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A história dos Jogos Olímpicos: Moscou 1980

Os jogos começaram! Então, confira a história das edições passadas para entrar no clima olímpico

Redação Publicado em 23/07/2021, às 11h23

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Anéis olímpicos em Yokoha - Getty Images
Anéis olímpicos em Yokoha - Getty Images

1980 – XXII Jogos Olímpicos – Moscou – União Soviética

Abertura: 19.jul.1980 – Encerramento: 03.ago.1980

Abertura Oficial: Presidente Leonid Brezhnev

Juramento dos Atletas: Nikolay Andrianov

Juramento dos Árbitros: Aleksandr Medved

Acendimento da Pira: Sergei Belov

Participantes: 80

Total de Atletas: 5179 Homens: 4064 – Mulheres: 1155

Brasil (Atletas): 109 Homens: 94 – Mulheres: 15

Esportes: 23 – Eventos: 203

Quadro geral de medalhas, os 5 primeiros colocados e o Brasil

Por decisão do governo da União Soviética, no Natal de 1979, Kabul a capital do Afeganistão - que tentou libertar-se do julgo soviético -, foi bombardeada. A

situação agora era diferente dos fatos ocorridos na Hungria e na Checoslováquia, pois a União Soviética, além de invasora, era também país sede dos Jogos.

Para não apoiar a política externa dos soviéticos, o presidente norte-americano Jimmy Carter declarou o boicote aos Jogos. Os governos alemão ocidental e britânico prontamente apoiaram a postura norte-americana e o mundo olímpico se dividiu.

O Conselho Africano, inicialmente a favor de Moscou, foi convencido por Muhammad Ali a mudar de postura.

O Lorde Killanin reuniu-se com as duas grandes potências para tentar a reconciliação, Carter não cedeu e vários países esperaram até o último dia para a decisão. O fato é que muitos governos eram a favor do boicote, mas os Comitês Olímpicos Nacionais não, casos da Grã-Bretanha, França e Itália, que enviaram suas delegações para Moscou, mas sem a bandeira e o hino de seus países.

A capital da União Soviética reformou totalmente o estádio Lenin para 103.000 pessoas e construiu o Pavilhão Multiesportivo da Avenida da Paz com 45.000 lugares, local para o basquetebol, handebol, voleibol e boxe. Também eram novos, o velódromo e o parque Aquático.

O futebol teve como subsedes as cidades de Kiev, Leningrado e Minsk e o hóquei na grama e a vela foram levados para Tallinn.

No dia 19 de julho, início do mandato do espanhol Juan Antonio Samaranch como Presidente do COI, com apenas 80 países – 62 desfilaram com bandeira própria – e 5.179 atletas, o mundo assistiu, abertura das Olimpíadas. Um espetáculo de duas horas que mesclou Balé e Ginástica.

O tricampeão Victor Saneiev entrou no estádio com a tocha e Serguei Belov – campeão olímpico de Basquetebol em Munique – acendeu a pira.

O Secretário Geral do Partido Comunista e Primeiro-Ministro Leonid Brezhnev declarou oficialmente abertos os Jogos.

Com as lágrimas do mascote Misha – um pequeno urso –, que se transformou na figura mais simpática dos Jogos, no dia 3 de agosto, as Olimpíadas de Moscou se encerraram.

A medalha de 1980

Medalha olímpica de 1980 - Créditos / Wikimedia Commons

Frente: idêntica à medalha de 1928, exceto pela inscrição: " “ИГРЬІ XXII ОЛИМПАДЫ МОСКВА 1980” (´XXII Olimpíadas MOSCOU 1980´).

Verso: um estilizado estádio olímpico com uma ardente pira (não queima uma chama ardente). A direita da chama, o emblema dos Jogos com o nome do esporte olímpico na borda.

Maiores medalhistas

AtletaPaísEsporteTotalOuroPrataBronze
Aleksandr DityatinUnião SoviéticaGinástica8341
Caren MetschuckAlemanha OrientalNatação4310

Destaques

João do Pulo: “roubaram o meu ouro, roubaram o meu ouro ...”

João Carlos de Oliveira  - Créditos / Wikimedia Commons

João Carlos de Oliveira nasceu em Pindamonhangaba, 28 de maio de 1954.

