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A história dos Jogos Olímpicos: Paris 1924

Para entrar no clima de Tokyo, conheça um pouco da história de edições passadas das Olimpíadas

Eduardo Colli Publicado em 14/07/2021, às 09h36

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Anéis olímpicos - Getty Images
Anéis olímpicos - Getty Images

1924 - VIII Jogos Olímpicos – Paris – França

Abertura: 04.mai.1924 – Encerramento: 27.jul.1924

Abertura Oficial: Presidente Gaston Doumergue

Juramento dos Atletas: Georges André

Países Participantes: 44

Total de Atletas: 3089 Homens: 2954 – Mulheres: 135

Brasil (Atletas): 12 - Homens: 12 Mulheres: -

Esportes: 20 - Eventos: 126

Quadro geral de medalhas, os 5 primeiros colocados e o Brasil

Mesmo com cinco cidades se candidatando: Amsterdã (Holanda), Barcelona (Espanha), Los Angeles (EUA), Praga (Tchecoslováquia) e Roma (Itália), em uma carta datada em 17 de março de 1921, o Barão de Coubertin solicitou e o Congresso do COI em 1921 atendeu: para sediar as Olimpíadas de 1924 foi escolhida Paris, primeira cidade a receber duas vezes os Jogos.

Para superar a falta de apoio do governo francês, em 1922 o Barão ameaçou transferir os Jogos para Los Angeles e, a contragosto, as autoridades francesas construíram em Colombes, o Estádio Olímpico para 60.000 espectadores - 20.000 sentados - uma piscina para um público de 10.000 pessoas em Tourelles e foram aproveitadas as instalações tradicionais de Vel d¹Hiv e La Cipale.

Dos derrotados da Primeira Guerra Mundial, apenas a Alemanha não foi convidada, pois o ódio dos franceses pelos alemães ainda estava vivo. Além disso, também houve problemas políticos com os armênios, irlandeses e croatas.

As novidades da organização ocorreram nos bastidores, com o primeiro Júri de Apelação e as federações internacionais – a partir desta data, como únicas responsáveis pela organização dos torneios dos esportes dentro das Olimpíadas.

Denominados a partir de então “Jogos Olímpicos de Verão”, em 4 de maio foram disputadas as partidas de Rúgbi e, uma semana depois, iniciou-se o torneio de Futebol com 23 equipes. De 25 de janeiro a 4 de fevereiro desse mesmo ano, na cidade francesa de Chamonix, foi realizada a primeira edição dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Demonstrando sua emergente força no comando dos Jogos, o COI baixou duas resoluções que alteraram, e muito, o futuro das Olimpíadas. A primeira, que definiu a participação exclusiva de atletas e as federações nacionais controlassem a não remuneração de todos os atletas.

A segunda foi radical, nenhum atleta que tivesse defendido a bandeira de um país nas edições anteriores poderia defender outro país, mesmo com todos os trâmites internacionais reconhecidos para a mudança de nacionalidade. Resolução alterada, anos depois.

Oficialmente, os Jogos foram abertos em 5 de julho com salvas de canhões, revoada de pombos e com a aparição oficial do lema olímpico, “Citrus, Altius et Fortius” – mais rápido, mais alto e mais forte.

À frente do presidente da França, desfilaram 3.092 atletas de 44 países – número bem superior aos 22 países de 4 anos antes –, além da presença de mais de 1.000 jornalistas. A novidade foi a transmissão da cerimônia, via radiodifusão, fatos que atestaram o início da consolidação das Olimpíadas como o maior evento esportivo mundial.

No dia 27 de julho, após assistir à cerimônia das três bandeiras: do Comitê Olímpico, do país sede dos Jogos que se encerram e do próximo país a receber os Jogos Olímpicos, e novamente frustrados com seus compatriotas, o Barão de Coubertin, declarou encerrados os Jogos.

A medalha de 1924

Medalhas olímpicas de 1924 - Créditos / Wikimedia Commons

Frente: um vitorioso atleta nu toma a mão de seu rival, sentado no chão, para ajudá-lo a levantar. Por baixo, os anéis olímpicos.

Verso: uma harpa como um símbolo do programa cultural dos Jogos e vários equipamentos dos esportes de verão e de inverno formam um arco. No centro, e a inscrição: "XVIIIeme Olympiade PARIS 1924" (‘VIII Olimpíadas PARIS 1924’).

