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Colin Kaepernick e sua figura na luta antirracista nos Estados Unidos

Da primeira manifestação em campo aos protestos por George Floyd: conheça o quarterback que arriscou a carreira na NFL pela luta antirracista

Gabriela Santos Publicado em 02/06/2020, às 11h30 - Atualizado às 19h35

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Colin Kaepernick iniciou uma onda de protestos dentro de campo - GettyImages
Colin Kaepernick iniciou uma onda de protestos dentro de campo - GettyImages

Após o assassinato do ex-segurança George Floyd, por um policial branco, em Minneapolis, nos Estados Unidos, o nome do quarterback Colin Kaepernick voltou a ser frequentemente mencionado por seu papel na luta antirracista e contra a violência da polícia norte-americana.

O episódio de Floyd, homem negro de 46 anos, sendo imobilizado pelo policial com os joelhos em seu pescoço, foi o estopim de uma onda de protestos no país desde o dia em que foi declarado morto ao chegar no hospital, em 25 de maio.

O nome do jogador de futebol americano, ex-San Francisco 49ers, foi destacado nos últimos dias por ele representar uma importante figura dentro do mundo esportivo, arriscando a carreira para usar sua visibilidade e inspirar o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre). 

Após a morte de Floyd, uma imagem circulou nas redes sociais justificando o motivo dos protestos do número 7, que começaram em 2016, quando se ajoelhou durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos. Continuando sua luta, que lhe custou a carreira na NFL até o momento, Colin Kaepernick se ofereceu a arcar com os custos de advogados para os manifestantes que tiverem problemas jurídicos por conta da causa. 

Nesta segunda-feira, 1, Kaepernick estampou a capa da Sports Illustrated com a frase "Now?" (Agora?), questionando se a população norte-americana agora entende o que motivou a onda de protestos do atleta. 

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SI Daily Cover: What do you think of Colin Kaepernick now? (Link in bio) 📷: Scott Cunningham / Getty Images

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Primeira manifestação

Em 26 de agosto de 2016, o 49ers enfrentou o Green Bay Packers pela primeira partida de pré-temporada da NFL. Antes do confronto, Kaepernick iniciou os seus protestos dentro de campo, quando, durante a execução do hino nacional norte-americano, ele se recusou a ficar em pé. Após a partida, o número 7 justificou sua ação:

“Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro e as pessoas de cor”, disse na época.

A recusa de Kaepernick dividiu opiniões no país: de um lado, foi amplamente criticado por se ajoelhar diante de uma das maiores representações do patriotismo norte-americano; do outro, pessoas que se identificaram com a luta deram seu apoio.

Ameaça de morte

Após seu primeiro protesto dentro de campo, Kaepernick revelou à ESPN norte-americana que recebeu ameaças de morte por ter se ajoelhado durante a execução do hino nacional. Ele, então, afirmou que se fosse morto por conta do episódio, só deixaria mais explícito o motivo de seu protesto: “Se fosse morto, vocês provariam meu ponto e estaria claro para todo mundo o real motivo de isso ocorrer”.

Novo caso de brutalidade policial

Uma semana após seu primeiro protesto, mais um caso de violência policial ganhou destaque na imprensa. Terrence Crutcher, homem negro de 40 anos, foi parado por oficiais em seu trajeto pela rodovia de Tulsa, em Oklahoma, e foi morto a tiros. Ele estava desarmado e com as mãos para o alto.

Apoio de atletas nas manifestações

Kaepernick foi o primeiro, e logo ganhou alguns adeptos ao protesto entre os atletas norte-americanos naquele ano. Seu companheiro de 49ers, Eric Reid, se juntou às manifestações,  tendo colegas de Seatle Seahawks, Miami Dolphins, e atletas da NBA feminina seguindo o mesmo tipo de postura na segunda semana de pré-temporada.

Colin Kaepernick e Eric Reid em protesto no jogo contra o Los Angeles Rams, em setembro de 2016. (Crédito: GettyImages)

Megan Rapinoe, uma das atletas mais ativas em pautas sociais, também se ajoelhou antes de entrar em campo pelo Seattle Reign, pela liga de futebol feminina. 

"Ele (Kaepernick) vem sendo tratado de forma repugnante. Precisamos de um diálogo muito mais reflexivo e aberto sobre os assuntos raciais neste país. Sendo uma americana homossexual, sei o que significa ver a bandeira e saber que nem todos os seus direitos são protegidos. Trata-se de algo pequeno que eu posso fazer e planejo continuar fazendo com a esperar de provocar um debate relevante a respeito. É importante que os brancos apoiem os negros nisso", afirmou Rapinoe após aquela partida. 

