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A história dos Jogos Olímpicos: Tóquio 1964

Para entrar no clima de Tokyo, conheça um pouco da história de edições passadas das Olimpíadas

Eduardo Colli Publicado em 22/07/2021, às 11h13

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Anéis olímpicos - Getty Images
Anéis olímpicos - Getty Images

1964 – XVIII Jogos Olímpicos – Tóquio - Japão

Abertura: 10.out.1964 – Encerramento: 24.out.1964

Abertura Oficial: Imperador Hirohito

Juramento dos Atletas: Takashi Ono

Acendimento da Pira: Yoshinori Sakai

Países Participantes: 93

Total de Atletas: 5151 Homens: 4473 – Mulheres: 678

Brasil (Atletas): 68 Homens: 67 – Mulheres: 1

Esportes: 21 – Eventos: 163

Quadro geral de medalhas, os 5 primeiros colocados e o Brasil

Muito atingido pela guerra, o Japão queria apresentar sua nova face ao mundo e, desde sua indicação superando: Detroit, Viena e Bruxelas em 1959, Tóquio foi transformada em um canteiro de obras.

Para melhor receber os visitantes, foi ampliada a rede viária com oito grandes autopistas e um monotrilho com 13 quilômetros ligando o aeroporto ao centro.

O estádio do parque Meiji foi ampliado para receber 85.000 pessoas e no parque de Kamazawa edificados um ginásio, três campos de Hóquei na Grama, uma quadra coberta de Voleibol, o velódromo, uma sala especial para o Judô e uma piscina, que mais lembrava uma catedral, com 13.500 lugares.

A instalação mais distante era o canal de Remo, localizado em Toda, a apenas 17 km do centro.

Estima-se que os japoneses gastaram mais de 3 bilhões de dólares, dos quais mais de 500 milhões de dólares em obras. As cifras para organizar os Jogos saltavam para a casa dos bilhões de dólares.

Após várias edições sem grandes novidades, dois dos esportes favoritos dos japoneses, o Judô e o Voleibol tornaram-se olímpicos. Houve até uma demonstração de Budo – esporte japonês que une Luta, Esgrima e Tiro com Arco.

Graças ao satélite Telstar – as imagens geradas em Tóquio eram quase que instantaneamente assistidas nos Estados Unidos e Europa –, finalmente os Jogos Olímpicos tornaram-se um evento universal.

Em 1962, o COI suspendeu o Comitê da Indonésia, por este país se recusar a participar de competições ao lado de Israel e Taiwan, e assim o governo da Indonésia não enviou sua delegação a Tóquio e foi acompanhado pela Coréia do Norte.

No dia 10 de outubro, o imperador Hirohito reapareceu publicamente após a guerra e a bandeira olímpica foi hasteada em um mastro com 15,21 metros de altura – medida alcançada por Mikio Oda no Salto Triplo em 1928, a primeira medalha de ouro japonesa.

Yoshinori Sakai com a tocha olímpica de 1964 - Créditos / Wikimedia Commons

O ponto alto da cerimônia de abertura ocorreu quando Yoshinori Sakai – que nasceu em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, dia e local da primeira bomba atômica lançada com objetivos militares – acendeu a pira olímpica.

Com “sayonará” – adeus em japonês –, no dia 24 de outubro, Tóquio encerrou seus Jogos, um exemplo de organização.

A medalha de 1964

Medalha olímpica de 1964 - Créditos / Wikimedia Commons

Medalha idêntica à medalha de 1928, exceto pela inscrição: "XVIII OLYMPIAD TOKYO 1964" (´XVIII Olimpíadas TÓQUIO 1964´).

Maiores medalhistas

AtletaPaísEsporteTotalOuroPrataBronze
Don SchollanderEstados UnidosNatação4400
Vera CáslasvskaTchecoslóvaquiaGinástica4310
Sharon StouderEstados UnidosNatação4310

Destaques

Dan Schollander quatro medalhas de ouro

Schollander que nasceu em Charlotte, na Carolina do Norte e era treinado por George Haines em Santa Clara, na Califórnia, foi o primeiro nadador a ganhar quatro medalhas de ouro em uma Olimpíada: 400m livres e revezamentos 4 x 100 e 4 x 200m livres. A dúvida da prova desta vez foi para o bronze que ficou com o alemão Hans-Joachim Kleim, à frente do americano Gary Ilman apenas um milésimo de segundo.

Sua vitória nos 100 metros livres, batendo o britânico Robert McGregor nos últimos 5 metros foi por apenas 15 centímetros de vantagem.

Sharon Marie Stouder três vezes no degrau mais alto do pódio

Sharon que nasceu em Altadena no dia 9 de novembro de 1948, em Tóquio foi ao lado da tcheca Vera Cáslavská, as atletas com mais medalhas de ouro no feminino: 3.

Detentora do recorde mundial dos 100 e 200m borboleta entre 1964 e 1965, entrou para Hall of Fama da Natação em 1972.

Bob Hayes 100 metros abaixo dos 10 segundos

Bob Hayes - Créditos / Wikimedia Commons

O primeiro da esquerda para direita, Hayes vencedor dos 100 metros

Com o vento a favor nas semifinais, Bob Hayes derrubou a marca dos 10 segundos para os 100 metros rasos transformando-se numa das maiores atrações dos Jogos.

Na final, com a marca de exatos 10 segundos, livrou 2 décimos sobre os demais competidores ganhando sua primeira medalha de ouro. Entretanto sua maior atuação foi nos 4 x 100 metros, quando recebeu o bastão em quinto lugar e chegou em primeiro, à frente de poloneses e franceses.