Maiores medalhistas

AnoAtletaPaísEsporteTotalOuroPrataBronze
1924Paavo NurmiFinlândiaAtletismo7500
Ethel LackieEstados UnidosNatação2200
Hazel WightmanEstados UnidosTênis2200
Helen WillsEstados UnidosTênis2200

Destaques

Johhny Weissmuller, o primeiro e mais famoso Tarzan

Johhny Weissmuller - Créditos / Wikimedia Commons

Em 9 de julho de 1922 Johnny Weissmuller entrou para a história ao se tornar o primeiro homem a nadar os 100 metros livres em menos de 1 minuto. Em 17 de fevereiro de 1924 estabeleceu o novo tempo de 57.4 segundos, recorde mundial que durou 10 anos. Johnny nasceu na Suábia alemã, atual Romênia, em 2 de junho de 1904, e sua família emigrou para os Estados Unidos em 1908. Seu pai, que era mineiro, morreu de tuberculose em Chicago antes de ver o filho tornar-se famoso e rico.

Na final em Paris ele estava na raia entre os irmãos Samuel e Duke Kahanamoku, agora com 34 anos. Antes da prova Duke aproximou-se de Johnny e desejou boa sorte, acrescentando: “O mais importante são as três medalhas para os Estados Unidos!” E assim foi: Johnny venceu facilmente, saudado por um público de sete mil espectadores que gritavam o seu nome. Neste dia ele ganhou também o Revezamento 4 x 200m e ajudou a equipe de Pólo Aquático dos Estados Unidos a conseguir a medalha de bronze.

Dois dias depois, nos 400 livres, travou uma acirradíssima disputa contra o sueco Arne Borg, com a diferença entre os dois nunca excedendo 13 centésimos e alternância de ambos no primeiro lugar. Isso até a marca dos 380 metros, quando Johnny escapou para vencer com mais de 1 metro e 20 centímetros de vantagem.

Não apenas por suas vitórias, mas também por suas performances de comediante, Johnny Weissmuller foi um dos mais populares atletas destes Jogos.

Quatro anos depois, mesmo engolindo muita água durante um momento da prova, Johnny Weissmuller se recuperou vencendo os 100m livres. Sua carreira olímpica foi encerrada ao conquistar sua quinta medalha de ouro no Revezamento 4 x 200m.

Dois anos depois, durante os treinos para os Jogos de 1932, ele fora convidado pela BVD Underwear Company para estrelar em publicidade de trajes de banho por 500 dólares. Quando as fotos saíram veio novo convite, agora para filmar “Tarzan, o homem macaco”, em 1932, e ele tornou-se o primeiro dos quatro medalhistas olímpicos a atuar como “rei das selvas” - os outros foram Buster Crabbe, Herman Brix e Glenn Morris.

Johnny Weissmuller como Tarzan - Créditos / Wikimedia Commons

Johnny estrelou Tarzan onze vezes em dezesseis anos, se casou cinco vezes e sua fama era tão grande que quando, em 1959, ao participar de um torneio de Golfe em Havana, foi cercado por um grupo armado de revolucionários de Fidel Castro, prontamente foi reconhecido, passando então a dar autógrafos aos rebeldes.

Paavo Nurmi

Paavo Nurmi - Créditos / Wikimedia Commons

Um dos maiores atletas de todos os tempos, o tímido e solitário Paavo Nurmi que não fumava e nem bebia, em 1924, correu cinco provas e venceu as cinco, marca inigualada no atletismo olímpico. Ele é o terceiro maior medalhista da história.

A maior façanha de Nurmi, que era tachado de orgulhoso e mal-educado (talvez por sua timidez), ocorreu no dia 9 de julho, quando 2 horas após vencer os 1.500 metros com mais de 1 segundo de vantagem sobre o suíço Schärer, ganhou os 5.000 metros (3 semanas depois dos Jogos, Paavo repetiu a façanha em Helsinki, onde além de vencer estabeleceu o recorde mundial para as duas provas). Um dos motivos para sua performance, era segundo ele a alimentação a base de pão preto e peixe seco.

Acusado de profissionalismo foi impedido de competir em 1932. Nos Jogos de Helsinki - 1952, além de ser a inspiração para o pôster oficial, ele acendeu a pira olímpica.

