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Testeira

27 de julho de 2020 ou 8 de agosto de 2016?

A primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos do Rio veio para coroar uma história de superação

Gisèle de Oliveira Publicado em 27/07/2020, às 10h00

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Rafaela Silva no lugar mais alto do pódio quatro anos depois da decepção em Londres - David Ramos/Equipa
Rafaela Silva no lugar mais alto do pódio quatro anos depois da decepção em Londres - David Ramos/Equipa

Se você não se recorda do terceiro dia da Olimpíada do Rio, nós faremos a gentileza de lembrá-lo de uma das datas mais emocionantes para a torcida brasileira durante os Jogos, quando a justiça foi feita para uma judoca da maneira mais bela que o esporte permite.

A redenção de Rafa
Quem acompanhou as lutas na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico, podia perceber nos olhos e na postura de Rafaela Silva que aquele 8 de agosto seria o seu dia. Determinada, a garota que saiu da favela Cidade de Deus foi derrubando uma adversária após a outra para chegar à final do peso-leve (até 57kg) do judô e buscar a sua merecida redenção. Quatro anos antes, em Londres, Rafa fora desclassificada dos Jogos por um golpe irregular, não bastasse a frustração dentro do tatame, suas redes sociais foram inundadas por xingamentos e comentários racistas, o que deixou a derrota ainda mais amarga. Mas o esporte tem um jeito lindo de fazer justiça, e, lutando em casa, ela pôde mostrar de qual fibra era feita, conquistando a primeira medalha de ouro do Brasil no Rio e levando a torcida ao delírio. “Só tenho a agradecer todo mundo que me deu forças. Treinei bastante para representar todo esse ginásio. Se eu pudesse servir de exemplo para crianças da comunidade, é o que eu tenho para passar para o judô. Treinei tudo que podia nesse ciclo, queria a medalha. Para uma criança que cresceu em uma comunidade, que não tem muito objetivo na vida, como eu, e começou a fazer judô por brincadeira, agora sou campeã mundial e olímpica”, celebrou Rafaela. “O macaco que tinha que estar na jaula em Londres hoje é campeão olímpico dentro de casa e hoje eu não fui uma vergonha para a minha família”, revidou a judoca os comentários maldosos de antes.

Hijab na esgrima
Quem também fez história no terceiro dia de disputas no Rio foi a esgrimista norte-americana Ibtihaj Muhammad. Não foi por causa de uma vitória ou medalha, mas por algo cheio de simbolismo: Ibtihaj se tornou a primeira atleta dos Estados Unidos a disputar uma Olimpíada usando o hijab, traje de origem islâmica que é considerado "o véu que separa o homem de Deus". É notório o contexto hostil contra a comunidade muçulmana nos EUA, e a participação de Ibtihaj vestindo o hijab na categoria sabre individual foi um marco para a sociedade americana.