Sportbuzz
Busca
Facebook SportbuzzTwitter SportbuzzYoutube SportbuzzInstagram SportbuzzTelegram SportbuzzSpotify SportbuzzTiktok Sportbuzz
Testeira

A história dos Jogos Olímpicos: Los Angeles 1984

Os jogos começaram! Então, confira a história das edições passadas para entrar no clima olímpico

Eduardo Colli Publicado em 27/07/2021, às 14h16

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Anéis olímpicos - Getty Images
Anéis olímpicos - Getty Images

1984 – XXIII Jogos Olímpicos – Los Angeles – Estados Unidos

Abertura: 28.jul.1984 – Encerramento: 12.ago.1984

Abertura Oficial: Presidente Ronald Reagan

Juramento dos Atletas: Edwin Moses

Juramento dos Árbitros: Sharon Weber

Acendimento da Pira: Rafer Johnson

Países Participantes: 140

Total de Atletas: 6829 Homens: 5263 – Mulheres: 1566

Brasil (Atletas): 151 Homens: 129 – Mulheres: 22

Esportes: 26 – Eventos: 221

Quadro geral de medalhas, os 5 primeiros colocados e o Brasil

Sem concorrentes, Los Angeles foi escolhida cidade sede, em 1980.

Com o boicote norte-americano aos Jogos de Moscou, a dúvida era, qual seria a postura dos soviéticos. Usando como pretexto a invasão norte-americana em Granada, no dia 8 de maio de 1984, o governo da União Soviética declarou o boicote aos Jogos.

Acompanharam a decisão soviética, quatorze países – entre eles o próprio Afeganistão, Cuba, Iêmen, Coréia do Norte e a Etiópia -, e todos os países comunistas satélites europeus, exceto a Romênia.

Entretanto, negócios são negócios e os norte-americanos começaram a executar seus planos. Para participar do revezamento da tocha, cada corredor teve que pagar uma quantia de 5.000 dólares. Nem todo o trajeto de Nova York a Los Angeles, no total de 15.000km, foi pago, mas o importante era o lucro dos Jogos.

Olimpíadas de Los Angeles em 1984 - Créditos / Getty Images

Chefiado por um competente empresário do ramo de Turismo, Peter Ueberhoff, o Comitê Organizador dos Jogos basicamente deu uma maquiada no Coliseu – também utilizado em 1932 e mantendo-se, durante este tempo, muito bem conservado -, obtendo da rede de lojas 7-Eleven a construção do velódromo e da rede de restaurantes McDonald’s o patrocínio para o parque aquático.

Além disto, várias empresas cobriram as despesas de passagens, veículos e filmagem, entre outras.

Com a Líbia boicotando os Jogos na última hora, no dia 28 de julho, foram abertos com uma grande festa – bem ao “gosto” norte-americano –, os Jogos das XXIII Olimpíadas da Era Moderna, da qual participaram 6.829 atletas representado 140 países, sessenta a mais do que em Moscou.

A tocha entrou no estádio carregada pela neta do lendário Jesse Owens, a pira foi acesa por Rafer Johnson - vencedor do Decatlo em Roma -, e o juramento foi feito por Edwin Moses.

No dia 12 de agosto, outro show ao estilo Hollywoodiano marcou o encerramento dos Jogos. Sinal dos tempos, 11 atletas foram pegos no exame antidoping.

A medalha de 1984

Medalha olímpica 1984 - Créditos / Getty Images
Medalha olímpica 1984 - Crédtios / Getty Images

Medalha idêntica à medalha de 1928, exceto pela inscrição: "XXIII OLYMPIAD LOS ANGELES 1984" (´XXIII Olimpíadas LOS ANGELES 1984´).

Maiores medalhistas

AtletaPaísEsporteTotalOuroPrataBronze
Carl LewisEstados UnidosAtletismo4400
Ecaterina SzabóRomêniaGinástica5410

Destaques

Carl Lewis o filho do vento

Carl Lewis em 1984 - Créditos / Getty Images

Frederick Carlton “Carl” Lewis, nascido no Alabama em julho de 1961, apelidado de “Filho do Vento”.

No entanto, é interessante retroceder na história, até julho de 1936, quando outro negro do mesmo Estado do Alabama comoveu o mundo ganhando quatro medalhas de ouro, Jesse Owens, com Lewis ganhando exatamente as mesmas quatro provas.

Ele chegou a Los Angeles com a quarta marca para os 100 metros, atrás de Jim Hines, de 1968 e dos contemporâneos Calvin Smith e Lattany.