Em 1973, treinado por Pedro Henrique de Toledo, o Pedrão, bateu o recorde mundial júnior do salto triplo no Campeonato Sul-Americano de Atletismo com a marca de 14,75 metros.

Dois anos depois, como cabo do Exército Brasileiro ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México com a excepcional e incrível marca de 17,89 metros, superando em 45cm a marca anterior do soviético Viktor Saneyev. Nascia o “João do Pulo”, um herói nacional. Seu recorde foi batido pelo americano Willie Banks dez anos depois, 17,97m.

Quatro anos antes, apesar do favoritismo, mas lesionado, conquistou apenas o bronze e assistiu o soviético Viktor Saneyev ser tricampeão da prova.

Em Moscou, João saltou entre 17,90 e 18 metros, mas não se classificou para final, de maneira quase explicita, o juiz da passada intermediária, depois de hesitar um pouco e de comprovar que era longuíssimo, levantou a bandeira vermelha para anulá-lo. Ordenou ainda que as marcas da areia fossem apagadas, para não dará margem a reclamação. O mesmo juiz anulou um salto do australiano Ian Campbell, de atingiu 17,50 metros.

No retorno para a Vila Olímpica João desabafou: “roubaram o meu ouro, roubaram o meu ouro”.

A medalha de ouro ficou com o soviético Jaak Uudmäe e Viktor foi prata, o sistema perdeu. Em 1992, o treinador de Jaak conversando com João, confirmou que aconteceu na prova foi uma fraude.

Em 1981, João sofreu um grave acidente de carro e teve a perna direita amputada. Faleceu em 1999.

O Rei dos Jogos: Nikolai Andrianov

Nikolai Ost Yefimovich Andrianov, nasceu no dia 14 de outubro de 1952 na cidade de Vladimir na União Soviética e teve uma infância difícil. Abandonado pelo pai e vivendo no limiar da pobreza, ganhou uma vida assim que aceitou um convite de um amigo para ir ao ginásio: “o esporte salvou a minha”, confidenciou.

Aos 19 anos, estreou nos Jogos de Munique – 1972 de forma modesta, apenas três medalhas, uma de cada cor, mas prometeu, em Montreal vou arrasar.

Em Solo canadense, ele cumpriu a promessa foram sete medalhas no total, sendo quatro de ouro.

Competindo em casa, aumentou a coleção com mais cinco medalhas, três de ouro e atingiu a excepcional marca de 15 medalhas, oito de ouro.

Aposentando em 1980, começou a treinar outros atletas. Transferiu-se para o Japão, onde foi responsável pelo crescimento de Naoya Tsukahara, campeão olímpico em 2004 por equipes.

Até 2008, Andrianov liderava o quadro de medalhas no masculino, quando foi superado por Michael Phelps.

Morreu em 2011, vítima da atrofia sistémica múltipla.

As 7 vitórias do soviético Nikolai Y. Andrianov de 1972 até 1980:

Ano                    Prova                           Pontuação

1972                 Solo                                   19.175

1976        Individual geral                  116.65

1976       Salto sobre o Cavalo        19.45

1976              Argolas                              19.65

1976                Solo                                    19.45

1980             Equipes                            589.60*

1980             Equipes                            598.60*

1980        Salto sobre o Cavalo      19.825

* Total de pontos acumulados pela equipe da União Soviética.

A Rainha dos Jogos: Barbara Krause

Uma das líderes da natação em seu país para os Jogos de 1976, Barbara ficou de fora por problemas de saúde, mas seguiu treinando para participar dos Jogos em Moscou.

Sua luta deu resultado e ela ganhou a primeira medalha de ouro nos 100 metros livres, tornando-se também a primeira mulher a nadar a distância em menos de 55 segundos.

A segunda vitória de Barbara foi nos 200 metros com o tempo 1:58.33, após ultrapassar a compatriota Ines Diers na marca dos 150 metros.

A terceira medalha dourada foi conquistada no revezamento 4 x 100 metros.

