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A história dos Jogos Olímpicos: Munique 1972

Para entrar no clima de Tokyo, conheça um pouco da história de edições passadas das Olimpíadas

Redação Publicado em 22/07/2021, às 15h23

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Anéis olímpicos - Getty Images
Anéis olímpicos - Getty Images

1972 – XX Jogos Olímpicos – Munique - Alemanha

Abertura: 26.ago.1972 – Encerramento: 11.set.1972

Abertura Oficial: Presidente Gustave Heineman

Juramento dos Atletas: Heidi Schüller

Juramento dos Árbitros: Heinz Pollay

Acendimento da Pira: Günter Zahn

Participantes: 121

Total de Atletas: 7134 Homens: 6075 – Mulheres: 1059

Brasil (Atletas): 89 Homens: 84 – Mulheres: 5

Esportes: 23 – Eventos: 195

Quadro geral de medalhas, os 5 primeiros colocados e o Brasil

Ao derrotar Montreal, Madri e Detroit, em 1966 Munique foi escolhida e utilizando mais de 15.000 trabalhadores, construiu o mais bonito e funcional conjunto de instalações esportivas para uma Olimpíada.

Em uma área de 300 hectares, foram erguidos o Estádio Olímpico para 80.000 espectadores, o ginásio de 12.000 lugares e uma piscina de 8.000 assentos, todos cobertos por uma tela de acrílico.

O complexo esportivo, conta ainda com um velódromo, salas de ginástica, o campo de hóquei na grama e outras instalações.

A Vila Olímpica, o Centro de Imprensa e a Torre de Televisão com 290 metros de altura, situados a poucos metros de distância, completam este belo exemplo de arquitetura e urbanismo a serviço do esporte.

Depois de cinquenta e dois anos, o tiro com arco reapareceu. Trinta e seis competidores exibiram-se no esqui aquático e 11 países, a título de esporte de demonstração, disputaram torneios de badminton.

Depois da eleição do Lord Killanin – seu verdadeiro nome é Michael Morris – à presidência do COI, e expulsão da Rodésia por seu regime de apartheid, os Jogos iniciados no dia 26 de agosto, tão bem-preparados, ficaram marcados para sempre pelo mais sério e grave acontecimento da história olímpica.

Na madrugada do dia 5 de setembro, oito membros do comando palestino “Setembro Negro”, tomaram de assalto o bloco 31 da Rua Connollystrasse, alojamento da equipe israelense.

Dois judeus que reagiram foram imediatamente mortos, outros três fugiram. Nove atletas foram feitos reféns em seus próprios quartos. A polícia alemã com helicópteros e fortemente armada cercou a Vila.

Os palestinos fizeram suas exigências: a vida dos reféns em troca da liberdade de 234 guerrilheiros presos em Israel, mas o governo judeu não aceitou. Dezoito horas depois, o comando guerrilheiro e os reféns foram levados para a base aérea de Fürstenfeldrück, de onde um avião os levaria para a Líbia ou Tunísia.

Neste momento ocorreu o massacre, tão logo o helicóptero com os reféns e sequestradores pousou, a despreparada polícia alemã abriu fogo. Então os sequestradores detonaram suas granadas e o saldo final foi nove atletas, cinco guerrilheiros – os outros três foram presos -, e dois policiais mortos.

Com a tragédia, todos esperavam que os Jogos fossem cancelados, mas o COI se limitou, na manhã seguinte, a celebrar uma cerimônia fúnebre e, no encerramento de seu discurso, Brundage concluiu com a frase: “The games most go on” - os Jogos devem continuar.

Os Jogos com a maior tragédia olímpica terminou no dia 11 de setembro.

A medalha de 1972

Medalha Olímpica de 1972 - Créditos / Wikimedia Commons

Frente: idêntica à medalha de 1928, exceto pela inscrição: "XX. Olympiade München 1972" (´XX Olimpíadas MUNIQUE 1972´).

Verso: Castor e Pólux. os filhos gêmeos de Zeus e Leda, os patronos de competições esportivas e da amizade, representado por dois jovens nus. O Comitê Organizador para os Jogos de 1972 em Munique inovou por ter um reverso diferente, que foi projetado por um representante Bauhaus.

Maiores medalhistas

AtletaPaísEsporteTotalOuroPrataBronze
Mark Spitz Estados UnidosNatação7700
Shane GouldEstados UnidosNatação5311

Destaques

O Rei dos Jogos: Mark Spitz

Mark Spitz - Créditos / Wikimedia Commons

Mark Spitz chegou a Munique com três objetivos. Primeiro provar que era melhor que Schollander, ganhando cinco provas. Segundo transformar-se no primeiro atleta a ganhar seis provas em uma única Olimpíada. E terceiro: ser o melhor de todos, ganhando sete medalhas de ouro.

A dúvida, no dia 1o. de setembro de 1972, era sobre o terceiro objetivo, já que até aquele momento Spitz tinha cinco medalhas de ouro e a sexta viria, sem dúvida, no revezamento medley, porque nos 100 metros livres seria difícil pois seu compatriota JerryHeidenreich estava nadando muito nas eliminatórias.

