Craque faleceu em 1994, aos 23 anos, no ápice de sua carreira
Pedro Ungheria Publicado em 24/01/2020, às 15h00
Os anos 90 foram responsáveis por muitas glórias para os amantes do futebol! O Brasil vivia um dos ápices de sua história na modalidade. Além da conquista o tetra da Copa do Mundo, víamos uma das maiores gerações de todos os tempos em campo, sem falar na que se desenhava para seguir o legado que estava sendo construído.
Um dos nomes que vinha chamando atenção de todos era o jovem Dener Augusto, nascido na Zona Norte de São Paulo. O atacante ficou conhecido por sua extrema personalidade dentro de campo, sem falar na rapidez e a facilidade com os dribles, o que lhe colocava sempre como protagonista de grandes jogadas.
A CARREIRA
Revelado pela Portuguesa, o 'Reizinho do Canindé' não ficou por muito tempo no clube, justamente pelo assédio que recebeu de diversos times. Ainda em fase de Copa São Paulo, ele foi emprestado para o Grêmio, em 1993, quando conquistou seu primeiro título profissional, o Campeonato Gaúcho.
Tendo em vista a expressividade que o craque tomou, a Lusa resolveu repatriar o garoto, onde ficou mais um ano, o suficiente para escrever seu nome na história do tradicional clube paulista. Ao todo, Dener entrou em campo 141 vezes e marcou 24 gols pelo time que o revelou.
No ano seguinte, em 1994, o astro foi emprestado novamente, desta vez para o Vasco, onde venceu a Taça Guanabara e se tornou um dos maiores xodós da torcida Cruz-Maltina. Comparado com grandes ídolos do futebol brasileiro pelos amantes do time carioca, o atleta chegou a ser elogiado por Maradona, durante uma excursão feita pelo Vasco na Argentina.
Vale ressaltar que, neste intervalo de tempo, o atacante também estava começando a plantar a semente de seu talento na Seleção Brasileira. Em 1991, ele foi convocado para atuar pela equipe sub-23, visando comandar o elenco nos Jogos Olímpicos.
TRISTE FIM
De volta ao Brasil após deixar seu nome cravado em estádios argentinos, Dener entrou em campo pelo Campeonato Carioca no empate por 1x1 contra o Fluminense. Mal sabia o jovem que esta seria a última vez que pisaria nos gramados que estavam prestes a lhe consagrar como um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro.
Expulso da partida, o jovem aproveitou da 'folga' para viajar para São Paulo, onde teria uma reunião com representantes do Sturrgart, clube alemão onde acertaria detalhes de uma possível negociação que estava por vir.
No caminho, enquanto dormia no banco do passageiro, seu carro colidiu contra uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas. O laudo policial confirmou que seu amigo, Otto, que pilotava a Mitsubishi, dormiu ao volante, o que ocasionou o acidente.
Dener, que viajava dormindo no banco do carona, foi asfixiado pelo cinto de segurança e ainda bateu com a cabeça no teto do carro, segundo a perícia, que concluiu que o carro estava na quinta marcha, em alta velocidade.
O jovem, que faleceu aos 23 anos, deixou a esposa viúva e três filhos.
NÚMEROS
Ao todo, em cinco anos de carreira, contando de 1990 em diante, Dener marcou 34 vezes pelos clubes que passou. Ao todo, colecionou o título do Campeonato Paulista Sub-20 de 1990 e a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1991, ambos pela Portuguesa.
Pelo Grêmio, em 1993, o astro foi Campeão Gaúcho e em 1994, seu último título ainda em vida foi a Taça Guanabara de 1994.
Além das conquistas em conjunto, ele também venceu o prêmio individual de Melhor Jogador da Copinha de 1991.
HOMENAGENS
Em homenagem ao jogador, no mesmo ano da sua morte, foi disputada a Copa Dener, torneio reunindo Cruzeiro, Atlético, ambos de Minas, Botafogo e Vasco, do Rio de Janeiro, Portuguesa e Santos, sendo que o Santos sagrou-se campeão ao vencer o Atlético Mineiro por 4 a 2.
Além disso, uma placa foi colocada no local do acidente com a frase "Aqui morreu um poeta do futebol". O objeto, no entanto, desapareceu. No lugar dele, alguém improvisou uma homenagem escrita à mão, que hoje está pintada na calçada.
Em 2012, a Portuguesa lançou uma camisa comemorativa, que faz referência ao golaço marcado no Canindé contra a Inter de Limeira em 1991. Parte da renda das vendas será destinada à família do meia.
Em dezembro de 2016, 22 anos após sua morte, o filósofo e historiador Luciano Ubirajara Nassar lançou a biografia do craque, com o título 'Dener — o Deus do Drible'.
Em 2019, em sua homenagem, a Federação Paulista de Futebol e o GloboEsporte.com passaram a coroar o gol mais bonito da Copa São Paulo de Futebol Júnior com o Prêmio Dener.
O PRÊMIO DENER
Em homenagem ao craque, foi criada a premiação para o jogador que mais se destacasse no torneio o qual o atacante se projetou no futebol brasileiro. A primeira edição aconteceu em 2019 e a Federação Paulista de Futebol, responsável pela organização da Copinha e o Globo Esporte, premiaram o meia João Paulo pelo gol marcado a favor do Jacobina-BA pela Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano anterior.
Neste ano, a disputa segue acirrada, além do fato de muitos jovens sonharem com a premiação, a mídia passou a dar ainda mais ênfase para o mesmo, o que manterá, por muito tempo, o nome do nosso eterno craque vivo na memória dos brasileiros.
A proposta do prêmio é semelhante ao famoso 'Puskas' que enfatiza o gol mais bonito do ano no futebol mundial. Porém, a ideia principal é definir, por fases, os gols que mais chamaram atenção e no final do Campeonato, durante a cerimônia do campeão, anunciar o jogador responsável pela 'pintura do ano'.
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