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Futebol / CAFU

Cafu fala pela primeira vez após morte do filho: “Ainda não assimilei o fato de que enterrei um filho”

Danilo, de 30 anos, morreu em decorrência de um infarto, em setembro; o ex-jogador concedeu entrevista à Veja

Gabriela Santos Publicado em 01/11/2019, às 19h18

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Cafu se pronuncia sobre a morte do filho mais velho, Danilo (Da esquerda à direita: Wellington, Cafu, Michelle e Danilo) - Instagram
Cafu se pronuncia sobre a morte do filho mais velho, Danilo (Da esquerda à direita: Wellington, Cafu, Michelle e Danilo) - Instagram

Pela primeira vez, Cafu falou publicamente sobre o seu filho mais velho, Danilo Feliciano de Moraes, que morreu aos 30 anos vítima de um infarto, enquanto disputava uma pelada com o pai no campo do condomínio onde a família mora, em Alphaville, no dia 4 de setembro. 

Em entrevista à Veja, o ex-jogador afirmou que enterrar um filho “foge do contexto geral” da vida.

“Enterrar um filho foge do contexto geral, de tudo o que você sente ao longo da vida. A cada cinco dias, vou ao cemitério visitar o túmulo. Eu não assimilei o que aconteceu. Não tive coragem de entrar no quarto dele até agora, meu filho Wellington recolheu as coisas e colocou tudo para doação. Nunca mais pisei no campo onde aconteceu a convulsão. Não sei como descrever a sensação de jogar terra sobre o caixão de um filho sabendo que ele não vai mais voltar (choro). A morte de um filho acompanha um pai e uma mãe para o resto da vida."

Cafu ainda contou sobre os seus dias de luto desde a perda de seu primogênito.

“Choro todos os dias sozinho. Quando entro em casa, procuro me mostrar forte. Afinal, sou a pilastra da família. Choro em geral no trânsito e ligo para amigos apenas para chorar. Eles até sabem e ficam calados, então eu choro, choro e choro. Chorar alivia o peito”, completou.

Danilo tentou seguir os passos do pai e se tornar um jogador de futebol na época em que Cafu defendia o Milan.

“Sim, ele jogava como centroavante nas partidas aqui em casa e, no passado, chegou a atuar no time de base do Milan, quando moramos na Itália, mas se deu conta de que aquela não era a praia dele e saiu. Era agregador e piadista, tirava sarro de todo mundo. Dentro de casa, ele me chamava de “capitão”. Para quem é pai, a dor cega. Eu não perdi apenas um filho. Perdi um amigo de futebol e de truco, meu companheiro de viagens e de cervejadas. Perdi tudo. O Danilo preenchia a casa”, disse Cafu.

O filho do ex-jogador sofria de aterosclerose coronária precoce, que é o entupimento dos vasos do coração, e era tratada com um cardiologista. Cafu comenta a primeira vez que perceberam a doença, também foi durante uma partida de futebol.

“A primeira aparição da doença também ocorreu dentro de um campo. Enquanto jogávamos bola, o Danilo sentiu fortes dores no peito. Saiu da partida e, passado um tempo, parecia tudo bem. Mas, naquela madrugada, sem avisar ninguém da casa, ele voltou a sentir-se mal e dirigiu sozinho até o hospital, onde foi feito um eletrocardiograma. O diagnóstico mostrou que o garoto, de então 24 anos, havia sofrido um infarto", disse à Veja.

Cafu ainda revela que precisa trabalhar "para manter a cabeça ocupada". O pentacampeão mundial é membro do corpo conselheiro da Fifa e é embaixador da Copa do Catar, de 2022. 

Cafu relata sobre a tarde de 4 de setembro:

Havia um jogo com amigos marcado para o dia 5, mas eu teria uma viagem de trabalho aos Estados Unidos e antecipei a partida. O Danilo estava no mesmo time que eu. Em um intervalo, ele saiu e eu segui jogando, pois sou fominha. Três minutos depois, notei um tumulto fora do campo. Por curiosidade, fui ver o que estava acontecendo, e deparei com meu filho sofrendo convulsões. Entrei em pânico, pois ele tinha um histórico cardíaco delicado. Ligamos para os bombeiros, e eles disseram que chegariam em dez minutos, mas meu filho não poderia esperar. Pedi que retirassem as crianças dali, para que não vissem a cena e a correria. Carreguei o Danilo no colo, coloquei-o no carro e em cinco minutos chegamos ao hospital.

Ele já estava pior quando chegou ao hospital. Os médicos tentaram reanimá-lo de muitas formas (pausa). Depois de meia hora, um médico me chamou num canto. Eu disse: “Doutor, não precisa falar nada. Estou vendo que ele não responde”. Fiquei de pé, orando e pedindo a Deus que não levasse meu menino (chora). Não foi possível.