Segundo Arnold Spitz, pai de Mark, seu filho sempre declarava que “nadar não é tudo, vencer é tudo”, e que ele achava melhor competir em quatro e ganhar todas, do que competir em sete e ganhar apenas seis.

Quando começaram os rumores de que Mark desistiria da prova, seu treinador Sherm Chavoor lhe disse: “seja perseverante como uma galinha e evite confrontar-se com Heidenreich”. Mark não desistiu e, nas eliminatórias da manhã e nas semifinais da tarde do dia 2, chegou atrás do companheiro de equipe Jerry Heidenreich e do campeão mundial, o australiano Michael Wenden.

Na final, Mark surpreendentemente saiu para o ataque: abriu uma clara vantagem e administrou o cansaço dos últimos 15 metros para vencer com novo recorde mundial de 51.22, tornando-se o primeiro a ganhar sete medalhas de ouro numa só Olimpíada.

Nos 200 livres, após sua fácil vitória com mais de 1 segundo à frente do compatriota Steven Genter - que um dia antes da prova havia deixado o hospital após um colapso parcial do pulmão -, Spitz apareceu no pódio com seu tênis pendurado no pescoço, exibindo-se para o público e a TV. Questionado pelo COI, ele afirmou que sua atitude tinha sido por causa da alegria pela vitória e não por motivos comerciais.

As sete vitórias do americano Mark Spitz:

Prova                                                                            Tempo                                       Recorde

100 metros livres                                                   51.22                                  Mundial / Olímpico

200 metros livres                                               1:52.78                                 Mundial / Olímpico

100 metros borboleta                                          54.26                                Mundial / Olímpico

200 metros borboleta                                      2:00.70                                Mundial / Olímpico

Revezamento 4 x 100 metros livres         3:26.42                               Mundial / Olímpico

Revezamento 4 x 200 metros livres         7:35.78                               Mundial / Olímpico

Revezamento 4 x 100  metros medley    3:48.16                               Mundial / Olímpico

A Rainha dos Jogos: Olga Korbut

Olga Korbut - Créditos / Wikimedia Commons 

A checa Vera Cáslavská foi realmente uma ginasta popular. Entretanto, a primeira musa que arrebatou plateias no mundo todo foi a soviética Olga Korbut, nascida na cidade de Grodno, na Bielo-Rússia, com um metro e meio de altura e 38 quilos em seus 17 anos.

Treinada pelo excêntrico Renald Knysh - ele catalogava jovens casais que poderiam gerar filhos com características de bons ginastas em Grodno -, Olga, que chegou a Munique graças à contusão de uma colega de equipe, deixou o públco deslumbrado com sua atuação nas barras assimétricas da competição por equipes.

No entanto perdeu a chance de disputar o ouro no geral individual ao desequilibrar-se na segunda apresentação do aparelho.

Vinte e quatro horas depois Olga ganhou duas de ouro e uma de prata nas provas específicas por aparelhos.

A campeã individual foi a também soviética Lyudmila Tourischeva que nunca perdeu para Olga na competição, mas sua popularidade não alcançava a dela, o que a deixava confusa e irritada.

As vitórias da soviética Olga Kurbot em 1972 e 1976:

Ano             Prova               Pontuação

1972          Trave                   19.40

1972          Solo                     19.575

1972          Equipes             380.50*

1976          Equipes             466.00*

* Total de pontos acumulados pela equipe da União Soviética

Valeri Borzov, o “Homem Foguete

Valeri Borzov em 1974 - Créditos / Wikimedia Commons

O soviético Valeri Borzov, nasceu na Ucrânia e não participou dos Jogos no

México devido a uma lesão; em Munique ganhou os 100 metros com 10.1 segundos, graças principalmente aos americanos Larry Black e Rey Robinson - que corriam a distância em 9.9 segundos - terem perdido o ônibus e não participado das semifinais.

Entretanto, para mostrar seu valor, Valery venceu os 200 metros com 20 segundos cravados, superando Black por 10 centésimos de segundo.

Quatro anos depois, em Montreal, sua carreira já estava em declínio, como a da ginasta soviética Ludmila Turischeva. Os dois firmaram o namoro, casando-se posteriormente.

Grande Confusão e a Segunda Dinastia se Encerra: União Soviética x Estados Unidos no basquete

Estados Unidos vs URSS pelos Jogos Olímpicos de 1972 - Créditos / Wikimedia Commons

Uma das maiores controvérsias da história dos Jogos Olímpicos, ocorreu dia 10 de setembro, quando os Estados Unidos com um cartel de 62 vitórias e nenhuma derrota, entrou na quadra para disputar a final contra a União Soviética.

No final do 1º tempo, vantagem soviética de 26 a 21, aumentada para 8 pontos durante o 2º tempo. Restando pouco mais de 6 minutos, a reação americana fez a diferença cair para um ponto e faltando apenas 6 segundos, o astro soviético Sasha Belov passou erroneamente a bola para Doug Collins, que sofreu uma falta intencional de Sako Sakandelidze, converteu os dois lances livres e os Estados Unidos pela 1a vez a frente no placar, por 50 a 49.