Nos 200 ele estava atrás de Mennea. Entretanto, na hora da verdade, a prova mais fácil para Carl foi a dos 100 livres onde marcou 9.9 segundos, com Sam Graddy em segundo e Ben Johnson em terceiro.

Nos 200 livres, com 19.8 segundos, ele bateu os compatriotas Kirk Baptiste por apenas 16 centésimos de segundo e Thomas Jefferson por 46 centésimos.

No Revezamento 4 x 100m, ao lado de Sam Graddy, Ron Brown e Calvin Smith, a equipe americana quebrou o recorde mundial com 37.83 segundos, deixando a Jamaica em segundo e o Canadá em terceiro.

Na primeira tentativa das eliminatórias do salto em distância, Carl marcou 8,30 metros e foi embora. Na final, obteve 8,54 metros no primeiro salto e queimou o segundo. Observando as marcas dos demais participantes – o australiano Gary Honey, segundo colocado, marcou 8,24 metros -, desistiu dos saltos restantes e ficou apenas aguardando a cerimônia de premiação da sua quarta medalha de ouro.

As 4 vitórias do americano F. Carlton “Carl” Lewis em Los Angeles - 1984

Prova                                               Tempo                          Distância                          Recorde

100 metros                                    9.99

200 metros                                  19.80                                                                            Olímpico

Revezamento 4 x 100m        37.83                                                                 Mundial / Olímpico

Salto em Distância                                                              8,54 m

Mary Lou Retton e Ecaterina Szabó, as novas ginastas

Ecaterina Szabó em 1984 - Créditos / Wikimedia Commons

O destaque da ginástica foi a americana Mary Lou Retton, de 16 anos - símbolo da nova geração de ginastas femininas, mais atléticas e com maior massa muscular - e que nunca havia participado de uma competição internacional antes das Olimpíadas.

Seis semanas antes do início da competição ela sofreu uma grave lesão no joelho, mas graças a uma artroscopia sua participação tornou-se possível.

Em Los Angeles, a batalha para a medalha de ouro do Concurso Completo Individual foi entre Mary Lou e a campeã romena Ecaterina Szabó. Faltando duas rodadas, Ecaterina liderava com 0,15 ponto de vantagem, porém Mary Lou, obtendo a nota 10 no solo e no salto sobre o cavalo, entrou para o “panteão” de heróis olímpicos dos Estados Unidos.

Interessante é que, como muitas garotas em todo mundo, Mary Lou assistiu Nadia obter a nota 10 em 1976 com o placar exibindo 1.0, por não estar preparado para a perfeição da romena.

Mary Lou, então com 8 anos na primeira exibição de Ginástica da sua vida, recebeu de fato 1.0 nas barras assimétricas, mas, trabalhando sério e forte por 8 anos, transformou a nota 1.0 em um genuíno 10.0.

No momento em que Ecaterina Szabó iniciava sua apresentação final da prova de Solo, o ginásio ficou às escuras por falta de energia elétrica, o que durou 8 minutos.

Quando a força voltou o placar exibia a nota 10.0 da sua rival Julianne McNamara, dos Estados Unidos, significando que, para vencer, Ecaterina necessitava também da nota máxima. A despeito do atraso ou da pressão, ela ganhou 10, o que lhe proporcionou sua quarta medalha de ouro.

Doping por atacado I, a equipe americana de ciclismo

Nas 4 vitórias dos americanos no ciclismo, 8 ciclistas (entre eles 2 medalhistas: Hegg e Nitz) da equipe americana por influência do seu treinador Eddie Borysewicz, utilizaram o doping da “transfusão sanguínea”, usada pela primeira vez pelo finlandês Lasse Viren, que consiste em extrair e congelar o sangue do atleta, para reinjetá-lo antes das competições importantes, elevando automaticamente a taxa de hemoglobina, em decorrência sua resistência, pois neste intervalo o organismo repôs o sangue retirado.

Por problemas de falta de cuidado no manuseio do sangue, os ciclistas Whitehead e Van Haute submeteram a este processo e passaram mal. Como a legislação esportiva da época era omissa, as medalhas foram mantidas, com este método sendo banido em 1985.

Infelizmente os casos de doping da equipe americana não se encerram por aí, pois o vencedor da prova de Estrada, Alexi Grewall ao realizar o antidoping 10 dias antes dos Jogos, acusou o uso de fenilamina, não sendo suspenso ao afirmar que a substância era oriunda de um chá para asma.

Connie Carpenter-Phinney, patinação e ciclismo

Connie Carpenter-Phinney em 1984 - Créditos / Getty Images

A primeira competição feminina de Ciclismo foi disputada em um Olimpíadas, teve um final muito emocionante, com a vitória da americana Connie Carpenter-Phinney, antiga atleta da patinação de velocidade, vencendo sua compatriota (campeã mundial de Perseguição Individual) Rebecca Twigg, por apenas meia roda em um “sprint” sensacional, na prova de Estrada.

