O ex-jogador não suportava mais as dores na coluna e no joelho
Lucas Miluzzi Publicado em 13/12/2019, às 14h41
O zagueiro Neto, sobrevivente da tragédia aérea que envolveu a Chapecoense em 2016 e matou 71 pessoas que estavam abordo do voo LaMia 2933, anunciou que pendurou as chuteiras. O agora ex-jogador tentava se recuperar a dois anos para voltar a jogar pela Chape, mas as dores fortes no corpo não o deixaram realizar esse desejo.
O clube trabalhava com ex-atleta desde março para que ele voltasse a entrar em campo e defendesse as cores dos Guerreiros de Condá. Neto até recebeu as boas vindas de todo elenco que fez o tradicional “corredor polonês” para recepcionar o até então zagueiro da equipe.
Em entrevista ao Globoesporte, Neto comentou sobre a decisão, colocou as intensas dores como o principal fator de sua aposentadoria e até revelou um desejo no qual não conseguiu realizar.
“Paro. Já estava alinhado com os médicos e com o clube. Queria fazer uma despedida, um jogo, mas optei por não. Fui convidado a entrar no último minuto contra o CSA, mas não optei por não fazer. Claro que tenho um carinho pelo torcedor e seria um presente ao torcedor, mas a vida é um presente. Tinha intenção muito grande de estar em campo por um minuto ou 10, que sejam.”, afirmou.
O ex-jogador também falou quais partes do corpo estavam mais desgastadas, que não interferiam no dia-dia, mas na hora de treinar em alto nível atrapalhavam o rendimento do ex-atleta constantemente.
“Meu corpo não aguentava mais. As dores eram maiores que o prazer. Conversei com os médicos e logo vai ter um comunicado oficial do clube. Aparentemente, no dia-a-dia não tinha dores, mas nos treinos em alto nível o corpo não aguentava as dores no joelho e na coluna, que foram o que mais me entristeceram no final e me tiraram do campo”, completou.
O planejamento da atual diretoria da Chapecoense é integrar Neto a alta cúpula de dirigentes que comanda o futebol do clube. Neto já deu sinal positivo para essa possibilidade e seria uma boa saída para o ex-jogador que pretende morar definitivamente em Chapecó.
“Estou enraizado aqui, antes da tragédia pensava em morar aqui. Lembrava da conversa com Maurinho (Stumpf, dirigente morto na tragédia) e minha renovação passava por isso. Se renovasse ia comprar apartamento para morar aqui. Para mim é uma satisfação estar aqui, viver o que tenho vivido. Aqui a gente recebe o carinho do torcedor e entendem que a gente ama o clube e a cidade - disse no evento que marcou os três anos do acidente.”, confessou
Mesmo sem jogar e agora com 34 anos, Neto seguiu como o componente importante fora das quatro linhas na luta para ajudar as famílias que perderam seus entes queridos no acidente. Em setembro deste ano, ele foi até a Inglaterra onde protestou em frente à sede da Aon, empresa responsável pelo seguro do avião.
Lembrando que o ex-atleta foi o último a ser resgatado no acidente e um dos que ficaram com mais sequelas, por isso, o longo período para sua recuperação. O ex-zagueiro possuía contrato com a Chape até o fim de 2021 e tinha o planejamento de voltar a atuar ainda este ano.
Com sua aposentadoria, Neto deixa uma história de superação dentro e fora do esporte. O ex-jogador nasceu no Rio de Janeiro e foi revelado pelo Francisco Beltrão, do Paraná. Teve passagens marcantes por Guarani e Santos, mas foi na Chapecoense onde se destacou e venceu o título da Copa Sul-americana de 2016.
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