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Angelo Assumpção reforça luta antirracista, mas afirma: "Não sou um estudioso, sou atleta e quero treinar"

O ginasta, que está sem clube desde que revelou casos de racismo em seu clube, busca um novo lugar para prosseguir na carreira

Marcello Sapio Publicado em 14/10/2020, às 16h56

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Angelo Assumpção se tornou uma das maiores vozes na luta antirracista no Brasil - Reprodução / Instagram
Angelo Assumpção se tornou uma das maiores vozes na luta antirracista no Brasil - Reprodução / Instagram

O ano era 2015, em São Paulo. Um jovem brasileiro surpreendia a todos e conquistava o 1º lugar na Copa do Mundo de ginástica.

Foi a primeira grande aparição de Angelo Assumpção nos solos brasileiros.

Cinco anos depois, a realidade é um pouco diferente. Com 24 anos, o ginasta, que é um dos mais promissores de sua geração, está sem clube desde que fora demitido do Pinheiros após expor casos de racismo, seja de outros atletas até dirigentes do tradicional clube paulistano.

Se virando em sua própria casa para treinar, ele espera uma nova chance para voltar aos treinos. Em uma entrevista exclusiva ao SportBuzz, ele contou sobre a sua história no esporte, sobre a ginástica no Brasil e também sobre a luta racial.

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HISTÓRIA NA GINÁSTICA

Angelo, que mora na periferia de São Paulo, contou que sempre teve o apoio da família para a prática e quem o levou na ginástica fora o seu tio: "Eu sempre fui uma criança muito energética. Subia o portão de casa, as paredes do corredor e o mais legal é que minha mãe, minha tia nunca falavam: 'sai daí, menino'; mas sim: 'cuidado!'. Então brincava e comecei na capoeira, fazendo estrela e alguns movimentos, até que meu tio falou de uma vaga no Centro Olímpico. Cheguei lá, fiz o teste e fui aprovado".

Mas ainda assim, Angelo contou de toda a dedicação que teve ao longo de sua preparação e das atividades que "abriu mão": "Existe um esforço, um sacrifício da sua parte. Eu, por exemplo, as vezes não podia ir no shopping passear com meus amigos, ou ir na casa de um amigo fazer o dever de casa...".

Dentro do esporte, ele cita a Dayane dos Santos como maior inspiração dentro da Ginástica e ainda conta uma história com a ex-atleta: "Em 2005, quando a Dayane fez aquela apresentação que encantou a todos, eu estava na arquibancada e falei para a minha mãe: 'É isso que eu quero ser, é o que eu quero para mim'. Dez anos depois, naquele mesmo ginásio, eu ganhei o mundial".

O ESPORTE NO BRASIL

Angelo, que vem de uma safra vencedora, como a de Isaac, Flavinha, Arthur Zanetti, entre outros, contou como é o desenvolvimento do esporte no Brasil.

A ginástica, que tem um custo de operação alto, devido a todos os equipamentos e itens de segurança, faz com que a prática fique mais voltada para centros economicamente mais desenvolvidos.

Apesar disso, ele exalta o trabalho da CBG na estrutura e na descoberta de novos talentos: "Eles estão realmente preocupado em democratizar o esporte, colocar o esporte, centros de treinamentos em todas as regiões. Isso foi um marco muito grande. A gente sabe que o esporte tem que ser acessível para todos, sempre falo isso".

"Essa safra se renova sempre pelas crianças verem na TV e vendo que aquilo pode ser para elas. Quando eu ou outro estamos na telinha, faz com que essa nova juventude se mobilize e que, com esses projetos, obras sociais, que vem acontecendo, vire um ciclo, e que está dando certo", completou.

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LUTA ANTIRRACISTA

Angelo, como dito antes, foi demitido do clube por onde trabalhava, o Pinheiros, após denunciar casos de racismo vindo de colegas, comissão técnicas e dirigentes. 

O ato fez com que ele, ao mesmo tempo que figurava entre um dos mais promissores atletas na ginática, fosse um dos principais - se não o principal - rosto da luta antirracista no esporte brasileiro.

Fã de personalidades fortes na causa racial, como Chadwick Boseman, ator que fez Pantera Negra, Michelle Obama e Djamilla Ribeiro, ele contou como encara essa responsabilidade.

"A minha função, o que eu me propuz a fazer desde os seis anos é ser atleta. A luta antirracista não pode partir apenas de quem é a vítima, tem que ser de todos. Sempre falo que a gente (os negros) não promovemos o racismo, mas temos que lidar e lutar contra, dar aulas sobre racismo e fazer toda essa movimentação. Todos nós temos privilégios de certa forma, o "X" da questão é o que fazemos com esse privilégio?"

Ele reforçou que, apesar de ser um rosto no movimento, é "apenas" um atleta: "Muitas vezes o 'ser atleta' é colocado em 2º plano, mas não. Meu primeiro plano sempre foi ser atleta e acredito que não foi algo planejado. Os negros, só de existirem, já são símbolos de resistência de luta antirracista. Não é brancos contra negros, mas todos contra o racismo".

Ao servir de exemplo, como dito antes, Ângelo contou que admira o posto, mas ressalva: "Eu não sou um estudioso. Sou um atleta, e um atleta quer estar treinando, eu quero treinar".

FORA DO BRASIL?

Como dito, Angelo está, desde a sua demissão do Pinheiros, treinando em casa, mas fica na procura de um novo clube para trabalhar.

Ao ser perguntado se havia tido a procura de clubes, ele afirma que tem as portas abertas para treinar outro país e, consequentemente, defender outra federação: "Eu cogito todas as hipóteses. Só quero exercer a minha função, o meu papel, que é a ginástica. Tive pessoas se mobilizando com equipamentos, procurando lugares, então estou acreditando nisso".

"Mas realmente se não tiver lugar aqui, vou procurar outros lugares, que seja outro país. Eu só quero uma oportunidade. A Viola Davies já dizia: 'O que nos difere das pessoas brancas são as oportunidades'. Só quem é negro sabe, e eu procurando lugares, treinamentos para algo que todo mundo faz", completou o ginasta.

Por fim, ele fez um apelo: "Que vocês se sintam representados. Seja comigo disputando pelo Brasil ou por outra bandeira".

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