A Angústia da suíça Gabriela Anderson

A cena mais comovente dos Jogos foi protagonizada na chegada da suíça Gabriela Anderson na Maratona.

Levando cinco angustiantes e intermináveis minutos para cobrir os últimos 200 metros e cercada por médicos e enfermeiros, ela repetiu o drama de Dorando Petri, de 1908, só que, nesta oportunidade, documentada pelas câmeras de televisão do mundo todo.

A dúvida maior, após sua chegada, foi se ela deveria ter sido obrigada a abandonar a prova para preservar sua integridade física. Felizmente, meia hora depois de cruzar a linha ela já estava bem.

A primeira vencedora da Maratona feminina da história foi a americana Joan Benoit que, 17 dias antes dos Jogos, realizara uma artroscopia no joelho direito.

Mary Decker a queda e o choro

Mary Decker em 1984 - Créditos / Getty Images

A grande decepção dos americanos ocorreu nos 3.000 metros do feminino.

Mary Decker, grande favorita, tropeçou nos pés descalços da sul-africana Zola Budd ficando fora da prova. O público passou a vaiar Zola que se descontrolou abrindo caminho para a vitória da romena Maricica Puica.

Foram tantos os protestos que até se chegou a sugerir nova realização da prova. Entretanto os árbitros demonstraram através do tape que o erro fora de Decker.

O Candango de Ouro, Joaquim Cruz

Joaquim Cruz em 1984 - Créditos / Getty Images

Sebastian Coe que ganhou o bicampeonato nos 1.500 metros com o compatriota Steve Cram em segundo, era o favorito nos 800 metros, mas foi derrotado pelo brasileiro Joaquim Cruz - garoto de infância pobre de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, cujo pai trabalhava 14 horas por dia para sustentá-lo e mais 5 irmãos.

Poucos meses depois da morte de seu pai, em 1981, Joaquim, com 18 anos, bateu o recorde mundial júnior com 1:44.3. Seu técnico, Luiz de Oliveira, decidiu então levá-lo para treinar na cidade de Eugene, no Oregon (EUA). 

Evander Holyfield o campeão moral

Evander Holyfield anos depois, em 1990 - Créditos / Getty Images 

Mesmo com os julgamentos pró-americanos durante o torneio de boxe, a decisão mais controvertida foi contra um americano, Evander Holyfield na categoria meio-pesado.

Ele foi desclassificado, pelo árbitro iugoslavo Gligorije Nivicic, por ter golpeado e nocauteado Kevin Barry da Nova Zelândia, após a ordem para interromper a luta. Quando a decisão foi anunciada, Kevin levantou o braço de Holyfield, dizendo que ele havia ganho a luta “limpamente”. 

Como a Federação Internacional de Boxe considerou que Kevin foi nocauteado e de acordo com o regulamento, ele ficou impedido de lutar por 28 dias e o iugoslavo Anton Josipovic levou o ouro sem lutar.

Na premiação, Anton colocou Holyfield junto com ele no pódio de 1º lugar. 

Público recorde do futebol, França x Brasil

Enquanto o torneio olímpico perdia com o boicote socialista, a FIFA permitiu pela primeira vez, participação de profissionais, desde que não tivessem jogado em Copa do Mundo, fato que contrabalançou o nível técnico dos jogos.

Para a infelicidade brasileira, perdemos a final para a França por 2 a 0, com gols de Brisson e Xuereb no evento olímpico de maior público de todos os tempos, 101.799 pessoas presentes no estádio.

A geração de prata

Pela primeira vez os Estados Unidos montaram uma grande equipe - apesar de o Voleibol ter sido inventado neste país - que chegou no torneio olímpico com a série de vinte e quatro vitórias, quatro delas sobre a União Soviética, campeã mundial em território soviético.

A invencibilidade acabou justamente na quarta partida da fase preliminar contra o Brasil, da posteriormente denominada “geração de prata” de William, Bernard, Xandó, Montanaro, Fernandão, Renan, Bernadinho, Amaury, entre outros, que apresentou o placar de 3 a 0.

Infelizmente os Estados Unidos de Dvorak, Timmons, Buck, Pat Powers e Karch Kiraly era, de fato, um grande time e, na final, o placar foi devolvido. Com certeza foi esta medalha e, principalmente, estes jogadores maravilhosos que popularizaram o voleibol no Brasil, abrindo as portas para sua massificação e influenciando a “geração de ouro” de Barcelona.