomes do surfe brasileiro - Marcelo Maragni / Red Bull / Divulgação

Mesmo com apenas 1,68m de altura, o surfista Italo Ferreira decidiu voar bem alto e colocar seu nome na história do esporte brasileiro. Com garra, foco e muito treino, o atleta de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, saiu de cima de uma tampa de isopor para pisar no lugar mais alto do pódio na disputa das Olimpíadas de Tóquio.

Apaixonado pelo surfe desde os oito anos de idade, Italo Ferreira sabia que precisava de muita força para superar os obstáculos da vida e chegar ao topo do esporte. No entanto, a palavra ‘desistir’ nunca fez parte do dia a dia do campeão olímpico. Por isso, o atleta alcançou tudo aquilo que almejava e não pensa em parar por aqui.

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Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Italo Ferreira abriu o coração e fez um balanço completo da carreira dentro do esporte. Desde as primeiras manobras até a disputa da quarta etapa do Mundial de Surfe, que tem início marcado para este sábado, 09. Bastante sincero, o campeão de Baía Formosa demonstrou todo seu foco durante a conversa. Confira!

Para começar, o surfista abriu o jogo sobre a atual temporada do Mundial de Surfe. Com início longe do esperado, Italo Ferreira teve que apertar o ritmo na disputa de Peniche, em Portugal, para recuperar os resultados ruins em Pipeline e em Sunset. Questionado sobre o tema, o atleta deixou claro que os primeiros eventos não saíram como o planejado.

Portugal foi o momento da virada para mim. Eu realmente não fui tão bem no Hawaii, talvez eu pudesse ter ido bem melhor, mas acabou sendo importante para eu observar os erros que cometi e melhorar tanto para Portugal quanto para as próximas fases”, iniciou Italo Ferreira, que ocupa a décima posição do ranking mundial.

Tenho grandes memórias na Austrália, espero que essas etapas [Bells Beach e Margaret River] também sejam marcantes e que tenham boas ondas. O plano é continuar focado e utilizar o meu treino e aprendizado”, completou o surfista, que precisa ficar entre os 24 melhores colocados para se garantir na luta pelo título mundial.

Italo Ferreira faz o número um com o dedo
Italo Ferreira sempre briga pelo número um nos torneios (Crédito: Marcelo Maragni / Red Bull / Divulgação)

Questionado pela reportagem do SportBuzz sobre os principais desafios nesta temporada, Italo Ferreira apontou para o aspecto psicológico e também para o alto nível imposto pelos surfistas em todas as etapas. Na visão do campeão mundial de 2019, se manter firme na parte mental vai ser muito importante para a sequência do ano.

Acredito que os maiores desafios têm sido em relação ao psicológico. Me manter equilibrado, ou seja, não ficar nervoso, mas também não me sentir confiante demais, o que pode acabar atrapalhando, é essencial agora. O nível do circuito está cada vez mais alto, e muita coisa mudou da temporada passada para essa, que está bem imprevisível. Pessoas que estavam no topo do ranking, agora estão no meio da tabela, e vice-e-versa”, avaliou.

OLIMPÍADAS!

Saindo da temporada do Mundial de Surfe e pegando a máquina do tempo, Italo Ferreira voltou aos momentos vividos em terras japonesas no ano passado e se mostrou muito grato por poder colocar a medalha de ouro no peito. Da tampa de isopor oferecida pelo pai, o surfista potiguar superou tudo e subiu ao lugar mais alto do pódio.

Parece clichê, mas passa um filme pela cabeça. A minha vitória nas Olimpíadas foi um reflexo de não só tudo o que eu já fiz na minha vida, mas também do que a minha família já fez por mim. Eu comecei a surfar no isopor que meu pai usava para vender os peixes na praia. Naquele momento, só queria estar com essas pessoas, que me ajudaram a construir o meu caminho, e me emocionei pensando na minha avó, que de fato sempre me incentivou”, relembrou.

Italo Ferreira vibrando na água
Italo Ferreira vibra com conquista olímpica (Crédito: GettyImages)

Apesar da conquista olímpica e histórica por ter sido o primeiro campeão de surfe no maior evento esportivo do planeta, Italo Ferreira sabe que a chegada até ali não foi nada fácil. Além das dificuldades já contadas, o atleta precisou superar uma prancha quebrada na grande final dos Jogos Olímpicos para vencer Kanoa Igarashi e ficar com a medalha de ouro.

Aquele momento foi o mais importante para mim, porque com a prancha que eu estava surfando, ela não iria suportar as ondas que estavam aumentando no momento da final. Eu tive a oportunidade de pegar uma prancha maior e mais forte. Tive sorte de ter quebrado a prancha no início da bateria, ainda tirar tempo de resetar tudo e vencer a final. Eu estava preparado para aquele momento!”, revelou Italo.

Aos 27 anos, Italo Ferreira sabe que é um dos grandes nomes do esporte mundial. Porém, a educação e a simplicidade fazem com que o campeão olímpico se veja apenas como mais um dos atletas do circuito. E é justamente isso que torna o filho de Baía Formosa no orgulho da Dona Mariquinha [avó], do Sr. Luiz Ferreira de Souza [pai] e da Sra. Katiana Batista da Costa [mãe].

VEJA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA!

Corte no meio da temporada e formato da final!

- Esse corte gerou bastante polêmica no meio do surf. Entendo a necessidade, e acredito que existam vantagens e desvantagens, como tudo na vida. De qualquer maneira, é uma pena vermos atletas tão talentosos, que treinaram o ano todo, de fora da competição. [Sobre o formato das finais] a bateria única cria um clima de tudo ou nada, que ao mesmo tempo pode parecer injusto, pois não reflete bem a competitividade de alguns atletas, mas também gera mais emoção.

Momento mais especial das Olimpíadas!

- Acho que o momento mais importante foi minha conexão com Deus durante todo o momento. Eu estava tão focado e confiante que nada me atrapalhou , o único momento que eu fiquei nervoso de verdade foi no início do evento, e dali pra frente Deus cuidou de tudo.

Pressão por resultados!

- A pressão por resultados existe, de fato, mas não é algo que eu deixo me afetar. Não acredito que o fato de eu ter sido campeão tenha mudado de alguma maneira a minha mentalidade nas competições, continuo focado nas ondas e na minha performance. O resto não importa tanto.

Mundial de 2019!

- Acredito que o reconhecimento foi muito importante, não só para mim como para fortalecer o surf em um cenário nacional, mas, além disso, me deu confiança de que eu estava de fato no caminho para conquistar os meus sonhos.

Italo Ferreira em ação
Italo Ferreira adora aplicar aéreos nas baterias (Crédito: Marcelo Maragni / Red Bull / Divulgação)

Preparação física e mental!

- Eu treino muito, tanto surf quanto musculação. Durante a pandemia, montei uma academia em casa, para me manter em forma. Acredito que esses exercícios ajudam tanto a parte física quanto psicológica, pois treinamos nossa resistência de todas as maneiras. E eu gosto de surfar nas baterias, independente de tá na prioridade ou não.

- [Sobre parte mental e Gabriel Medina] o Gabriel ter se afastado para se cuidar foi admirável, exemplos assim, como a atleta Simone Biles, nas Olimpíadas, são muito positivos pois existe, ainda, uma mentalidade no esporte que prioriza resultados em cima de bem-estar mental. Sempre me preocupei muito em cuidar da minha saúde mental, pois é o princípio de tudo.