Quebrada a Barreira dos Quinze Minutos: Vladimir Salnikov

Vladimir Salnikov anos depois, em 1986 - Créditos / Wikimedia Commons

Aos 20 anos de idade Vladimir Salnikov, nascido em Leningrado, era um dos nadadores soviéticos que deveriam treinar nos Estados Unidos. Entretanto, quando o presidente Carter iniciou o boicote aos Jogos devido à invasão do Afeganistão, Vladimir foi vetado, fato que seu técnico Sergei Vaitsekhovsky tentou menosprezar, afirmando que era uma manobra sua para não mostrar seus treinos secretos.

Ouro nos 400 metros, sua mais importante vitória e feito ocorreu nos 1500 metros onde tornou-se o primeiro homem a nadar a distância em menos de 15 minutos.

Os Navegadores: Marcos Rizzo Soares, Eduardo Penido, Alexandre Welter e Lars S. Bjorkstrom

Localizada no Mar Báltico, na entrada do Golfo da Finlândia, a cidade de Tallin, na Estônia, foi o local do Torneio Olímpico de Iatismo.

O Brasil obteve duas medalhas de ouro e terminou a competição em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, seguido pela Finlândia, União Soviética, Espanha e Dinamarca, com uma vitória cada.

Após muitos anos de luta, e de grandes iatistas brasileiros como Joerg Bruder - campeão mundial da Classe Finn em 1966, falecido no triste desastre do avião da Varig, em Orly, 1973 -, Reinaldo Conrad, Peter Ficker, e Claudio Berkarck, entre outros, o Brasil, através dos cariocas Marcos Soares e Eduardo Penido, ganhou finalmente a tão merecida e esperada medalha de ouro deste esporte ao vencer a Classe 470.

A outra fantástica vitória brasileira foi com Alexandre Welter e Lars Sigurd Björkström - sueco naturalizado brasileiro - que obtiveram três primeiros lugares, dois terceiros e um quinto até a sexta regata e encerraram a prova com a excelente vantagem de 9 pontos sobre o barco da Dinamarca, segundo colocado da Classe Tornado.

Exótica Polêmica: Lyudmila Kondraieva e Marlies Gühr

A final mais polêmica, e com o episódio mais exótico, ocorreu na prova dos 100 metros rasos do feminino. A soviética Lyudmila Kondraieva e a alemã oriental Marlies Gühr (Oelsner) chegaram tão juntas que os árbitros tiveram de assistir várias vezes ao filme da chegada, com o público soviético logicamente a favor da compatriota.

Alguns árbitros julgavam que a soviética tinha o seio à frente e outros afirmavam que a alemã oriental havia vencido por milímetros.

Em reunião que mais pareceu concurso de beleza, a decisão final foi a favor, é claro, de Lyudmila, corredora da casa.

Teófilo Stevenson o dominador dos ringues

Teófilo Stevenson anos depois, em 1986 - Créditos / Wikimedia Commons

Teófilo Stevenson, cubano de Las Tunas, foi desde Cassuis Clay, o mais impressionante boxeador do torneio olímpico.

Em 1972, na primeira luta, derrubou o polonês Ludwik Denderys no 1º assalto, na segunda enfrentou o americano Duane Bobick (que o venceu na semifinal dos Jogos Pan-Americanos de 1971) e com uma potente direita ganhou o combate no 3º assalto. Na semifinal, o cubano derrubou o experiente alemão ocidental

Peter Hussing e para conquistar sua primeira medalha de ouro, não precisou lutar, pois o romeno Ion Alexe que havia ganho a duríssima semifinal contra o sueco Hasse Thomsén, engessou a mão e não pode lutar.

A segunda medalha de ouro do cubano Teófilo Stevenson em Montreal - 1976, foi ganha novamente com facilidade.

Foram necessários apenas 9 minutos e 57 segundos em quatro lutas e quatro nocautes. A bem da verdade, seu oponente mais difícil, o soviético Igor Vysotsky, que havia ganho de Stevenson duas vezes antes dos Jogos, não foi a Montreal por causa de um problema nos olhos.

A terceira medalha de ouro consecutiva de Teófilo Stevenson ocorreu na vitória por pontos sobre o soviético Pyotr Zaev.

O tricampeonato do cubano Téofilo Stevenson

Ano                          Categoria

1972                       Pesados

1976                       Pesados

1980                       Pesados