Sportbuzz
Busca
Facebook SportbuzzTwitter SportbuzzYoutube SportbuzzInstagram SportbuzzTelegram SportbuzzSpotify SportbuzzTiktok Sportbuzz
Futebol / RACISMO

Pai de Ronaldo palestra sobre racismo na escola das netas e ganha apoio do Fenômeno: "Quem nega o racismo é racista"

O ex-jogador compartilhou o momento em suas redes e expôs sua opinião. Além dele, os técnicos do Fluminense e Bahia também falaram sobre o tema

Isabelly Cristaldo Publicado em 15/10/2019, às 09h54

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Seu Nélio vai até a escola das netas para falar sobre racismo estrutural - Instagram
Seu Nélio vai até a escola das netas para falar sobre racismo estrutural - Instagram

O ex-jogador Ronaldo Fenômeno usou seu Instagram para compartilhar sua opinião sobre um assunto muito discutido hoje em dia e que gera polêmica, o racismo.

Em uma foto publicada pelo craque, Seu Nélio, pai do Fenômeno, aparece ao lado das netas, Maria Sophia e Maria Alice.

O pai do ex-atleta foi até a escola das gêmeas para falar sobre racismo estrutural.

“Temos um papel essencial na criação de uma sociedade livre de preconceitos. E esse registro me enche de orgulho, alegria e esperança: meu pai, ao lado das minhas filhas, na escola delas, depois de dar uma aula sobre racismo estrutural às crianças. A classe, de maioria branca, ouviu o Seu Nélio com a atenção, o interesse e o respeito que o assunto merece”, escreveu Ronaldo, falando sobre a palestra de seu pai.

Deixando claro sua opinião sobre o assunto e a mudança que deseja ver no mundo, o craque continuou:

“É difícil a percepção do racismo estrutural por aqueles que não sofrem. As pessoas não se reconhecem racistas, mas promovem a segregação, direta ou indiretamente, em nossos costumes. Quem nega o racismo é racista. Precisamos descortina-lo e desconstruí-lo para que possamos educar nossos filhos, em casa e na escola, impedindo que se perpetue pelas próximas gerações. Não podemos mudar o mundo da noite pro dia, mas, todos os dias, podemos ser a mudança que queremos ver”, finalizou.

Quem também abordou o tema foram os técnicos Marcão, do Fluminense, e Roger Machado, do Bahia, os únicos negros do Campeonato Brasileiro.

Antes do início da partida, ambos deram as mãos e estamparam na camisa a frase “Chega de preconceito”. O encontro foi proposto pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, responsável por monitorar casos de ofensas raciais no meio esportivo.

Marcão foi contratado pelo Fluminense após a demissão de Oswaldo de Oliveira. Já Roger Machado, já havia tido experiências como treinador de clubes reconhecidos como o Grêmio, Atlético Mineiro e Palmeiras, até chegar ao Bahia, em abril deste ano.

“Negar e silenciar é confirmar o racismo”, disse Marcão durante uma coletiva de imprensa depois da derrota de seu time para o Fluminense. “Minha posição como negro na elite do futebol condiz com isso. O maior preconceito que eu senti não foi de injúria. Eu sinto que há racismo quando eu vou ao restaurante e só tem eu de negro. Na faculdade que eu fiz, só tinha eu de negro. Isso é a prova para mim. Mas, mesmo assim, rapidamente, quando a gente fala isso, ainda tentam dizer: ‘Não há racismo, está vendo? Vocês está aqui’. Não, eu sou a prova de que há racismo porque eu estou aqui.”

Para Roger, a falta de técnicos negros no futebol é reflexo do racismo estrutural da sociedade. Além dele e Marcão, apenas Hemerson Maria, do Botafogo-SP, figura como negro em função do comando entre 40 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro.

“A gente tem mais de 50% da população negra e a proporcionalidade (entre treinadores) não é igual. Temos de refletir e questionar. Se não há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que 70% da população carcerária é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros? Entre as mulheres negras e brancas, são para as negras? Por que, entre as mulheres, quem mais morre são as mulheres negras? Há diversos tipos de preconceito. Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado”, finalizou o técnico do Bahia.