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Outros Esportes / EXCLUSIVO!

De que maneira o adiamento das Olimpíadas pode impactar o desempenho dos atletas? Georgia Zattar explica!

Em conversa exclusiva com o SportBuzz, a triatleta e médica ainda detalhou os principais momentos da carreira

Redação Publicado em 22/03/2021, às 16h17

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Olimpíadas de Tóquio começam no dia 23 de julho - GettyImages
Olimpíadas de Tóquio começam no dia 23 de julho - GettyImages

Desde o ano passado, os atletas seguem com a expectativa lá no alto para a disputa de mais uma edição dos Jogos Olímpicos. Após o adiamento por conta da pandemia de coronavírus no ano passado, a nova data do evento está marcada para o dia 23 de julho de 2021.

Mesmo com a incerteza sobre a situação da pandemia há alguns meses, a organização das Olimpíadas decidiu manter a data de início. Porém, o evento não poderá contar com a presença de torcedores e voluntários estrangeiros.

Diante de todo esse cenário, os atletas seguem se preparando para a disputa das Olimpíadas de Tóquio 2020/2021. No entanto, o adiamento do evento pode trazer prejuízos tanto mentais quanto físicos, além da busca pela classificação em algumas modalidades.

Pensando nisso, o SportBuzz realizou uma entrevista com a triatleta e médica Georgia Zattar, que também está se especializando em nutrologia e medicina esportiva. Questionada sobre os impactos causados pelo adiamento, a doutora chamou atenção para os efeitos em atletas mais velhos.

“Agora imagina você estar totalmente preparado, saber que você está classificado, que a prova alvo da tua vida vai acontecer e do nada tudo se interrompe né.  Realmente deve ter sido muito difícil para os atletas, me imaginando ali no lugar deles. E isso impacta muito principalmente para atletas mais velhos. Atletas olímpicos de 35, 36 anos”, iniciou Georgia.

“Um atleta mais velho ele já é maduro, já está no segundo ciclo Olímpico ou no terceiro. Mas eu acho que todos foram impactados psicologicamente em relação à ansiedade principalmente. E muitos também mais ainda porque podem ter perdido a classificação, nem todos atletas estavam classificados. As provas iriam acontecer antes das Olimpíadas para realmente ter a classificação e essas provas classificatórias não aconteceram”, completou.

Questionada sobre as alterações que a pandemia de coronavírus causou em sua rotina como triatleta, Georgia Zattar apontou detalhadamente as maneiras como as três modalidades do triatlo se adaptaram ao novo momento.

Olha, eu sofri muitas alterações nos meus treinos. O triatlo é um esporte que a gente treina muito ao ar livre né, ciclismo corrida principalmente. A natação a gente depende essencialmente de uma piscina, então não tem como substituir se você não tem piscina, mas eu passei a treinar essencialmente indoor lá naquele início da pandemia”, contou Georgia, que emendou:

“Então o ciclismo eu achei tranquilo adaptar eu já costumava treinar Indoor e o ciclismo no triatlo a gente coloca a bicicleta num rolo, muitas vezes você tira a roda traseira, prende a bicicleta em um rolo, ele vai conectar na plataforma digital chamada Swift e é uma plataforma que todos os atletas do mundo todo estão pedalando ali."

CARREIRA COMO ATLETA

Com o início no esporte muito jovem, Georgia Zattar optou pela Ginástica Rítmica para dar seus primeiros passos como atleta. Porém, a falta de incentivo fez com que a brasileira decidisse abandonar a modalidade e partir para o curso de medicina.

Eu comecei com nove anos na Ginástica Rítmica e eu sempre foi muito movida por desafios, sempre amei o esporte, vida saudável, lifestyle, e a ginástica eu fui atleta de alto rendimento, com 12 anos eu fui para Bulgária fazer um treinamento profissional lá e a gente treinava 8 horas por dia e realmente o meu sonho era ser Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica (...)”, detalhou Georgia.

E aí eu vi que não tinha muito incentivo, não tinha muito apoio e assim eu fiquei pensando: ‘será que vale a pena eu me dedicar tanto aqui sendo que eu quero ser médica’. E aí eu tomei essa decisão de parar a ginástica e me dedicar à carreira de médica”, contou.

Questionada sobre a dificuldade de decidir abandonar o esporte, Georgia Zattar citou a imaturidade como ponto principal na dura escolha. Contudo, a ‘infelicidade’ nos treinos da Ginástica fizeram com que a brasileira tomasse tamanha decisão.

Muito difícil. Primeiro que eu não tinha maturidade, era muito nova, 16 anos, então eu lembro que eu fiquei um ano chorando todos os dias, sabe? Eu lembro que a primeira vez que eu fui conversar com a minha técnica foi muito difícil. Falar realmente ‘eu vou parar’, algo que eu me dedicava tanto”, revelou Georgia, que acrescentou.

E aí você pensa: 'nossa, me dediquei tanto para agora largar?’. Não sei se é muito isso que eu quero, só que o que começou a acontecer é que eu chegava para treinar todos os dias no ginásio, eu chegava chorando para treinar, porque eu estava vendo aquilo como um sofrimento já. Para mim já não era mais algo prazeroso”.

INÍCIO NO TRIATLO

Apesar da saída da Ginástica, Georgia seguiu realizando exercícios físicos e o gosto pelas atividades despertou um questionamento na atleta: “Por que eu gosto tanto de fazer isso”. Assim, a brasileira aproveitou uma mudança em sua vida pessoal para iniciar os treinos na natação e realizar a primeira inscrição para uma prova de triatlo.

“Quando eu parei a ginástica, eu fiquei fazendo musculação, corridas na praia, mas nada muito voltado para a performance. Simplesmente saía para correr e eu ficava motivada, sempre para querer me desafiar e eu não entendia porque antes de me tornar triatleta eu já gostava de treinar duas horas por dia sabe na academia mesmo aí eu ficava pensando: ‘porque eu gosto tanto de fazer isso?’. E aí eu fui vendo que a atleta ainda estava em mim”, contou Georgia.

"Quando eu me mudei para um prédio que tinha piscina, eu comecei a nadar e decidi me inscrever em uma prova de triatlo. Me inscrevi numa prova de triatlo, nunca tinha pedalado assim para pedalar realmente. Peguei uma bicicleta MTB velha, de praia, e fui fazer o primeiro triatlo.  Na prova, eu lembro que eu pensava ‘o que você tá fazendo aqui?’. Quando eu cruzei a linha de chegada pensei: ‘nossa quando é a próxima?’”, concluiu.