Martellus Bennett e Devin McCourty, do New England Patriots, se ajoelharam ao final da execução do hino. LeBron James e Stephen Curry, ambos da NBA, deram seu apoio ao quarterback em declarações. 

Na época, o então presidente Barack Obama também declarou apoio ao jogador, afirmando que o protesto “é um exercício dos direitos constitucionais”.

Crítica de Donald Trump

Em contrapartida, Donald Trump, então candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, criticou o posicionamento de Colin Kaepernick dentro de campo: “Acho isso terrível, talvez seja bom ele achar um outro país”. 

Já como presidente, Trump usou sua conta no Twitter para disparar novamente contra Colin Kaepernick, inflamando mais ainda as críticas e revoltas contra o jogador: “Vocês não adorariam ver um desses donos da NFL, quando alguém desrespeita nossa bandeira, dizer ‘tirem esse filho da p*** do campo agora. Fora. Você está demitido’?”, escreveu.

As declarações de Donald Trump são apontadas como um dos principais motivos para Colin Kaepernick, de apenas 32 anos, ainda não ter voltado para a NFL. A imprensa justifica que, por medo dos holofotes nos vestiários, as franquias da liga de futebol americano não querem contratar o quarterback, temendo uma briga política com o presidente. 

Auge da carreira e boicote da NFL

Após se destacar pelo San Francisco 49ers na temporada 2013 e ser considerado um dos pilares da reestruturação da equipe, Kaepernick teve queda de rendimento e não vinha atuando bem pela franquia de Santa Clara. O quarterbackteve seu auge na carreira naquele ano, quando chegou ao Super Bowl, perdendo a decisão para o Baltimore Ravens (34 a 31) depois de uma arrancada espetacular dos Niners, diminuindo a vantagem que era de 28 a 6 no terceiro quarto.

Nas temporadas que antecederam seu primeiro protesto, ele vinha sendo contestado por fãs e pela imprensa esportiva. Após as primeiras manifestações, jogador e franquia encerraram o contrato em 3 de março de 2017.

Ele então ficou como agente livre para a próxima temporada, disponível no mercado para ser contratado por qualquer time. No entanto, isso não aconteceu, mesmo sendo o 23º melhor quarterback em 2016- 17. Desde a sua saída dos 49ers, 22 quarterbacks assinaram contratos no período free agency para a temporada 2017-18. De lá para cá, Kaepernick não recebeu nenhuma proposta das 32 equipes da NFL. 

No fim de 2017, Kaepernick acusou a NFL de boicotar seu retorno à liga e levou o caso à Justiça, alegando que a liga pressionava franquias a não contratá-lo. Apenas em fevereiro de 2019, o jogador e representantes da NFL entraram em acordo extrajudicial e o processo foi encerrado.

Campanha comemorativa com a Nike

Em 2018, a Nike usou Colin Kaepernick para ser garoto propaganda dos 30 anos da campanha Just do It. No dia 3 de setembro, dia do trabalhador nos Estados Unidos, o quarterback (já sem time) representou a marca em publicidades estampadas com a frase: “Acredite em algo. Mesmo se isso significa sacrificar tudo”.

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Believe in something, even if it means sacrificing everything. #JustDoIt

Uma publicação compartilhada por colin kaepernick (@kaepernick7) em

A campanha, que se referiu à luta de Kaepernick na causa antirracista e a dificuldade de voltar a jogar na NFL, foi amplamente criticada por boa parte da população mais conservadora dos Estados Unidos. Nas semanas seguintes, vídeos foram publicados mostrando pessoas colocando fogo em seus produtos da marca, como forma de boicote à empresa. A hashtag #BoycottNike foi levantada como resposta para a propaganda da fabricante.

No entanto, mesmo com o boicote, a Nike alcançou seu maior valor histórico em apenas três semanas desde o lançamento do anúncio protagonizado pelo atleta. De acordo com a rede de televisão CBS, o valor da empresa na Bolsa subiu em 5%, significando o ganho de US$ 6 bilhões (R$ 24 bilhões na época).

O feito da empresa foi significativo já que horas depois do lançamento do anúncio, o valor da empresa caiu em 3%. O presidente Donald Trump voltou a se manifestar sobre Kaepernick, afirmando que a campanha passava uma “mensagem terrível” e que a empresa estava sendo “absolutamente destruída com fúria e boicotes”.

