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Futebol / EXCLUSIVO

Ex-Fluminense e Atlético-GO, Artur Vieira aguarda nova oportunidade no futebol

Em entrevista ao SportBuzz, o zagueiro contou sobre sua passagem pelo futebol asiático, projetou sua carreira e avaliou o mercado brasileiro

Gabriela Santos Publicado em 08/09/2021, às 11h00 - Atualizado às 11h02

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Ex-Fluminense e Atlético-GO, Artur Vieira aguarda nova oportunidade no futebol - Instagram
Ex-Fluminense e Atlético-GO, Artur Vieira aguarda nova oportunidade no futebol - Instagram

Ex-Fluminense, Atlético-GO e Goiás, o zagueiro Artur Vieira falou com exclusividade ao SportBuzz sobre seu futuro. Sem clube desde dezembro do ano passado, o jogador de 31 anos vem treinando por conta até definir seu destino. 

Com experiência em times do Brasil, o defensor atuou no futebol asiático nos últimos anos. Em 2019, Artur defendeu o Barito Putera, da Indonésia, e depois fez sua passagem pelo Khon Kaen FC, da Tailândia.

O zagueiro contou que aguarda uma oportunidade em algum clube brasileiro e até pretende retornar à Ásia. Por enquanto, cumpre uma rotina de treinos para manter o condicionamento físico. Para isso, ele participa de um grupo, montado por Felipe Bastos, hoje no Goiás, ao lado de outros jogadores que estavam sem clube na temporada, como Renê Júnior e Marlone. Ex-Cruzeiro, Dedé também faz parte.

“Eu tenho a minha parte do treinamento. Tem um grupo de jogadores, criado pelo Felipe Bastos, que está no Goiás. Ele montou um grupo com os jogadores que estavam sem time. Estava eu, o Dedé, Cícero, Renê Júnior, que agora foi para a Chapecoense, e o Marlone, que também foi para o Brusque. Também treinava o Nilson, atacante que foi para o CSA”, disse.

“A gente faz alguns amistosos e treina umas três vezes na semana, às vezes quatro dias. É um projeto muito bacana porque, quando estamos sem clube, ficamos muito dependentes da academia, do trabalho sozinho. E futebol não é isso, futebol é coletivo, é ficar todo dia ele sentindo o campo e a bola. Na verdade, a gente só não recebe, mas os trabalhos são como se estivéssemos num clube de Série A ou Série B”, completou.

Sem jogar profissionalmente há quase nove meses, Artur garantiu que está pronto para retornar aos gramados: “Com certeza, sim, por conta deste projeto”.

Questionado sobre ofertas para definir seu próximo destino, o zagueiro afirmou que se prepara para a janela de transferências da Ásia, mas que também aguarda uma proposta de um time brasileiro que o faça permanecer no país.

“Para ser sincero, eu estou esperando uma janela (de transferências) abrir lá para Ásia. Tem algumas coisas que podem dar certo para lá. Estou me segurando um pouquinho em relação a isso, porque é uma coisa que eu quero bastante. Vou até onde eu posso, e se surgir um clube que me dê um respaldo bacana aqui no Brasil, nada vai me impedir para permanecer aqui”, disse.

Para voltar a atuar no futebol brasileiro, Artur destacou a vontade de assinar com clubes das Séries A, B ou C para manter “o mercado aberto”.

“Se fosse Série C eu iria, porque fora do Brasil eles pegam jogadores até a Série C. Eu não queria fechar esse mercado lá fora (do país). Queria trabalhar aqui e continuar com o mercado lá fora aberto”, avaliou.

Aos 31 anos, o zagueiro soma passagens por Atlético-GO, Goiás, América-MG e Fluminense, sendo o Dragão o clube onde manteve a maior sequência de jogos.

OUTRAS RESPOSTAS

Como tem sido o período sem jogar?

“É lógico que eu fico bastante chateado de não estar fazendo o que amo, mas a gente tem que entender o processo de cada coisa. Eu super entendo que algumas coisas a gente tem que aceitar. Se não dá para trabalhar no que a gente gosta, temos que priorizar cuidar do corpo para, quando tiver oportunidade, saber o que vai fazer. Tudo é aprendizado. Na questão financeira, graças a Deus eu tenho uma reserva e isso ajuda bastante. Infelizmente, muitos jogadores não têm (reserva financeira). Vejo a situação de muitos amigos meus e é muito ruim. Me preparo bastante nesse sentido, eu sei como é o futebol e já passei por isso lá atrás, quando eu saí do Fluminense e fiquei também desempregado. Comecei a me precaver sobre isso.
Claro que precisamos sempre trabalhar. O que eu mais quero é receber (salário) novamente, fazer o que amo. Tenho alguns meios que Deus vem abençoando e consigo ter pelo menos a cabeça para pensar no que vou fazer. Assim, não preciso aceitar qualquer coisa que não esteja nos planos. Às vezes, no desespero, a gente acaba aceitando alguma coisa que não quer, que não vai ser bom lá na frente. No futebol, não podemos não pensar lá na frente.”

Gostaria de ter feito uma passagem maior pelo Fluminense, clube no qual defendeu em 2015?

“Queria ter tido mais oportunidades no Fluminense, queria ter uma sequência maior de tempo lá. É um clube que eu me identificava e que poderia ter ajudado mais, mas o carinho continua o mesmo. É questão de futebol, às vezes teremos mais oportunidade em um lugar e em outros não. É um clube que, de todos que eu passei, foi o que ficou aquele gostinho de quero mais.”