Com o time soviético pronto para repor a bola em jogo dois segundos depois, o árbitro brasileiro Renato Righetto reparrou uma diferença no tempo de jogo e convocou um tempo. O técnico soviético Vladimir Kondrashkin alegou que o cronômetro foi alterado após o 1º lance livre, com o tempo de jogo na opinião de Renato e de André Chopard (Chefe de Cronometragem), restando 1 segundo.

Neste momento o britânico R. William Jones (presidente da FIBA – Federação Internacional de Basquete) ordenou que o relógio deveria marcar 3 segundos, sendo atendido devido ao seu poder.

Na reposição da bola Sasha Belov, recebeu um longo e perfeito passe de Ivan Yedeshko e converteu a cesta e a União Soviética pela primeira vez na história conquistou a medalha de ouro.

Os Estados Unidos protestou e o Juri de Apelação após várias horas reunido, decidiu por 3 votos a 2, manter a vitória soviética, com voto de minerva do húngaro Terence Hepp, presidente do Júri, por imposição de R. Willians Jones.

As vitórias consecutivas dos Estados Unidos de 1936 até a semifinal de 1972:

Ano                  Jogos         Pontos a favor       Pontos contra

1936                      4                  152                             69

1948                      8                  524                           256

1952                      8                  562                           406

1956                      8                  792                           365

1960                      8                  815                           476

1964                      9                  704                           434

1968                      9                  739                           495

1972                     8                   609                           350

Total                    62                4.897                      2.851

Polônia a sensação

A entrar para jogar a partida final contra a Polônia, os húngaros defendiam uma invencibilidade de 21 jogos disputados nas Olimpíadas, desde 1960.

Com uma chuva torrencial e um vento que se aproximou de um vendaval, o primeiro tempo do jogo terminou um a zero para a Hungria.

No segundo tempo, auxiliados pelo vento, a Polônia virou o jogo e venceu por 2 a 1. Destaque para os craques Deyna, Lubanski, Gadocha e Lato, que 2 anos depois bateram o Brasil por 1 a 0, na disputa do 3º lugar na Copa do Mundo da Alemanha.

As vitórias do alemão Hans-Günter Winkler no hipismo de 1956 até 1972:

Hans-Günter Winkler em 1972 - Créditos / Wikimedia Commons

Ano                                   Prova                                                                   Cavalo                                Total de Faltas

1956        Grande Prêmio das Nações Individual                    Haila                                                 4

1956        Grande Prêmio das Nações por Equipes                Haila                                                 4

1960        Grande Prêmio das Nações por Equipes                Haila                                             13,25

1964        Grande Prêmio das Nações por Equipes                Fidelitas                                      32,50

1972        Grande Prêmio das Nações por Equipes                Torphy                                         16,00

A espionagem e o frio que mata

Na canoagem slalom, os alemães ocidentais gastaram 4 milhões de dólares construindo um canal artificial em Augsburgo, onde esperavam ganhar várias medalhas. Entretanto, um ano antes dos Jogos, os alemães orientais estudaram com detalhes Augsburgo e construíram uma réplica idêntica.

Nos Jogos, a Alemanha Oriental ganhou todas as provas de Slalom. Seu principal canoísta foi Siegbert Horn, 22 anos, nascido em Leipzig, que na primeira descida terminou em 17o e na segunda, remando calmamente, marcou o oitavo tempo, mas devido a uma pequena penalização nas 2 descidas, ganhou a prova.

Novamente as soviéticas dominaram as duas provas de Velocidade, com destaque para Yulia Ryabchinskaya, ouro no K1 – 500.

Quatro meses após os Jogos, exausta e ansiosa depois da temporada de treinos de inverno, Yulia caiu nas águas do Lago Paleostomi, na Georgia, morrendo devido ao resfriamento abrupto.

A partir daí, em todas as primaveras é disputada uma prova internacional de Canoagem em sua homenagem.

O handebol e a Iugoslávia

Com o retorno dos Jogos ao território alemão, o handebol foi reintroduzido definitivamente nas Olimpíadas.

Disputado por 16 equipes, a partida mais importante do torneio ocorreu na segunda rodada da fase de classificação, disputada entre a Iugoslávia e a Romênia, campeã mundial. Faltando 15 minutos para terminar o jogo, Milan Lazarevic marcou Iugoslávia 10 a 9. Quatro minutos depois Djoko Lavrnic levou os iugoslavos a uma inédita vantagem de 2 gols, por 11 a 9.

Continuaram a dominar chegando a 14 a 11, assustaram com os dois gols dos romenos, mas venceram por 14 a 13.

Na final contra a Tchecoslováquia o time iugoslavo virou o primeiro tempo em vantagem de 12 a 5; chegou a 18 a 8 e, faltando 13 minutos para o encerramento, venceu a partida por 21 a 16, levando a medalha de ouro.