Apesar do boicote inicial, a campanha da Nike ganhou uma onda de apoio que contou com Serena Williams e LeBron James. Na época, as vendas da loja online da fabricante aumentaram em 31% em todo os Estados Unidos. 

Kaepernick criou uma edição especial e limitada de sua camisa número 7 por conta da controversa campanha. Estampada com a hashtag #ImWithKap (#EstouComKap), as unidades se esgotaram em horas. 20% do valor das vendas foram destinados à fundação Know Your Rights (Conheça Seus Direitos), liderada pelo atleta.

Abaixo, a ativista Angela Davis veste a camisa de Kaepernick. Atletas da NBA como Stephen Curry, LeBron James e Kevin Durant também aderiram à campanha. O ex-companheiro Eric Reid continua acompanhando o ex-camisa 7 nas manifestações por meio das redes sociais.

Patrocinado pela Nike desde 2011, Kaepernick viu sua camisa número 7 ser a mais vendida nas lojas em 2016. No entanto, grande parte das vendas daquele ano significavam protesto contra o quarterback, com pessoas comprando os produtos só para queimá-los.

Em dezembro de 2019, a empresa lançou uma edição de tênis assinada pelo jogador, com o mesmo viés publicitário. 

Fundação Know Your Rights Camp

Kaepernick lidera o instituto Know Your Rights Camp (Campo Conheça Seus Direitos, na tradução livre), criada em 2016, que promove a educação, auto-capacitação e mobilização em massa para a comunidade negra.

A instituição está arrecadando fundos para dar assistências jurídicas aos manifestantes que ocupam as ruas por George Floyd. Em abril, Kaepernick havia anunciado doações para as comunidades impactadas pela pandemia de coronavírus. 

Boicote ao Super Bowl

Desde a saída de Colin Kaepernick da NFL, muitos artistas e personalidades norte-americanas se recusam a assistir a decisão da liga de futebol americano: o Super Bowl. Nas mensagens de boicote  à liga, eles informam que só voltam a acompanhar o esporte quando o quarterback voltar a jogar. 

A cantora Rihanna deu uma entrevista para a revista Vogue em outubro do ano passado, e revelou que rejeitou se apresentar no Show do Intervalo da 53ª edição do Super Bowl, em solidiariedade a Kaepernick.

"Para que? Quem ganha com isso? Meu povo é que não. Não poderia ser uma 'vendida', uma facilitadora. Existem coisas naquela organização que eu não chego nem perto de concordar e eu não cederia meus serviços para a NFL", disse ela.

Apoio à manifestantes que pedem justiça para George Floyd

No último dia 29 de maio, Colin Kaepernick afirmou em sua conta no Twitter que está disposto a pagar pelos custos de defesa legal aos manifestantes que pedem justiça pelo assassinato de George Floyd. O financiamento será feito por meio da Know Your Rights Camp, instituição do jogador para auxiliar e conscientizar a juventude negra.

“Na luta pela libertação, sempre há retaliação. Nós devemos proteger nossos combatentes da liberdade. Iniciamos uma iniciativa de defesa legal para dar representação legal aos combatentes da liberdade em Minneapolis pagos por @YourRightsCamp”, escreveu Kaepernick.

Atletas vão às ruas nos Estados Unidos

As manifestações ganharam apoio de personalidades esportivas, que foram às ruas pelo movimento #BlackLivesMatter. Marcaram presença nas manifestações nomes da NBA como Lonnie Walker IV (San Antonio Spurs), Malcolm Brogdon (Indiana Pacers), Justin Anderson (Philadelphia 76ers), Trae Young (Atlanta Hawks), Jaylen Brown (Celtics), Jordan Clarkson (Utah Jazz).

Stephen Jackson também esteve presente ao lado do ator Jamie Foxx e dos jogadores JR Smith e Karl-Anthony Towns para uma coletiva em Minneapolis. Towns perdeu a mãe vítima da Covid-19 e foi exaltado por sua postura de liderança. Os protestos ganharam ainda o apoio da tenista Naomi Osaka, número 10 do mundo, e de Tyrone Carter, campeão da NFL em 2008 pelo Pittsburgh Steelers.

Nas redes sociais, astros como LeBron James, Dwayne Wade, Stephen Curry estão ativos pelo movimento.


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