O que faltou para ter permanecido no Fluminense?

“Muitas questões fora de campo, né? Em algumas questões fora de campo, com algumas pessoas. Fiz minha parte, trabalhei e honrei com meus compromissos, mas o futebol envolve muitas coisas. Às vezes não tem como ir contra o sistema, tem que aceitar e tem que entender para a gente ter razão. Foi mais por conta dos bastidores.”

Quando surgiu a oportunidade para atuar no futebol asiático, tinha outras propostas?

“Na verdade, eu tinha algumas propostas no Brasil, na época, mas sempre tive aquela vontade de jogar fora. Tinha muito medo porque eu não falava inglês, aquele medo normal de quem nunca foi para fora. Ao mesmo tempo eu tinha curiosidade de saber como é que era (atuar em outro país).  Posso falar que pela minha carreira eu consegui jogar fora do Brasil, que o futebol conseguiu levar para outro continente. Quando surgiu a oportunidade era para ganhar um valor muito bom também e aí juntou o meu 50% de vontade de ir junto com a parte financeira. Tive também o respaldo do técnico brasileiro, que já estava trabalhando há muito tempo lá ele foi da seleção da Indonésia, que é o Jacksen Tiago. Ele me estimulou muito. Foi a melhor escolha que eu fiz, aprendi muito lá fora.”

Voltaria para Indonésia ou Tailândia?

“Voltaria sem pensar. Na verdade, é o que eu procuro, né? Quero voltar. Tenho aquela vontade de jogar no Brasil ainda. A minha vontade de jogar no Brasil é maior do que minha vontade de ir lá para fora, mas sei do cenário do futebol brasileiro, como é que está. A parte financeira pesa bastante nesse sentido. É questão de segurança, eu tenho dois filhos e pessoas que dependem de mim. Tem hora que a gente tem que pensar mais por esse lado de ficar bem não só com a mente, mas também em casa, com familiares. Isso agrega no dia a dia do futebol.”

Qual é a melhor lembrança da base na Portuguesa?

“Eu acho que a base é muito importante, porque é um lugar que a gente aprende a dar valor e aprende a ser um cidadão. Independentemente de você ser profissional ou não, ali realmente me ensinaram como ser uma pessoa do bem, como ter responsabilidade com horários e como ser uma pessoa que realmente faça a diferença. Minha recordação é só de boas lembranças, de bons jogos, de campeonatos que jogamos super bem. É um aprendizado enorme que eu tive. Eu acho que a principal lembrança é em questão de ser humano mesmo. Foi uma coisa que marcou muito. São muitas regras, que se você não cumprir, infelizmente não tem como você dar um segmento. Acho que fundamental para conseguir me tornar profissional e continuar minha carreira.”

Como foi a passagem pelo Atlético-GO?

“Tive uma sequência maior de jogos no Atlético Goianiense, onde fui revelação do Campeonato Goiano. Fui uma das revelações do Campeonato Brasileiro de 2013. Joguei uma outra Série B que a gente foi muito bem, por alguns problemas financeiros que aconteceram, eu tive a minha ida para o Fluminense. E aí foi quando cheguei no time que eu torço de coração. Gosto do Fluminense de carinho, tenho foto de bebê com a camisa do Fluminense. Tenho um carinho diferenciado.”

Como avalia o mercado do futebol brasileiro?

“Eu acho que o mercado brasileiro pós pandemia está muito ruim. Antes, era um mercado que tinha seus defeitos, seus problemas, mas era um mercado que os clubes não optavam tanto pelos valores. Hoje, se um clube quer me contratar, ele pergunta o meu valor e se respondo R$ 50 mil, me diz que só tem R$ 30 mil. Se peço para chegar ao acordo de R$ 35 mil, (o clube) não aceita.  Hoje eu acho que os clubes não estão trabalhando mais com qualidade. Às vezes eles podem pagar. Uma coisa que está atrapalhando bastante, e que muitos jogadores estão reclamando disso, é que muitos clubes se aproveitaram da situação da pandemia, em questão dos valores. Eu acho que tem clubes que têm dinheiro em caixa, podem pagar, mas acho que pegou a onda do ‘é melhor a gente chorar e ver o que vai dar’. Dificultou bastante (o mercado para os jogadores). Tem muitos amigos meus que são jogadores com uma história no Brasil, muito maior do que a minha, e jogadores de peso, que estão sem clube. Eles estão deixando um pouco a qualidade de lado e se preocupando com eles podem pagar.”

É uma percepção geral?

“Acho que sim. Pelo menos é o que eu vejo. Tenho contato com muitos jogadores e a ideia sempre bate nesse sentido, de que se eles (clubes) abrirem mão um pouquinho, dava para assinar.”

Por quanto tempo ainda quer seguir no futebol?

“Ainda não parei para pensar nisso, sinceramente. Nunca tive lesão grave, nunca quebrei nada, só lesão muscular. Hoje estou com 31 anos, mas me sinto como se eu tivesse 25. Se Deus quiser, que seja até os 38 anos. Quero jogar mais uns oito anos. Trabalhei com o Magno Alves no Fluminense, ele tinha 41 anos e treinava mais do que um menino de 18. Hoje temos muita facilidade de trabalhar no corpo para estender o período de vida no futebol.”