Os técnicos e comentaristas acreditam que ele tenha corrido, com a saída lançada, os 100 metros em menos de 9 segundos.

Após os Jogos, aos 22 anos de idade, Hayes tornou-se jogador de futebol profissional com salário de 25 mil dólares por ano - caminho seguido por Henry Carr, o vencedor dos 200 metros.

Haruhiro Yamashita, a primeira nota dez na ginástica

O Japão com suas cinco vitórias na ginástica, apresentou o grande Haruhiro Yamashita executando pela primeira vez na prova do salto sobre o cavalo um apoio no primeiro voo com toque das mãos sobre o aparelho, manobra que impressionou tanto os juízes que o árbitro suíço Dr. Widner deu nota 10. Este salto posteriormente foi batizado com o nome “Yamashita”.

Haruhiro Yamashita em 1964 - Créditos / Wikimedia Commons

Tricampeonato do soviético Vyacheslav Ivanov no Single Sculls do remo

Ano             Tempo

1956           8:02.5

1960           7:13.96

1964           8:22.51

Inesperados Campeões: William Mills

William Mills e Mohammed Gammoudi

A maior surpresa do atletismo em 1964 foi o triunfo de William Mills que bateu, nos últimos e derradeiros metros, o etíope Mamo Wolde e o tunisiano Mohammed Gammoudi, os grandes favoritos dos 10.000 metros.

Mills, tenente da marinha, nasceu em uma reserva indígena na Dakota do Sul onde era conhecido como “Corredor Valente”. Provavelmente teria sido mais um sioux condenado à miséria, porque perdera sua mãe de câncer e seu pai de tuberculose ainda menino.

No entanto, graças ao boxe e depois ao atletismo, principalmente por seu triunfo em Tóquio ganhou uma bolsa de estudos na Universidade do Kansas formando-se em Medicina Esportiva.

Participou da Comissão de Assuntos Indígenas e, anos mais tarde, ficou milionário trabalhando com seguros, tendo sua vida transformada em filme. Seu compatriota Robert Schul, que também não era favorito, levou a medalha de ouro nos 5.000 metros.

Anton Geesink

Anton Geesink em 1964 - Créditos / Wikimedia Commons

Na estreia do judô na terra do judô, a vitória do holandês Antonius Geesink na categoria aberta, foi um choque para os japoneses em Tóquio.

Das 4 categorias em disputa nestes Jogos, apenas Akio Kaminaga não conseguiu vencer, ficando com a prata. Seu consolo foi vencer o filipino Thomas Ong em apenas 4 segundos de luta, tornando-se o vencedor mais rápido no Judô olímpico.

As 5 vitórias do soviético Borys A. Shakhlin de 1956 até 1964:

Borys A. Shakhlin - Créditos / Wikimedia Commons 

Ano                      Prova                            Pontuação

1956                 Equipes                          568.25*

1956           Cavalo com Alças             19.25

1960           Individual geral               115.95

1960           Barras Paralelas                19.40

1964           Barra Fixa                           19.625

* Total de pontos acumulados pela equipe da União Soviética.

De mão quebrada e de ouro: Joseph “Joe” Frazier

Joseph “Joe” Frazier - Créditos / Wikimedia Commons

No superpesado, o aprendiz de açougueiro Joseph “Joe” Frazier, em cima da hora substituiu Buster Mathias.

Em Tóquio, após demolir seus três primeiros adversários, Frazier com a mão direita quebrada, bateu por pontos o motorista de ônibus alemão, Hans Huber.

Em 1970, Frazier ganhou o título mundial dos pesados.

Hirofumi Daimatsu um tirano e vencedor

Na estreia do volei, das doze jogadoras japonesas, dez pertenciam à equipe de uma fábrica de tecelagem em Nichito, próximo a Osaka. O treinador era o famoso Hirofumi Daimatsu, gerente do departamento de contabilidade da fábrica.

Sua fama devia-se aos métodos draconianos que utilizava: bater na cabeça, chutar as nádegas, insultá-las, beliscá-las e fazê-las treinar seis horas por dia, sete dias por semana e 51 semanas por ano. Foi ele quem introduziu o ‘peixinho com rolamento’.

No torneio olímpico, o Japão venceu todos os cinco jogos que disputou, perdendo apenas um set contra a Tchecoslováquia, quando Daimatsu poupou suas melhores jogadoras por causa da presença do técnico soviético. A televisão japonesa registrou uma audiência de 80% na transmissão da final entre Japão e União Soviética, vencida pelas japonesas por 3 a 0.

Depois dos Jogos, na visita que fez ao primeiro-ministro Eisaku Sato, a capitã Masae Kasai, de 31 anos, disse que gostaria de se casar, mas os rigorosos treinamentos a impediam de arrumar um namorado. Sato então apresentou-a para Kazuo Nakamura, com quem se casou.

Daimatsu, que se tornou uma lenda no esporte, deixou o cargo de treinador e abriu uma agência de propaganda. Em 1968 elegeu-se vereador e posteriormente deputado federal, morrendo de ataque cardíaco em 1978.

Campanha do Japão na medalha de ouro feminina do vôlei

Jogos         Vitórias           Derrotas       Sets a favor      Sets contra        Pontos a favor       Pontos contra

 5                         5                            0                          15*                        1                               238                               93

* nesta época, os sets eram disputados até 15 pontos.