Entidade visa proteger melhor as atletas no período de gestação
Redação Publicado em 19/11/2020, às 16h27
Nesta quinta-feira, 19, a Fifa anunciou que vai proteger melhor as jogadoras que estiverem em período gestacional e impor ao seus 211 países-membros uma licença-maternidade de "Pelo menos 14 semanas", começando pelo ano que vem, além da proibição de demiti-las.
"Queremos ver mais mulheres jogando futebol e, ao mesmo tempo, terem uma família", disse SaraiBareman, chefe do futebol feminino da Fifa, para vários jornalistas depois de uma reunião do comitê.
A entidade ainda explicou que vai propor em seu conselho de dezembro uma série de medidas que serão aplicadas imediatamente em suas 211 federações, que no momento oferecem um quadro desigual de acordo com as leis e práticas locais.
A Fifa afirmou que não sabia dos "Graves problemas" até agora, segundo seu diretor jurídico Emilio García, mas quer "Antecipá-los" no momento em que o futebol feminino acelera sua profissionalização.
Dessa forma, oss clubes que jogam internacionalmente sob a jurisdição da Fifa, devem propor uma licença-maternidade de "Pelo menos 14 semanas, das quais oito serão após o nascimento", remuneradas "Em pelo menos dois terços de seu salário contratual".
Dentro deste período, os clubes poderão contratar uma jogadora para substituir a que está grávida, ainda que fora do período de transferência, com possibilidade de integração a longo prazo, mas se ambas as partes concordarem.
Além disso, fica proibido "Questionar a validade dos seus contratos pelo fato de as jogadoras engravidarem". Em caso de demissão por este motivo, o clube será sancionado econômica e esportivamente.
Quando a licença-maternidade terminar, os clubes deverão "Reintegrar as jogadoras e lhes fornecer suporte médico e físico adequado", disse García.
A jogadora ainda poderá "Amamentar, ou tirar o leite", em "Locais adaptados" pelo seu clube.
As jogadoras profissionais que continuam suas carreiras depois da gravidez não costumam ter o mesmo sucesso, com exceção de estrelas americanas como Amy Rodríguez, Sydney Leroux ou a artilheira Alex Morgan, que busca participar dos Jogos de Tóquio em 2021 após o parto de uma menina em maio.
Dessa forma, a Fifa quer viabilizar a possibilidade de ter filhos em um momento crucial do futebol feminino, quando ganhou intensidade física e profissionalismo, após o boom planetário que foi a Copa do Mundo da França 2019.
"Tive de recuperar minha saúde de A a Z. Meus músculos derreteram literalmente e ganhei 15 quilos", reconheceu a bicampeã olímpica Amy Rodríguez, mãe de dois filhos, no site da Fifa.
A atacante do Utah Royals, protegida por seu contrato, está entre as poucas jogadoras que conseguiram igualar seu nível.
O desenvolvimento do esporte feminino de alto nível e as aspirações por igualdade profissional estão levando as autoridades a abordarem a questão, como fez a União Ciclista Internacional (UCI) em 2019.
A instituição estabeleceu um seguro-maternidade para a prova de rota a contar a partir de 2020, além de um salário mínimo que será igual a partir de 2023 ao das equipes masculinas.
Já a questão dos patrocinadores permanece.
Em maio de 2019, a rainha da velocidade Allyson Felix criticou duramente a redução de seus prêmios imposta pela Nike durante a gravidez, em um artigo de opinião publicado no jornal "The New York Times", o que levou a marca a mudar seus critérios.