Vitórias do finlandês Paavo Nurmi de 1920 até 1928

Ano          Prova                                                 Tempo                     Recorde

1920     10.000 metros                               31:45.8

1920     Cross-Country Individual        27:15.0

1920     Cross-Country por Equipes       10

Ano          Prova                                                      Tempo          Recorde

1924       1.500 metros                                     3:53.6          Olímpico

1924        5.000 metros                                   14:31.2       Olímpico

1924        Cross-Country Individual         35:54.8

1924        Cross-Country por Equipes        11

Ano          Prova                        Tempo         Recorde

1928      10.000 metros     30:18.8       Olímpico

“Carruagens de Fogo, o filme”: Eric Lidell e Harold Abrahams

O estudante de Direito, Harold Abrahams nos 100 metros rasos, que fumava na pista quando não corria, foi comentarista de rádio, escritor, estatístico e presidente da Associação Atlética Amadora Britânica e o estudante de Teologia, Eric H. Liddell nos 400 metros rasos, que mais tarde transformou-se em pastor anglicano, foi missionário na China onde morreu em um campo de concentração japonês durante a Segunda Guerra Mundial, conquistaram duas medalhas de ouro para a Grã-Bretanha e tornaram-se fontes de inspiração para o filme “Carruagens de Fogo”, premiado com o Oscar de melhor filme de 1.982.

Cena do Filme " Carruagens de Fogo" (1981) - Créditos / Divulgação: 20th Century Fox

O Mordedor: Roger Brousse

No combate entre o britânico Harry Mallin, campeão de 1920, e o francês Roger Brousse, que venceu a final da categoria médio por pontos, mas teve seu título cassado pelo Júri de Apelação da Associação Internacional de Boxe por um motivo bastante curioso: Brousse mordeu seus adversários. Além do britânico Mallin, ele foi acusado também pelo argentino Gallardo.

O jornal inglês Daily Sketch escreveu: “Mallin venceu o especialista em tirar pedaços de carne dos adversários” e “após morder um argentino, o francês Brousse decidiu variar o menu, com um bife de um velho inglês”.

A Celeste Olímpica: Uruguai

Seleça Olímpica do Uruguai de 1924 - Créditos / Wikimedia Commons

O torneio de futebol foi marcada pela entrada em cena dos sul-americanos, mais precisamente do Uruguai, seleção que introduziu o refinado toque de bola e também o jogo violento, com muitas faltas.

Com mais de 60 mil pessoas no estádio e vários feridos entre os torcedores que não puderam entrar, a partida semifinal entre uruguaios e holandeses foi bastante conturbada, com o árbitro alemão sendo substituído por um francês devido aos protestos.

Na final contra a Suíça, o Uruguai, com grande atuação de Pedro Cea que marcou 3 gols, venceu por 3 a 0, conquistando seu primeiro título olímpico.

Com seis gols cada, Pedro Cea, do Uruguai, e Sven Rydell, da Suécia, foram os artilheiros do torneio que apresentou os uruguaios José Nasazzi, José Leandro Andrade, o próprio Cea e Hector Scarone, o egípcio Moktar Matimoud, o francês Dufour e o goleiro italiano GiampieroCombi, como os grandes jogadores.

Campanha do Uruguai

Jogos        Vitórias         Derrotas         Empates       Gols a favor        Gols contra        Saldo

5                        5                         0                            0                        20                             2                         18

Em Amsterdã, quatro anos depois, para conquistar o bicampeonato em Amsterdã o Uruguai jogou duas vezes contra a arquirrival Argentina. Como a primeira partida terminou empatada em 1 a 1, um segundo jogo valendo a medalha de ouro foi disputado apresentando vitória uruguaia por 2 a 1.

Esta final repetiu-se dois anos depois, na primeira Copa do Mundo em 1930, também vencida pelos uruguaios por 4 a 2 com uma equipe que tinha Nasazzi, LeandroAndrade, Cea, Scarone e Monte Castro, que haviam conquistado os dois títulos dos Jogos e inspiraram o apelido “Celeste Olímpica” para denominar a seleção uruguaia.

Interessante ressaltar que, ao findar do século XX, esta partida foi a única final dos esportes coletivos jogada entre dois países sul-americanos na história olímpica.

Os Reis do Gatilho: os irmãos Carlberg

Os gêmeos suecos, Vilhelm e Eric se tornaram oficiais militares em 1901 e se aposentaram como major.

Vilhelm competiu nos Jogos de 1908, 1912 e 1924 e conquistou três ouros, três pratas e um bronze. Além do tiro, Vilhelm ajudou a organizar eventos de ginástica nos Jogos de 1912.

Eric que foi diplomata, competiu nas mesma edições do irmão e levou para casa duas medalhas de ouro e três de prata.