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Futebol / SITUAÇÃO DELICADA

Gregory Van der Wiel, ex-PSG e vice campeão com a Holanda, em 2010, revela síndrome do pânico em carta aberta

O lateral, que tem passagens notórias pela seleção e também pelo Ajax, está sem clube desde 2019, quando jogou na MLS

Redação SportBuzz Publicado em 03/11/2020, às 18h21

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Van der Wiel teve muito sucesso em times da Europa, como PSG e Ajax, além da Seleção Holandesa - Getty Images
Van der Wiel teve muito sucesso em times da Europa, como PSG e Ajax, além da Seleção Holandesa - Getty Images

Gregory Van der Wiel era um dos melhores laterais do mundo, no início da década. 

Vice campeão com a Holanda, na Copa de 2010, ele ganhava cada vez mais destaque em um embalado Ajax, até que em 2012, foi para o PSG, no início do projeto vencedor da equipe.

Depois, passou pelo futebol turco e italiano, até que, em 2018, migrou-se para a MLS, no qual defendeu o Toronto FC até 2019, quando foi dispensado após uma desavença com o treinador.

Apesar da sólida carreira, o lateral holandês, em um ato de coragem, decidiu expor seu sofrimento e o que tem passado para os fãs e seguidores.

O holandês afirmou que tem quadros de síndrome do pânico, um transtorno que faz com que a pessoa fique quase que inibida de sair de casa, além de ataques de ansiedade.

Em uma carta aberta, publicada em um site e revelada por ele através das redes sociais, ele conta todo o sofrimento.

Atualmente, ele mora em Los Angeles e está com 32 anos.

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:

"Queridos,

Quero dividir com vocês minha história pessoal e atualizá-los sobre o meu bem estar. O farei em inglês para que todos entendam.

Por mais de um ano, tenho lidado com ataques de pânico e ansiedade, algo que começou quando eu estava tranquilo em meu apartamento em Los Angeles. À época, não sabia o que estava acontecendo e achei que era um infarto. Meus primeiros pensamentos eram de que algo estava errado fisicamente. Junto com diversos hospitais e doutores, checamos meu corpo todo e a conclusão é que tudo estava ótimo. Depois dessa confirmação, passei a focar no aspecto mental, o qual estou trabalhando até hoje.


Existem algumas razões para isto estar acontecendo comigo e quero dividi-las. Como um jogador profissional de futebol eu sempre tive que lidar com a pressão de sempre dar o meu melhor, não interessa o que eu estivesse sentindo. Sempre coloquei minhas emoções de lado e isso foi algo que foi crescendo ao longo dos anos. Frustração, raiva, desapontamento, tristeza, coloquei tudo de lado e apenas segui com minha carreira e minha vida. Dizer 'eu não me importo' para você mesmo é fácil e foi o que fiz.

Os últimos anos da minha carreira não foram fáceis. Os últimos anos da minha carreira não foram fáceis. Depois de não ser 100% feliz em Paris, ter um ano difícil em Istambul e alguns meses ruins em Cagliari, o maior baque emocional veio quando fui obrigado a deixar o Toronto FC. Depois de toda essa negatividade, que eu acabei de mencionar, finalmente tive um grande ano em Toronto. Eu amava o time, a cidade e o povo. Me imaginei jogando e vivendo em Toronto por, no mínimo, 5 ou 6 anos. Então, do nada, tive que sair por causa de uma discussão profissional e saudável com o técnico, um técnico que eu gostava demais. Isso doeu e ainda dói demais.

Mas eu segui com minha vida, coloquei de lado novamente e segui para LA. Tentei jogar por outro time. Talvez pelo meu antigo técnico em Atlanta, mas eles nunca me responderam depois do interesse inicial. Tentei, então, jogar de GRAÇA para os times de LA, mas depois das respostas iniciais positivas, ninguém mais falou comigo também.

Minha carreira acabou lentamente ali. À época, eu segui em frente e não percebi o que estava fazendo comigo emocionalmente. Além disso tinha o sentimento de não saber o próximo passo da minha vida. Acordar todo dia sem saber o que eu iria fazer estava me matando. Sai de uma rotina de treinar todo dia e jogar toda semana para não ter objetivos ou sequer uma rotina. Seis meses depois, os ataques de pânico começaram.

Agora de volta em Amsterdã estou bem melhor. O amor pelo jogo está aqui, nunca foi embora. É por isso que estou tentando voltar aos gramados não importa o que aconteça e sou muito sortudo de ter achado um clube que está disposto a me ajudar a fazer isso acontecer novamente. O RKC Waawijk me recebeu de braços abertos e ofereceu para me ajudar com tudo que for necessário.

Depois de grandes conversas com o técnico e o diretor técnico, não tinha nem o que pensar. Ainda não estou no ponto ideal, mas estou treinando forte todo dia para fazer meu retorno. Não tenho certeza se isso vai acontecer, mas o tempo irá dizer. Não importa o que aconteça, sou muito grato pela incrível ajuda que recebo de todos no RKC.

Queria compartilhar isso porque é uma parte da vida. Não importa quem você seja, somos todos humanos e isso pode acontecer com qualquer um. Também queria atualizar vocês sobre o que estou passando e por que a situação chegou a esse ponto. Não está sendo um ano fácil para mim, mas estou muito melhor agora e animado pelo que vem pela frente.

Obrigado,

Gregory van der Wiel"